Pois é, são quinze da super Liga mais dezoito da Liga de Honra. Este grupo precisa de se organizar para defender os seus interesses específicos deixando de ser manipulado e instrumentalizado pelos três Grandes. A Liga de Clubes tal como está não funciona. O Grupo dos 33, deverá fazer-se representar através de um mandatário comum e só assim está em condições de negociar em pé de igualdade com os três Grandes. Não se trata de reivindicar quaisquer regalias injustas mas tão só e de uma vez por todas curar o Futebol Português da sua longa enfermidade colocando-o ao nível de um País civilizado. Não é fácil, põe em causa muitos interesses, muitas subserviências e cumplicidades, muita mentalidade retrógrada e conformista, mas tem de ser.
A lista de necessidades está na cabeça de todos os verdadeiros adeptos e podemos relacionar algumas:
Código de admissibilidade nas competições organizadas pela Liga de Clubes:
a) Contas auditadas por uma mesma Entidade. Limitação de passivos, estabelecendo um tecto de referência de forma a introduzir um mínimo de justiça competitiva;
Estamos a falar de espectáculos onde a vertente desportiva é fundamental e nestas condições não é aceitável pôr frente a frente duas equipas em que uma delas tem um passivo de milhões e a outra de tostões. A engenharia financeira não pode continuar a “explicar” tudo.
b) Impostos e Contribuições em dia com Certificação da responsabilidade de uma Entidade Oficial. Não podemos voltar à vergonha das Certidões falsas ou capciosas nem às Comissões de Acompanhamento que não descobrem, não verificam nem denunciam fraudes e evasões quando estão em causa os Clubes do seu coração (e são sempre os mesmos!).
c) Salários e Seguros em dia com Verificação Responsável e Obrigatória pelo Sindicato dos Jogadores e pela Liga de Clubes;
d) Redistribuição mais equitativa das receitas das transmissões televisivas dos jogos da Super Liga que também devem contemplar os Clubes da Liga de Honra. A Liga deve negociar o “bolo” com o Operador Televisivo repartindo-o por ordem classificativa, mas em proporção mais equilibrada, por todos os Clubes inscritos na Liga. O princípio que deve vigorar nesta matéria é o seguinte: “todos os Clubes têm a mesma importância e todos são indispensáveis para o êxito das provas organizadas pela Liga de Clubes”. Quero dizer, em síntese, o que é óbvio: “só há vencedores porque há vencidos”.Sobre as receitas das competições Europeias de Clubes também deve recair uma taxa a favor da Liga porque o princípio acima enunciado volta a fazer sentido; O objectivo final deste conjunto de medidas redistributivas seria, para além de um acto de justiça, uma forma de diminuir o fosso actualmente existente entre a Super Liga e a Liga de Honra deixando de ser um drama financeiro a descida de Divisão;
e) Verificação de Incompatibilidades e Dependências; Referimo-nos como é bem de ver à transparência sobre os reais detentores do capital das SAD e às promiscuidades várias em que o nosso futebol é fértil.
Escândalos como o recente Estoril-Benfica jogado no Algarve não podem voltar a acontecer.
f) Arbitragem fora da Liga e em Organismo Autónomo gerido pelos próprios árbitros que reportariam em termos de responsabilidade a uma Secção da A.R. Os jogos da Super Liga seriam todos televisionados e observados para efeitos de classificação dos árbitros por uma Comissão onde teriam lugar obrigatório representante: dos árbitros, dos Clubes (na nossa óptica teriam que ser dois em que um deles seria o mandatário do Grupo dos 33), dos treinadores, dos jogadores, dos médicos e massagistas;
g) Campo de jogo de acordo com as normas UEFA;
h) Salvaguarda do princípio do contraditório nas intervenções mediáticas onde estejam em causa os interesses competitivos do Grupo dos 33. Refiro-me nomeadamente aos Órgãos da Comunicação Social Pública onde normalmente só se tratam os problemas do Futebol Português na perspectiva dos interesses dos 3 Grandes. Em Portugal um espectador desprevenido que assista a um desses programas da rádio ou da televisão sobre futebol fica invariavelmente com a sensação de que jogam sozinhos! Daí a sugestão proposta.
i) Proibição de inscrição de jogadores emprestados por Clubes concorrentes no mesmo Campeonato;
Existem decerto outras medidas necessárias mas estas, a serem efectivadas, já têm pano para mangas.
È também muito claro que só com a intervenção do Governo se poderão implementar aquelas disposições embora também se saiba que os nossos Governantes não se querem comprometer com nada que lhes retire popularidade e votos. Habitualmente refugiam-se na desculpa de que não devem interferir no “livre movimento associativo”. Todos sabemos que não é livre porque está ao serviço dos mesmos e não é movimento porque não revela qualquer intenção de se reformular apostando antes no completo imobilismo.
Por outro lado volto a lembrar que as dificuldades aumentam sabendo que estes 33 Clubes têm poucos adeptos “legítimos”, quero dizer, que sejam só adeptos do Clube da terra, o que reduz o ânimo de mudança da actual situação. Mas temos que continuar a lutar por um futebol credível e rentável. Todos sabem que no nosso futebol há batota e todos sabem também que está falido.
O Belenenses só tem a ganhar com a reforma do nosso futebol.
JSM
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