segunda-feira, dezembro 31, 2007

Votos para 2008

Assim de repente, aquilo que me apetece pedir ou desejar, seria uma segunda volta do campeonato que nos catapultasse para os primeiros lugares da tabela! Claro que a seguir desejo a todos um Bom Ano cheio de saúde e prosperidade. Os restantes votos já os tenho vindo a enunciar ao longo de quase três anos de vigência deste blog e por isso será melhor não insistir, pois pode trazer azar e isso ninguém quer concerteza. Já basta o que basta.
Mas sempre posso enumerar algumas coisas que desejo que não voltem a acontecer, uma forma ardilosa de ultrapassar o último parágrafo, por exemplo:
Que não se repitam os discursos pouco ambiciosos e sem rumo, pois assim não iremos a lado nenhum. Que não seja a inércia o nosso timbre, pois assim não sairemos ‘da mesma apagada e vil tristeza’. Que ninguém pense que nos podemos alhear da realidade que nos cerca, pois assim nunca saberemos quem nos limita e condiciona. São três afinal as negações e se as contrariarmos no Ano Novo que se avizinha… pode ser que seja enfim, para nós, um Ano Bom.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Boas Festas

Natal

Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.

Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.

Miguel Torga

sábado, dezembro 22, 2007

Regresso à normalidade

O normal são estes jogos desinteressantes, um jogo a fingir, tudo parado, sem ambições, empatar já é muito bom, ganhámos ao Benfica o que é que vocês querem mais?! Não se esqueçam de duas coisas: - estávamos a jogar contra uma grande equipa e o Belenenses tem o supremo objectivo de se classificar entre os dez primeiros!
Tu é que ainda te irritas, ainda pensas num Belenenses que já não existe! Capacita-te de uma vez por todas que o passado não volta, entretém-te com as modalidades, agora até podes jogar golfe, buracos não faltam!
Como já me passou aquele mal-estar, incompreensível diga-se, vou fazer este exercício de escrita para libertar fantasmas, para desabafar.
E pergunto – porque não jogou a mesma equipa que venceu o Benfica?
Terá sido para moralizar o Devic? Ou foi prémio pelo mau comportamento disciplinar de Hugo Alcântara, e que lhe valeu uma justa expulsão?! E o Amorim! Porque não jogou a defesa direito, posição onde brilhou contra o Benfica! E deu vida e movimento a todo aquele meio campo azul que hoje… parecia um lar da terceira idade! Incapaz de descobrir um corredor para avançar, um companheiro expedito a quem passar! Terá sido porque o próprio se afirmou durante a semana como médio ofensivo? E por essa razão alinhou a trinco!!! Libertando-se apenas no fim do jogo e com resultados visíveis, pois foi nessa altura que conseguimos flanquear a defensiva minhota. E criar as únicas jogadas de perigo real durante noventa minutos!
O treinador é que sabe, mas convenhamos que não era o Cândido Costa, vindo de uma lesão, sem velocidade e fora de forma, que iria fazer o corredor direito como se impunha.
Vamos por partes, o Silas fartou-se de falhar passes, o Zé Pedro idem, o Hugo Leal não conseguia progredir, porque não havia ninguém que vindo de trás criasse desequilíbrios nas faixas laterais, abrindo assim espaços de penetração. O Areias ainda ensaiou umas subidas pelo lado esquerdo, mas isso era curto, até porque o Vitória pressionava por aquele lado, destapando perigosamente a defesa azul, pois ninguém compensava!
Resumindo: não basta anular os pontos fortes do adversário, precisamos de atacar os seus pontos fracos para garantirmos algumas hipóteses de ganhar um jogo.
Termino com um aviso importante que aqui venho repetindo: assim como na sociedade portuguesa não existe classe média, também no campeonato português não existem clubes médios, por isso, quem projecta classificar-se no meio da tabela acaba a lutar para não descer. E o Belenenses não consegue marcar golos, o que pode agravar a situação. Portanto, cuidado.
Resultado: Vitória de Guimarães 1 - Belenenses 0
Saudações azuis.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Presentes de Natal

O presente maior já o recebemos sábado passado, mas faltam ainda umas lembranças para compor o sapatinho, a saber:

- Renovação com o Ruben Amorim e Rolando. Segurar o Mano e mais dois ou três que por lá andam e são oriundos da cantera.
Mas atenção: o Belenenses não é barriga de aluguer, as renovações têm que garantir que em futuras vendas o dinheiro reverte para o Clube (senão na totalidade pelo menos na parte de leão) e não para os bolsos de eventuais investidores que entretanto tenham viabilizado as ditas renovações. Porque a ser assim, se o Clube se está a transformar numa ‘loja’ com produtos à consignação, uma vitrina para os empresários exporem os seus os jogadores, então o melhor é acabar já com o Belenenses pois desta maneira não passamos da cepa torta.
Espero bem que não seja este o cenário que se vive no Clube.

- Contratação de um avançado centro, daqueles que costumam marcar uma dúzia de golos por época. Não me importo que seja o Adriano, já conhece o nosso futebol, emprestado ou não pouco me interessa, desde que pela nossa parte o negócio não tenha sido feito de cócoras. Compreendo alguns dos argumentos contra empréstimos de jogadores provenientes dos clubes do estado, mas os sócios deveriam estar mais atentos e preocupados com o que escrevi acima – saber se estamos ou não transformados numa barriga de aluguer! Isso é que pode ser preocupante.

- Um bom jogo em Guimarães, a lutar pela vitória, aproveitando a velocidade de Weldon. Que terá de ser bem lançado por alguém que tenha capacidade de passe à distância e não perca muito tempo, nem a pensar, nem a executar.

É pedir muito?!

Saudações azuis.

domingo, dezembro 16, 2007

O jogo do título

O jogo que pode salvar uma época, o ajuste de contas com a história, a tiritar de frio, o coração a bater descompassado, tudo se esquece, até o inglório e prematuro adeus à Taça de Portugal. Hoje, Jorge Jesus é o melhor treinador do mundo e este fim-de-semana os azuis verdadeiros podem finalmente sorrir.
Ganhámos ao Benfica com um golo de antologia! Ai, Weldon, Weldon, andaste meia época a experimentar as traves… mas sempre tinhas um presente de Natal para todos nós! E que presente!
Do jogo propriamente dito façamos justiça à excelente exibição, uma primeira parte impecável em termos tácticos, movimentação perfeita que não deixou o Benfica respirar… quanto mais jogar! Aplaudo desde logo a escolha do onze inicial, com as entradas de Devic, muito seguro e sem acusar qualquer nervosismo, e também de Alvim, que ocupou a lateral esquerda e que fez também um grande jogo, até se lesionar já na segunda parte. Porém, a chave do desafio foi Ruben Amorim que alinhou a defesa direito e realizou uma exibição portentosa! Secou o perigoso Rodriguez, dobrou com inteligência os seus companheiros da defesa, e sempre que subiu no terreno levou o pânico à defensiva encarnada! Subitamente, no início da segunda parte e depois de mais uma arrancada espectacular pelo centro do terreno, que levou atrás de si meia dúzia de adversários… cedeu o seu lugar a Amaral, ao que julgo saber por se ter ressentido de alguma lesão! Fiquei confuso e barafustei com quem me quis ouvir na bancada.
Com Amaral no lugar de Amorim e Areias no lugar de Alvim, abordámos a segunda parte mais recuados no terreno e ao princípio confesso que receei as mudanças. Mas o tom do jogo manteve-se, o Belenenses sempre mais perigoso, e a merecer inteiramente a vantagem alcançada por Weldon! O Benfica reagiu como lhe competia e foi a vez de arregaçarmos as mangas, de defender de forma compacta, com um senão – Amaral tem que ser mais eficaz nas suas acções, não pode deixar cruzar tantas bolas à linha! Numa delas Cardoso quase que empatava a partida. Valeu Marco que sacudiu a bola, com Rolando (outra exibição memorável) a completar o alívio. Que alívio, digo eu. E não havia necessidade, pouco antes Roncatto tinha perdido infantilmente uma oportunidade soberana para sentenciar a partida. Aliás, em termos de oportunidades pode dizer-se que batemos largamente o Benfica!
Algumas notas individuais para além dos destaques já evidenciados: Hugo Leal realizou hoje uma exibição em crescendo, e foi útil naquele meio campo onde também brilharam Zé Pedro e Silas, com este a cotar-se como um dos melhores em campo!
Gabriel Gomez tem bom jogo posicional, passa bem, mas continua a insistir em toques e arrebiques que não funcionam no futebol europeu. Um defeito a corrigir. Nos últimos minutos cortou muitos lances de cabeça.
Marco com pouco trabalho, esteve seguro, e quando foi chamado a intervir, fê-lo com a propósito. Um bocadinho enervantes as suas reposições de bola em jogo. Finalmente Roncatto, esforçado, mas ainda muito verde. Areias cumpriu.
Mas estão todos de parabéns, lutaram e formaram uma verdadeira equipa. A fazer lembrar velhos tempos!
Belenenses 1 – Benfica 0.

Saudações azuis.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

A estrutura do Clube

Sábado fui até ao Restelo e fiz aquilo que os habituais frequentadores costumam fazer: havia jogo de basquetebol e fui dar uma espreitadela:
Estávamos no quarto período, tínhamos uma vantagem de vinte pontos, mas o Vagos passou para uma defesa pressing em todo o campo e começou a recuperar a desvantagem. O nosso banco demorou a reagir, não soubemos jogar com o tempo, precipitando os lançamentos, deixámos de marcar. O nervosismo acentuou-se, Diogo Carreira não conseguia organizar o ataque, não tínhamos ninguém para disputar as tabelas defensivas, e o imprevisto aconteceu – no último segundo um lançamento de três pontos, acabou por dar a vitória ao Vagos.

Saí dali visivelmente desconsolado mas a notícia da vitória do rugby sobre a Académica, jogo disputado pouco antes no campo nº 2, pôs a funcionar o meu sistema de compensações! Logo traído pela velha questão da falta de campos para a prática e desenvolvimento de todas as modalidades com as quais nos comprometemos. Neste capítulo o rugby é um claro exemplo de concorrência com o futebol de formação… que não temos! Ou se temos não apresenta resultados há muitos anos! Para informação comparativa, o Benfica disputou o seu jogo de rugby na condição de visitado, na… Sobreda.

E passo para a questão das questões: o futebol.
Se não temos formação nas mesmas condições dos nossos rivais, acabamos por tê-la impropriamente no futebol de alta competição! E o jogo com o Paços de Ferreira para a Taça de Portugal foi nesse aspecto revelador! Os brasileiros do Paços não serão grandes craques mas são jogadores feitos, adultos, que dominam as categorias básicas do passe, da recepção de bola, do jogo colectivo, enquanto que no lado do Belenenses, salvo no caso do Weldon, os brasileiros que fomos buscar, terão por certo grande margem de progressão, alguns poderão vir a tornar-se verdadeiros craques, mas neste momento fazem ainda muitas asneiras, são aquilo a que podemos chamar – muito tenrinhos. E isso paga-se, em golos que não marcamos e em resultados negativos.
Por isso não vale a pena remoer muito sobre o desempenho deste ou daquele jogador, que hoje nos desilude e amanhã nos surpreende, o que vale a pena é pensarmos nas necessárias e urgentes alterações que temos que fazer na estrutura do Clube que como venho repetindo, tal com está, não nos leva a lugar nenhum. Melhor dito, leva, mas não para o lugar que está na nossa certidão de nascimento.
Saudações azuis.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Assembleias

Um razoável sociólogo talvez fosse capaz de interpretar o que se tem passado nas últimas assembleias comparando com o resultado das últimas eleições! Não seria tarefa fácil, era por certo um desafio à imaginação, porque é difícil descortinar alguma coerência entre os maioritários apoiantes desta Direcção e os sucessivos chumbos que as respectivas propostas recebem sempre que as apresenta aos associados! Quem há sete meses era bestial não pode agora ser uma besta!
Já se sabe que estas assembleias orçamentais a meio do mandato servem sobretudo para a oposição recolher alguns trunfos, pelo desgaste, pelas promessas não cumpridas, mas a contundência dos números não engana, a Direcção está cada vez mais isolada. Portanto a pergunta é a seguinte: o que fará desta vez Cabral Ferreira?
Neste terreno da adivinhação, dispenso sociólogos e vou pelos meus dedos:

1. Conhecendo a mentalidade dos sócios, um bom resultado no sábado contra o Paços, ou o jackpot de uma vitória sobre o Benfica, era um sossego! Portanto… nada de decisões precipitadas!
2. Depois, que venha o totobola de Janeiro onde se perspectivam bons negócios para Amorim e Rolando. O Sporting já pensa num médio para o lugar do insatisfeito Veloso. O Porto precisa urgentemente de um central.
3. Com o dinheirinho arrecadado (ou prometido) hão-de calar-se as vozes recalcitrantes, as ‘quintinhas’ do Restelo serão recompensadas, elas gritam muito pelo Belém mas no fundo… querem que tudo fique na mesma. Aliás, é a única maneira de sobreviverem!
4. Mas como o dinheiro que entrar já está quase todo hipotecado, seja à ‘renda’ mensal incomportável, seja aos hipotéticos co-proprietários dos passes dos jogadores, iremos outra vez aos saldos para tentar colmatar as saídas e realizar o necessário ajuste no plantel.
5. Com alguma sorte e algum saber do treinador talvez seja possível fazer uma segunda volta tranquila, entretendo os sócios com uma nova viagem ao Jamor!
6. Para o ano que vem recomeça tudo outra vez…

Nada disto é útil ao Belenenses, não é assim que se resolvem os problemas do clube, e por isso acredito que tem que ser outro o caminho e outra a decisão de Cabral Ferreira quando sentir que o seu projecto está esgotado.
O Belenenses precisa de um verdadeiro projecto, sem interrupções nem recuos, em suma, precisa de um projecto belenense.

sábado, dezembro 01, 2007

Well, well, Weldon!

Por razões profissionais só vi a primeira parte, mas segundo informação telefónica, que reputo de fidedigna, a segunda metade obedeceu ao mesmo diapasão da primeira, por isso aqui vai a meia crónica com pretensões a crónica inteira:

Jorge Jesus percebeu que sem laterais em condições o esquema que tem montado não funciona e vai daí entraram logo dois, um para cada lado. Nos minutos iniciais pagámos naturalmente a factura da pouca rodagem de Areias (um cartão amarelo) e a estranha apatia de Ruben Amorim (insegurança no passe e auto-golo), mas a partir daí a equipa desbobinou futebol apoiado, Areias começou a integrar-se no ataque, Ruben foi-se recompondo, Zé Pedro carrilava jogo, Hugo Leal segurava bem a bola (excepto quando se põe com arrebiques) e Gavilan crescia no terreno através de uma exibição conseguida! Faltava Silas que não atinava com os passes! E Roncatto que não atinava com nada! A defesa, Marco incluído, estava segura e Rolando mostrava porque é um jogador cobiçado!
Esqueci-me de alguém?
Não me esqueci obviamente de Weldon, a par com Rolando o melhor do Belenenses, e ontem a revelar as qualidades que lhe temos apontado – arranque impressionante, desmarcações oportunas, um bom golo de cabeça e ainda… algumas perdidas com os pés (direito e esquerdo) que a serem aproveitadas nos dariam um triunfo folgado. Mas Silas também falhou um golo certo na primeira parte! E Roncatto terá falhado na segunda parte uma boa ocasião para concretizar. Por isso nada de alarmismos exagerados, Weldon deu vida ao ataque azul! Como experiência educativa obriguem-no a trabalhar a finalização – ponham o homem a correr isolado para a baliza só com o guarda-redes pela frente, vinte, trinta vezes, todos os dias, incluindo os feriados. Veremos quantos golos consegue marcar.
Como acima referi, no que toca á segunda parte baseio-me em informação habilitada para dizer que as alterações efectuadas por Jesus, entrada de Cândido Costa e saída de Hugo Leal, passando Ruben Amorim para o seu lugar habitual, não terão rendido aquilo que se esperava, a equipa ter-se-á desunido um pouco, continuando no entanto a mandar no jogo, com mais posse de bola e mais ocasiões de golo. Apenas nos derradeiros minutos e reduzidos a dez, devido à justa expulsão de Hugo Alcântara (por atitude reprovável, repetitiva e a merecer punição interna), só nessa altura, dizíamos, sofremos algum assédio do Vitória de Setúbal. E já mesmo no fim, uma saída em falso de Marco podia ter dado a vitória aos sadinos não fora a oportuna intervenção de Areias!
Enfim, na guerra dos pontos, mais um ponto.
Resultado final: Vitória de Setúbal 1 – Belenenses 1.
Saudações azuis.