terça-feira, setembro 29, 2020

Heróis e vilões num resultado frustrante...

O futebol é isto, os nossos erros são a sorte ou o mérito dos adversários. No jogo de ontem realizado no Jamor, (num relvado que me pareceu bem tratado) cumpriu-se na íntegra aquela máxima. E com a particularidade de envolver jogadores que já haviam estado em evidência - Cassierra que marcou o golo que nos deu vantagem e Taira que deu início à jogada. Ora bem, no canto que originou o empate o colombiano atrasou-se a sair validando assim o empate. Taira por sua vez fez um atraso negligente que acabou por provocar o segundo golo do Famalicão. O outro vilão desta história é Cafu Phete, herói em Guimarães e que fica muito comprometido neste lance pois permitiu que o adversário se isolasse e desse a volta ao marcador. Tudo aconteceu no início da segunda parte, em escassos minutos, manchando uma exibição que globalmente merecia outro resultado.

Mas se a derrota é a mãe da vitória há que tirar ilacções deste desaire. E muito rápidamente. Petit queixou-se da falta de um ponta de lança que desse luta no jogo aéreo nomeadamente quando nos vimos a perder e tivemos que ir atrás do prejuízo. E tem razão. Mas a abordagem de Cafu Phete no lance que isolou o avançado famalicense não é própria de um central. Ali a bola teria que ser despachada de qualquer maneira e houve oportunidade para isso. Cafu tem qualidades mas não é o central direito de confiança que precisamos para jogarmos no esquema de três centrais. E assim de repente concluímos que faltam pelo menos dois jogadores para dar outra consistência à equipa - um central e um ponta de lança. Ainda por cima quando sabemos que Henrique ainda está a adaptar-se. Quanto a Tomás Ribeiro só tenho uma palavra a dizer- grande jogador! Até parece que não esteve parado!

Melhor em campo do lado do Belenenses: - Miguel Cardoso

Saudações azuis


domingo, setembro 27, 2020

Regresso

 Férias saborosas sem televisão, sem jornais, onde a realidade só apareceu uma vez via telemóvel, um ecrã pequeno para uma grande exibição em Guimarães! Exibição personalizada frente a uma equipa com ambições. Espero um dia não repetir esta frase que dá a ideia que as nossas ambições ainda não estão à altura dos tempos que guardamos na memória. Entretanto tornou-se impossível não ouvir os ecos da podridão em que estamos mergulhados, em todas as áreas, e com o futebol a funcionar como testa de ferro da banditagem que manda neste pobre país. Quo vadis Portugal, é caso para perguntar. 


Também não me escapou a campanha orquestrada e permanente contra a nossa equipa de futebol usando como pretexto tudo e mais alguma coisa. Há muito que vaticinei que o Clube de Futebol 'Os Belenenses' iria cair nas mãos de uma minoria, sócios do Restelo que sem o Restelo já não seriam belenenses! Pessoal das modalidades, as célebres 'quintinhas', para quem o futebol nunca foi o mais importante. E que hoje dominam as assembleias com  meia dúzia de votos tal é o deserto associativo em que nos transformámos. Enfim, não sei qual será o futuro, mas sei que com gente que prefere que o Belenenses perca para se manter no poder, não iremos a lado nenhum. E a historieta do nome já enjoa. Se lutassem por isso, do lado de fora do Restelo, e sem nenhum interesse pessoal, ainda podiam ser levados a sério. Agora assim...

Saudações azuis

sábado, setembro 12, 2020

O nacional benfiquismo sem máscara....

 

E sem vergonha! Batemos no fundo (como país e como sociedade) quando um primeiro ministro em exercício integra a comissão de honra de um candidato às eleições de um clube de futebol! Candidato que é arguido ou suspeito de uma série de crimes graves e no preciso momento em que Rui Pinto, denunciante (e testemunha) de alguns desses crimes, está sentado no banco dos réus!


Da referida comissão fazem parte outros políticos em exercício, desde deputados a presidentes de Câmara, que pelos vistos também não vêem qualquer inconveniente (ou conflito de interesses) entre o desempenho do cargo e o apoio explícito à dita candidatura! Uma república surreal, uma união soviética em ponto pequeno, com a única diferença em que não há necessidade de repressão, tal é a bonomia e a estupidez deste povo!


Saudações azuis


sexta-feira, setembro 11, 2020

Belém sul...

 

Já lá vai o tempo em que se falava Belenenses em Belém! Hoje por toda a cidade e nos arredores a língua oficial é o Benfica havendo também um dialecto autorizado chamado Sporting. O país foi capturado por três idiomas, três palavras asfixiantes, e parece que não existe mais nada! O próprio Braga, apesar do seu protagonismo, é como se não existisse! Para fugir a isto só mesmo fugindo. E ir conquistando algum espaço em espaços mais remotos, zonas livres ou libertadas, onde nos seja permitido retomar a viagem e ouvir de novo a nossa voz!


O primeiro passo é construir uma grande equipa, jogue ela onde jogar. Nesse sentido parece que há boas notícias! O problema central terá sido resolvido com um jogador credenciado e a aquisição de Afonso Sousa faz sentido. É um jovem promissor e tem raízes azuis. Jus solis e jus sanguinis. Aveiro é terra de peixe e onde há pescadores há belenenses. E o pai do rapaz jogou com a Cruz ao peito.

Mas há mais gente na calha. Um deles será o tal extremo avançado que nos fez a vida negra num dos últimos jogos realizados na cidade do futebol?! A ver vamos. Mas o caminho é este: - uma mescla de jovens com potencial* com alguns jogadores mais experientes. Só assim chegaremos à Índia.


Saudações azuis


*De registar que alguns dos jovens que actuaram contra o Sporting já são produtos da casa. Braíma, César Sousa,... e mais.


segunda-feira, setembro 07, 2020

O recomeço ao virar da esquina

 

Faltam duas semanas para recomeçar o campeonato e há ainda muitas dúvidas. Algumas fazem-nos sorrir, outras nem tanto. Os media fazem o que lhes compete, para isso são pagos. Falam do Benfica e nos intervalos voltam a falar do Benfica. Do Rui Pinto, o pirata, vão falando. Do Rui Pinto, o denunciante, calam-se que nem ratos. Jesus extasia-se com as instalações do Benfica. Instalações de top segundo afirma. Devem ser. Quanto é que terão custado? Há quem diga que custaram a falência de bancos e contribuintes. Da mesma suspeita não escapam Sporting e Porto, cada qual com o seu discurso, os leões com mais calotes que juba, os tripeiros a pagarem com juros a senilidade do seu líder. É tudo má língua.


Do Belenenses não há notícias. Ao que tudo indica estamos à espera dos saldos de Verão. Se me enganar fico contente. Repitam comigo: - precisamos de um central (o Artur Jorge foi para Chipre) de um médio criativo e de um avançado goleador. E se calhar de mais um extremo. De guarda redes não falo.


Uma última nota ao mesmo tempo surrealista e confrangedora! Começam a ouvir-se vozes a reclamarem público nos estádios dando como 'bom' exemplo a festa do Avante!* Isto só na república das bananas.


Saudações azuis


*A festa do Avante não é bom exemplo para nada. Nem como festa de jornal, que não têm motivos de festa, nem como festival de música, nem como actividade hoteleira. Incluindo bifanas e cachorros. Não é para isso que os partidos políticos existem. Comício político aceita-se não fora o problema da pandemia, e no caso do PCP o facto notório de divulgar uma mensagem que não corresponde ao seu programa. Já não é comunista e assim vai enganando os eleitores. Ou não.


quinta-feira, setembro 03, 2020

Rui Pinto na terra da batota!

 

É mais compensador libertar esta informação [Luanda Leaks] do que atacar o mundo do futebol?


Por vezes fico um pouco triste porque o Football Leaks não atingiu tudo o que esperava no início. Para os denunciantes, o mundo do futebol não é o sítio mais fácil para entrar. Creio que o Football Leaks foi uma das mais perigosas fugas de informação. Os denunciantes do futebol correm muito mais perigo do que os de outros negócios, como os dos Panama Papers ou dos LuxLeaks.


Por que é que pensa isso?


As empresas de fachada e os evasores fiscais têm consideravelmente menos adeptos do que os clubes de futebol. O futebol vive do entusiasmo e das emoções dos adeptos. Se descobrirmos alguma falcatrua nesta área ganhamos logo um monte de inimigos.


Já foi acusado de ter sido o responsável pela divulgação de documentos do Benfica [Mercado de Benfica], que é provavelmente o mais influente clube em Portugal. O Benfica é agora crítico da sua colaboração com as autoridades. O que pensa disso?


A colaboração foi feita de forma totalmente legal. Se não estão contentes com isso é problema deles. Pensam que dominam o país. Mas acabou, porque as pessoas começam a abrir os olhos.


O que quer dizer quando afirma que o Benfica domina o país?


Este clube é como um polvo de influência. Há um pormenor muito importante sobre o qual quero que o público pense. Ao mesmo tempo que as autoridades portuguesas enviavam um pedido às autoridades húngaras para alargar o meu mandado de detenção europeu, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria recebeu dois bilhetes VIP para jogos do Benfica e teve encontros no estádio do Benfica. Isto é o Benfica.


Não terá sido uma mera coincidência?


Na minha opinião não. Depois da publicação de e-mails do Benfica, todos começaram a perceber que o modus operandi dos seus dirigentes era alargar a influência, muitas vezes por cortesia, para alcançar os seus objetivos. O Benfica foi uma das partes mais interessadas no alargamento do mandado de detenção europeu. A Péter Szijjártó [ministro dos Negócios Estrangeiros] faltou o senso comum, e como diz o ditado “à mulher de César não basta ser, é preciso parecer”. Ficará sempre uma nuvem de suspeição sobre o alargamento do mandado europeu de detenção.


As suas denúncias abalaram a confiança em boa parte dos organismos do futebol e nos maiores clubes. Essa desconfiança será reparável?


Como podemos acreditar que as instituições do futebol vão de facto trabalhar no melhor interesse do desporto? Tenho a sensação de que a UEFA sabotou as investigações contra o Paris Saint-Germain sobre o 
fair play financeiro. Os clubes poderosos podem escapar de tudo se tiverem a forma certa de influenciar. O futebol claramente perde a sua identidade e as suas características se os bilionários injetarem dinheiro em alguns clubes e com isso conseguirem que vençam as competições internacionais. O futebol não devia ser isto.


Não tem nenhuma esperança?


Tenho esperança porque há alguns resultados. Recentemente, o procurador-geral suíço abandonou o cargo por causa dos encontros com Gianni Infantino. Há uns anos ninguém pensava que fosse possível. Mas vejam o comunicado da FIFA: o comité de ética da FIFA declarou que a FIFA não cometeu nenhum crime. É ridículo.


Qual é a sua perspetiva em relação ao julgamento?


Será algo do tipo David contra Golias, porque seremos eu e os meus advogados contra os interesses poderosos e obscuros da sociedade portuguesa. Alguns dos advogados do outro lado representam noutros processos pessoas suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, pelo que me vêem naturalmente como uma ameaça.


O seu advogado William Bourdon disse que se irá declarar inocente perante a juíza. É verdade?


Espero ser absolvido, porque sou um denunciante e atuei de boa fé. Atuei no interesse público, para mostrar o que estava errado, não apenas no futebol mas noutras áreas também.


Parece ser movido pela vontade de revelar crimes e injustiças. Imagina-se a trabalhar para as autoridades portuguesas depois de o julgamento terminar?


Nunca pensei nisso. Primeiro quero resolver a minha situação legal e ser absolvido. Mas em abstracto posso dizer que quero que o meu trabalho sirva um propósito. Quero uma mudança real.


(Com a devida vénia, excerto da entrevista de Rui Pinto ao Der Spiegel e que o Expresso publicou)