quarta-feira, junho 29, 2005

A Luta Continua...

“Não diminuam a montra”, avisa Paulo de Carvalho, Presidente do Rio Ave, no regresso do Oriente, e onde constatou a enorme potencialidade de mercados para a exportação de jogadores lusos!
Parece-me que estou menos sozinho nesta cruzada contra a redução de clubes na Liga. A voz autorizada deste destacado e bem sucedido dirigente, vem explicar que os “estudos encomendados” (as aspas são minhas) partiam afinal de premissas erradas!!!
Nesta minha luta ainda não perdi a esperança de ter também como aliado o Sindicato dos Jogadores, que deve andar preocupado com a eminente redução de postos de trabalho!!! Será talvez uma vã esperança, mas continuo a aguardar.
Quanto aos mentores da redução de clubes, agora calados que nem ratos, sempre gostaria de ouvir, outra vez, os seus argumentos a favor da redução, para lhes tirar uma fotografia de corpo inteiro, com a respectiva legenda, que ainda estou a pensar qual será?!
São os mesmos idiotas que ainda há pouco tempo previam que as Ligas nacionais estavam condenadas em favor de uma extraordinária (o adjectivo é deles) Liga europeia!
Claro que com as últimas notícias sobre a verdadeira “Liga Europeia” devem andar um bocadinho em baixo. Mas não interessa, como são cataventos, vão aparecer rapidamente a defender outra coisa qualquer, desde que lhes cheire a vantagem imediata!
Mas eu não vou deixar passar esta oportunidade sem lhes explicar o seguinte:
Quando pensarem em Liga Europeia descodifiquem logo isso para Liga Espanhola, que é de mais fácil compreensão! E, depois, se tiverem cabeça para perceber, percebam, que na 1ª Liga Espanhola só teriam lugar assegurado 1 ou 2 clubes portugueses, porque os outros andariam pela II Liga e outras Divisões inferiores! E tudo isto se eles deixassem; porque na melhor das hipóteses, eram capazes de nos obrigar a uma “quarentena” de “adesão”...
É que eles, tal como os outros Países que querem e gostam de ser independentes, valorizam primeiro o respectivo campeonato interno, e só depois se preocupam com a Europa.
O contrário do aqui se passa, enquanto persistir esta mentalidade pacóvia... para não dizer outra coisa.

Nota importante:Espero que na próxima Assembleia da Liga o voto do Belenenses ajude a derrotar a redução de clubes.

terça-feira, junho 28, 2005

Arbitragem

Vou-me repetir. “Portugal tem realmente um problema sério com a arbitragem”. Basta ver a antecedência e o frenesim com que todos, desde os partidos, organizações, cidadãos comuns, se vêm envolvendo, pressionando, discutindo, sobre quem será ou devia ser, o próximo “árbitro” do regime?!
No futebol é o mesmo. Já se discutiu tudo, já se analisou tudo. Ninguém dá o passo em frente! Porque será?
Estou, neste caso, com o Presidente do Sporting: só o Estado pode resolver o assunto que aparentemente é simples de solucionar! Claro que este grito de incapacidade, lançado pelo Presidente de um dos principais clubes nacionais já diz tudo sobre o chamado movimento associativo e sobre a sociedade que somos... Mas adiante.
A estrutura da arbitragem tem que se constituir em Organismo autónomo, (da Liga e principalmente da Federação), deve ser dirigido pelos próprios árbitros e reportar directamente a uma entidade do Estado, que seja por sua vez responsabilizável. Aliás, como tudo deveria ser na vida pública.*
Ora o Estado, qualquer Estado, costuma concretizar-se em organismos, que por sua vez são constituídos por pessoas, no nosso caso, por portugueses. E é aqui que começam os problemas!
Os portugueses que pertencem a esses organismos que compõem o Estado (parece que são muitos), quando são chamados a pronunciar-se sobre este assunto, e porque têm sempre afinidade com um dos clubes grandes, tendem a envolver-se e a reproduzir as posições que esses mesmos clubes defendem no momento, e sendo assim, normalmente, anulam-se uns aos outros. Esta é a atitude da grande maioria dos funcionários, porque outros, mais atrevidos e mais comprometidos com o sistema, resolvem fazer uma campanha “surda” por um dos três clubes, naturalmente por aquele com quem têm ligações (normalmente perigosas).
Quando se chega à altura da decisão, normalmente a cargo de um funcionário governativo, a coisa é empurrada para baixo do tapete, não vá o partido ser penalizado nas próximas eleições!
Em todo este processo, em lugar de destaque, estão sempre os escribas da comunicação social (sem esquecer a Televisão e a rádio) que vão fazendo o seu “trabalho de sapa” a favor dos interesses dos Grandes e dos grandes interesses...
Ora bem, tanta conversa, tanta discussão, tanta incapacidade, tanta batota, só pode significar que não há, nunca houve, nem vai haver “arbitragem” nenhuma! O sistema está onde sempre esteve – ao serviço dos três Grandes, que por sua vez estão envolvidos ou dão cobertura a grandes e inconfessáveis interesses. Se alguma coisa, de vez em quando se agita, é porque isto já não está a dar para os três, e... vamos lá, a globalização transmitida em directo pela televisão, acaba por produzir comparações que nos inferiorizam demasiado. E só porque fica feio sermos assim vistos “lá fora”, é que alguns começam a querer mudar qualquer coisa...
No fundo, temos a arbitragem que merecemos, muito parecida com a outra... a do Regime.

* Como já expus em anterior postal (“Diga 33”) a prevista “comissão de análise” sobre o desempenho dos árbitros, deve ter uma composição concreta e diversificada. O grande princípio nesta área é sempre o mesmo: a responsabilidade gera a transparência e a transparência exige a responsabilidade. Queremos a cara e os nomes das pessoas que tomam as decisões. Não queremos gente escondida atrás de “comissões”, “grupos de acompanhamento”, ou seja lá o que for.

segunda-feira, junho 27, 2005

Confusão nas Colónias ...


Domingo, 26 de Junho, 1ª página do Jornal “A Bola”:

O encarnado dominante do costume, desta vez com a apoteose da visita do Benfica a Cabo Verde!
Alguns indígenas, com expressões que não enganam, exibem orgulhosamente um cartaz com a fotografia de Filipe Vieira, o seu Presidente!
E a gente fica a pensar se eles querem mesmo ser só do Benfica ou se aquilo é a única maneira que têm para dizer que querem continuar a ser Portugueses!?
É talvez uma pergunta absurda porque para eles deve ser exactamente a mesma coisa!!!
O Jornal “A Bola”, esse, anda eufórico com o confusionismo!
O Estado Novo não faria melhor! Só lhe falta proclamar – Benfica, do Minho a Timor! E lá vamos nós cantando e rindo...
Não há maneira de me habituar!
Há qualquer coisa neste “cozinhado” que me cheira sempre a esturro...
Deve ser o gato por lebre!?

sábado, junho 25, 2005

O País dos quadrados

Não vou escrever sobre o Boavista, nem sobre xadrez! Tenham paciência. Hoje vou dedicar-me aos nossos estimados jornalistas desportivos (os encartados). E não se preocupem, porque o título que escolhi, só tem a ver comigo.
Leio o editorial de “A Bola” e hoje não vou deixar passar a persistente gralha: “ os portugueses gostam mais dos clubes do que de futebol”. Pois é, nem de uma coisa nem de outra, digo eu!
Explico: Se gostassem dos clubes, não gostavam só dos três clubes “ganhadores”. Que são abandonados se persistem muito tempo sem ganharem! A maioria dos pais, não conseguem sequer, no fundo nem querem, (“para que não sofram”) * transmitir aos filhos essa “paixão” desiludida!
O Belenenses é um bom exemplo.
Por outro lado, se gostassem de futebol, não abandonavam o estádio ao intervalo, quando a “sua” equipa está a perder de forma clara e sem possibilidades (no seu entender) de recuperar! Ainda que se esteja a praticar bom futebol!
Vamos falar claro – os portugueses, na sua grande maioria, têm uma mentalidade anti-competitiva, e a sua única preocupação é ganhar, e de qualquer maneira. Se fosse possível ganhar os jogos na secretaria, tanto melhor! É triste mas é verdade.
Isto explica também muitas das nossas confusões e perplexidades. Claro que eu tenho sempre esperança de estar enganado e que as coisas não sejam bem assim...
Fica contudo o reparo, e o direito de resposta, ao jornalista de apelido Serpa, mas que não deve ser do Belenenses!

* Que maior prova de educação anti-competitiva se poderia apresentar!? Casa de pais... escola de filhos!

sexta-feira, junho 24, 2005

As confusões do costume

Sempre que existe a possibilidade de fazer qualquer coisa em concreto, de andar para a frente, evoluir, nem de propósito, surgem de imediato uma série de manobras de diversão com objectivos que não se percebem!
Vem ao caso, a recente polémica com o sorteio puro dos árbitros em desfavor das nomeações, assunto gasto que apenas escamoteia a realidade que é preciso alterar.
A arbitragem tem que se constituir rapidamente em Organismo Autónomo e o seu desempenho deve ser classificado por uma Comissão de Análise, formada por delegados das associações representativas dos: árbitros, treinadores, jogadores, médicos, massagistas e por dois delegados da Liga (um em representação dos Grandes e outro em representação dos Pequenos). Estes delegados devem estar perfeitamente identificados e as suas votações devem ser publicitadas.
Naturalmente, que esta Comissão de Análise trabalha sobre as informações fornecidas pelo sistema vídeo-informático ProZone a implementar entretanto. Os chamados observadores, serão nomeados pelo Organismo Autónomo, e passam a ter funções meramente consultivas, para que não se caia no apetecido confusionismo e consequente irresponsabilização, também sempre apetecida entre nós.
O Organismo Autónomo reporta a uma entidade do Estado, também perfeitamente identificada e responsabilizável.
A Comissão de Análise, atendendo à sua composição, deverá reportar a um “Conselho” onde estejam representadas as associações de interesses dos respectivos delegados. Tão simples quanto isso.
Voltando agora á inútil polémica do momento, basta referir para comprovar quão inútil ela é, que – seja por sorteio puro, seja por nomeação – o resultado é sempre o mesmo: no fim do campeonato a “contabilidade” entre os Grandes, aparece mais ou menos saldada. Enquanto os Pequenos, são sempre prejudicados!

quinta-feira, junho 23, 2005

Petit – 75.000 Euros/mês

(Correio da Manhã de 23/06/05)

Leio a notícia, faço rapidamente a conversão para escudos – 15.000 contos/mês – certifico-me que não há nenhum ministro ou gestor público com o nome de Petit, leio com mais atenção e compreendo finalmente que é um jogador do Benfica que ganha aquilo por mês. Fico mais descansado.
Mando vir uma bica e enquanto espero, resolvo fazer mais umas contas de cabeça, e pergunto-me – mas como é que o futebol português pode gerar receitas para pagar “aquilo”?! Tento imaginar quanto é que receberão os outros vinte e tal jogadores, chega a bica, peço papel e lápis, mais umas somas, subtraio qualquer coisa... desisto. É muita areia para a minha camioneta.Uma coisa é certa, louve-se a coragem (descaramento) de vir a público com números destes! Bem sei que eles estão à vontade, o fisco, a polícia, os tribunais, quando é o Benfica, nem reparam. Além disso, agora anda tudo preocupado com a idade da reforma...

Enigmas

Uma das coisas que nunca percebi, face à situação presente, era qual a necessidade de fazer subir e, portanto descer, três clubes à Liga de Honra, ano após ano!
Que vantagens imperiosas de renovação, ou que objectivos de desenvolvimento estratégico estarão na base do sistema vigente?
Que clube ou que região do País terá experimentado alguma alteração substancial, nomeadamente em termos de estrutura associativa, para justificar que “novos emblemas” precisem de chegar à ribalta?
Não será isto, de novo, o prolongar da hipocrisia e do artificialismo, sem qualquer vantagem para o desenvolvimento e transparência do nosso futebol profissional?
Será que com o actual sistema se pretende confinar a Super liga às áreas metropolitanas de Lisboa e Porto? Ou será que, perversamente, o objectivo é apenas evidenciar a desertificação do País, colocando em cheque o regime vigente?
Enfim, são tudo enigmas em aberto!
Tempos houve, em que desciam apenas dois clubes ao escalão secundário enquanto o antepenúltimo disputava uma “liguilla” com os segundos das zonas norte e sul; houve outros esquemas e modalidades, mas sempre se tomou em consideração que o futebol português, atendendo à sua peculiar estrutura associativa, não justificava muita renovação. Também se tinham em atenção, o que hoje curiosamente não acontece, a estabilidade e garantia de investimentos, sem as quais o artificialismo competitivo ainda seria maior.
Sem enigmas, todos percebem que a (re)construção e o desenvolvimento sustentado dos chamados clubes médios, exigiria uma política que desse algumas garantias ao investimento nesses clubes, única possibilidade para encurtarem o fosso que os separa dos três Grandes, já que são clubes que ainda têm massa associativa própria e, sendo assim, têm algumas condições de desenvolvimento. Ora isto exigiria alguma estabilidade competitiva. Com três clubes a descer isto não é possível. Aquilo a que assistimos é uma luta de vida ou de morte entre praticamente todos os quinze clubes para não descerem, e o que isso significa – falência imediata para quem fez alguns investimentos.
Existe outra “alternativa” e que parece agradar aos nossos “dirigentes” porque afinal é o que se passa – ninguém investe, e os quinze clubes vão esperando pelas sobras ou “empréstimos” dos grandes para formarem os seus plantéis! É aquela promiscuidade e confusão que nós gostamos – para depois podermos culpar os árbitros. Por fim, se a coisa falha, podemos sempre recorrer à crise do Brasil... (dos que votaram no Lula mas não querem viver com ele) e contratar uns “caçulas prometedores”...
Mas atenção, os Grandes também já não investem – vivem do Orçamento do Estado e de esquemas “criativos” (eu diria permissivos) de “trocas e baldrocas” com os clubes pequenos, ou então, andam na pista de duvidosos “magnatas” de Leste!
E ocorre-me outro enigma – Com a fronteira sul defendida pelo Vitória de Setúbal, e com o Vitória de Guimarães a ocupar, o honroso título de bastião “interior” da Super Liga, não estaremos sem o saber, a regressar ao Condado Portucalense?! Ou na melhor das hipóteses, a construir um novo País, que podemos baptizar de “Portugal Litoral... mas pouco”?!
Enfim, de enigma em enigma... acabo sempre a falar sozinho.

Nota (um bocadinho reaccionária):

  • Apesar de tudo, no tempo de Salazar, esta situação dificilmente aconteceria! O ditador, que prezava sobretudo a forma (mais precisamente, o cenário), face à perspectiva de o campeonato nacional se disputar só, no que designámos por “Portugal Litoral... mas pouco”, chamaria de imediato o Ministro do Interior e dava-lhe um prazo para resolver o assunto: imagino as instruções – “olhe que eu quero campeonato em todo o País”.
  • Pois é... por essa altura, havia o Sporting da Covilhã, o Lusitano de Évora, o Olhanense... Pois é... por essa altura, havia alguma indústria na Covilhã, havia lavoura no Alentejo, existiam fábricas de conservas no Algarve... Eu sei que não se pode ter tudo, mas qualquer dia começam a ter saudades do homem...
  • Eu cá, tenho uma ideia melhor – podíamos alugar a parte do território que abandonámos... à Espanha. Tenho a certeza que aquilo progredia e teríamos em breve clubes daquelas regiões na Super Liga!

quarta-feira, junho 22, 2005

Redução de clubes (continuação)

O caso da Madeira

A situação da Região Autónoma da Madeira é um “case study”. Beneficiando do inegável desenvolvimento Regional (sinal de que os fundos têm sido bem aplicados) os Clubes madeirenses estão na Super Liga. Entretanto, quando o Dr. Jardim, por uma questão económica e de lógica ambição, propôs uma fusão, para em melhores condições a Madeira poder discutir o título nacional, os madeirenses recusaram, em nome das rivalidades paroquiais. Lembremo-nos que foi a única vez que o “amado” líder foi assobiado! Daqui, podemos concluir que os madeirenses têm uma feroz rivalidade entre eles? Claro que não. O que se passa, é mais uma vez o reflexo de um fenómeno de colonização interna. Por detrás da inconciliável reunificação, é a rivalidade de sempre entre os três Grandes que está presente, funcionando os clubes madeirenses como mero 2º clube e uma “mini-arena” de despiques!

segunda-feira, junho 20, 2005

O Futebol para lá da SPORT TV

Enquanto existirem Sábados e Domingos e enquanto houver futebol ao ar livre...
Enquanto houver Estádios como o do Restelo e for agradável lá ir... ou se conseguirmos tornar aquele espaço ainda mais atraente e agradável para lá ir...
Então a Direcção deve esforçar-se por produzir espectáculos de futebol, na sua (nossa) sala de espectáculos, nesses dias.
Estou-me a lembrar que antigamente (devo estar a ficar velho) víamos sempre pelo menos um jogo de futebol (refiro-me a futebol sénior - primeiras ou reservas) durante o fim-de-semana. Agora, se o Belenenses joga fora, estamos quinze dias sem ver futebol a sério!
Pergunta-se, para que servem as salas de espectáculo? E os artistas, são só para treinar? E a Associação de Futebol de Lisboa, para que é que serve? É só para as camadas jovens?
Bem, se não houver respostas satisfatórias para isto, temos que pensar numa equipa B.
Entretanto vemos a TV, rima e é verdade.

sábado, junho 18, 2005

A redução de Clubes

Conseguiram. Sem qualquer plano para o futuro do futebol português, reduzidos à condição menor de fazerem uns “fretes” aos Grandes Clubes e aos grandes (e obscuros) interesses que gravitam à sua volta, as “luminárias”, lá conseguiram fazer aprovar mais uma proposta avulsa que vai prejudicar todos os clubes pequenos!
Não conheço ainda os resultados da votação mas admito que terá obtido “largo consenso” entre “subservientes”, “saudosistas” e “idiotas úteis”.
Mas, afinal para que serve reduzir a Super Liga de 18 para 16 Clubes? Qual é o objectivo que se pretende alcançar?
Para um adepto com uma inteligência mediana é muito difícil perceber o que é que essa redução “aquece ou arrefece” na melhoria de algum dos aspectos menos positivos, que claramente afectam o futebol português?!
Para lá de se arranjarem mais umas datas, para os Três Grandes fazerem uns quantos jogos particulares para ganharem dinheiro, e para mais uns quantos estágios e jogos das inumeráveis selecções do Dr. Madaíl, não se descortinam outras vantagens nem, repito, qualquer programa para atenuar os profundos desequilíbrios que manifestamente impedem que tenhamos um futebol transparente e rentável!
Efectivamente, quando se pretende reformar alguma coisa, é necessário perceber que objectivos se pretendem atingir.
Os diagnósticos estão feitos mas ninguém quer tirar as conclusões óbvias... Quando se chega à altura das conclusões, o “coraçãozinho” retardado e saudosista fala mais alto e só conseguimos ouvir aquele fado – “oh tempo volta para trás”!!! E surgem então as conclusões ridículas...
Já escrevi sobre isto. Não é preciso ser uma “luminária” para perceber quais são os desequilíbrios do futebol português. Estão à vista de todos, e o objectivo de qualquer reforma deverá ser reduzi-los, e não acentuá-los:
- O público (inclui todos aqueles que se interessam e de certa maneira contribuem para alimentar o fenómeno) constituído esmagadoramente, (como não se vê em mais nenhum País civilizado) por adeptos dos três grandes – e isto vale para todo o território nacional, incluindo a Assembleia da República - é o primeiro grande desequilíbrio e que origina todos os outros. É um problema mental, que convinha não acentuar... Esta redução de clubes, a pedido dos Grandes, não vai remediar nada, antes pelo contrário!
A mentalidade “anti-competitiva” que habita em nós, herdada, adquirida, agora não interessa ao caso, fabricou a sociedade imóvel, receosa, em que vivemos mas que é preciso alterar rapidamente. Porque senão estamos daqui a uns anos a discutir se devemos ou não reduzir o campeonato para quatro ou apenas três clubes!? Mas aí já não devemos ser um País que mereça ser independente...
Podíamos, neste ponto, fazer um exercício de reflexão e perguntar às “luminárias” o seguinte – se na Super Liga, só há adeptos para verem os jogos dos três Grandes, então que pensar sobre a Liga de Honra... e, meu Deus, a II Divisão B? Terão esses clubes algum adepto que seja só desse Clube? Então que sentido faz estar a alimentar campeonatos profissionais que não têm público? Há dinheiro para isso? Ter 2º e 3º clube não será um luxo? Não deveria pagar imposto? As reduções não deveriam começar, e em força, por aqui?
- O outro grande desequilíbrio está na comunicação social que funciona única e exclusivamente, como caixa de amplificação dos interesses dos Grandes. É caso para dizer que o “Robin dos Bosques”, se fosse jornalista português, andava a roubar aos pobres para dar aos ricos!? Por aqui não vale a pena acrescentar mais nada... A redução foi pedida por eles...
- Outro grande desequilíbrio, e também consequência da mesma mentalidade, são as contas (as que se conhecem e as que não se conhecem). O desequilíbrio distributivo é escandaloso e não se vê nenhum dos “reformadores” preocupado com isso (e as vítimas nem reclamam!).
- Finalmente, o desequilíbrio esperado, este de natureza geográfica. Já viram que porção do território nacional é “ocupado” pela Super Liga? Dá-nos a certeza que não estará longe o dia em que só haverá futebol “nacional” em Lisboa e Porto!?
Ora bem, chegados aqui, cansados desta viajem ao interior da ignorância, façamos ao menos justiça ao futebol jogado nas quatro linhas e aos seus intervenientes (inclui jogadores, treinadores, médicos, massagistas e... alguns dirigentes) afinal o sector mais equilibrado (competitivo) do futebol português! Aliás, contra a vontade do “público”, da comunicação social... e das “luminárias”!!!

quinta-feira, junho 16, 2005

De volta com algumas nomeações

Depois de um curto “Interregno” cá estou eu de volta ao convívio azul. Não foi fácil. Fortemente assediado, consegui resistir a algumas propostas de transferência, a custo zero, e vi-me envolvido num pacote, comprado ao Quilo por um desses emblemas famosos, para depois ser emprestado outra vez ao clube onde já estou a jogar.
Não assinei.
No caminho, e quando pensava que já estava tudo resolvido, recebo uma última proposta, quase irrecusável, para deixar de incomodar a blogosfera com as minhas teorias!
Mas aí, o coração falou mais alto e o Belenenses merece.

Sendo assim passemos de imediato às nomeações:

  1. Direcção e SAD do Belenenses – pela atitude firme e desenvolta como vêm conduzindo a preparação da nova época. É isso pelo menos o que transparece para fora, o que já é bom. E é novidade no Restelo!
  2. O presidente do União de Leiria – não conheço o homem de lado nenhum, nem ele deve saber que falamos dele no Belém Integral, no entanto tenho que reconhecer que não me enganei quando escrevi aqui o que escrevi – lembram-se do postal “Apoiar Bartolomeu”? Pois bem, o homem merece mesmo ser apoiado.

Terminadas as nomeações, peço agora a atenção da Direcção do Belenenses para que nas próximas reuniões da Liga vote contra a redução de clubes (tal como a proposta aparece, desinserida de qualquer estratégia global para o futebol português) e que ao contrário, encare a hipótese de produzirem mais e melhores espectáculos desportivos, e não menos!
Sem vaidade, - ver sobre o assunto, o que já escrevi no “Diga 33” e “Teoria da Conspiração”.
Uma última questão e a propósito do que diz Dias da Cunha sobre a (futura) “Comissão de Análise” do desempenho dos árbitros, entretanto sujeitos à vigilância do ProZone – a dita Comissão só será independente se incluir representantes que não sejam afectos aos Grandes (ex-árbitros só, não chega...).
Saudações azuis.

P.S. O ProZone pode depois ser utilizado pelo Carvalhal para ver quem é que corre e quem é que não corre!


quarta-feira, junho 15, 2005

Artur José Pereira

“Estrela” antes do tempo

Nascido em Belém (Lisboa), em 1889, Artur José Pereira foi unanimemente considerado o melhor jogador de futebol em Portugal até aos anos 30, pelo menos, sendo uma das primeiras grandes "estrelas" nos relvados nacionais. "A. J. Pereira", como era conhecido, começou a jogar futebol para os lados das Salésias, em Belém – o grande viveiro de jogadores portugueses no início do século.
Na primeira década do século XX, os jornais costumavam dividir as equipas existentes em dois tipos: "grupos fortes" e "grupos fracos". Em 1903, "A. J. Pereira" alinhava como médio-centro no Sport União Belenense ("grupo fraco"), mantendo-se nessa equipa até 1905. Nesses dois anos, muito por mérito do jovem jogador, a formação belenense passou a ser considerada "grupo forte". Depois disso, a qualidade demonstrada por "A. J. Pereira" levou-o a ingressar no Grupo "Cruz Negra", onde se manteve entre 1905 e 1908.
Em 1908, passou para o Sport Lisboa, actuando habitualmente a médio-esquerdo, embora desempenhasse também o lugar de médio-centro nas ocasiões em que Cosme Damião não podia jogar. Nesse mesmo ano, o Sport Lisboa mudou-se de armas e bagagens de Belém para Benfica, como resultado da fusão com o Sport Benfica, "A. J. Pereira", embora triste por deixar de representar a sua terra, acompanhou o Sport Lisboa para Benfica e sagrou-se campeão regional de Lisboa em 1910, 1912, 1913 e 1914, alinhando a médio-esquerdo ou médio-centro e assumindo-se como um dos principais esteios da equipa benfiquista. Já nesta altura, o jogador era conhecido pelo seu feitio irascível, fazendo da competitividade uma das suas grandes armas. Perder não era para "A, J, Pereira", que dava sempre tudo em prol da equipa, em todos os jogos. Durante a época de 1913/14, apesar de alcançar o título regional, " A J. Pereira" desentendeu-se com alguns directores do Benfica e aceitou o convite do Sporting, pelo qual se sagrou campeão de Lisboa em 1915. Nesta altura, a presença do "craque" desequilibrava mesmo... Diz-se que no Sporting, "A.J. Pereira" recebia dinheiro para jogar e que tinha prioridade no uso da única banheira de água quente existente no Lumiar.
Os "leões" voltariam a ser campeões de Lisboa em 1918/19, última época em que "A.J. Pereira" defendeu as cores do clube, dado que pôde finalmente concretizar o grande sonho da sua vida ao fundar um "clube forte" no seu bairro de sempre: o Clube de Futebol "Os Belenenses". Em 1919, Belém voltava a ter um clube influente e o seu principal "ídolo" regressava a casa, acompanhado de excelentes jogadores nascidos na zona e que estavam espalhados pelos melhores clubes da capital. Juntos chegariam, logo no ano seguinte, à final (perdida) do Campeonato Regional de Lisboa, frente ao Benfica.
Aos 33 anos, o "capitão geral" do Belenenses "AJ. Pereira" despediu-se do futebol, enquanto praticante, a 26 de Março de 1922, no dia em que o "seu" Belenenses perdeu novamente a final do Campeonato de Lisboa, desta vez para o Sporting. "A. J. Pereira" foi o "capitão azul".
Durante a sua extensa carreira foi várias vezes seleccionado para a equipa representativa de Lisboa (alinhou nos oito primeiros encontros contra o Porto, com excepção do 5º), fazendo também parte da equipa da Associação de Futebol de Lisboa que em 1913 se deslocou ao Brasil. Ao serviço do SL Benfica e do Sporting CP fez diversas digressões por Espanha, reforçando também, em certas ocasiões, o FC Porto nas suas saídas ao estrangeiro ou quando recebia ilustres equipas europeias, como sucedeu com os franceses do Mêdoc.
A vida de "A. J. Pereira" continuaria ligada à modalidade como treinador do Belenenses, durante muitos anos, transmitindo aos seus jogadores a competitividade e espírito de sacrifício que o haviam caracterizado como atleta, contribuindo decisivamente para vários triunfos importantes do clube, como foi o caso do Campeonato de Lisboa de 1926 ou os Campeonatos de Portugal de 1927 e 1929. Nesta função, "A J. Pereira" pôde ainda orgulhar-se de ter sido o mestre de grandes nomes do futebol português como "Pepe", Augusto Silva e César de Matos. Faria dupla técnica com Cândido de Oliveira, em finais dos anos 30, no Belenenses e na selecção nacional. "A.J. Pereira" foi ainda árbitro competente e respeitado, merecendo a distinção de Sócio de Mérito da Associação de Futebol de Lisboa. Viria a falecer em 1943, três anos antes do "seu" Belenenses se sagrar campeão nacional. Tinha então 53 anos.

In “A Paixão do Povo” – HISTÓRIA DO FUTEBOL EM PORTUGAL

quarta-feira, junho 08, 2005

05/06 - Ponto da situação



Ao Ataque

Mais dois reforços anunciados no site oficial – Hassan Ahamada e Fábio Januário, num total de oito até agora, e todos para o meio-campo e ataque.

São avançados com características semelhantes ao Paulo Sérgio e ao Eliseu mas para o lado direito, ficando assim o plantel com dois jogadores por flanco.
Tendo em conta que na época passada não era muito frequente a utilização de jogadores com estas características, o Eliseu praticamente não jogou e o Paulo Sérgio jogava deslocado da sua posição, é provável que se confirme o empréstimo do Eliseu. Até porque à semelhança do Paulo Sérgio estes dois jogadores podem jogar pelos dois flancos.
O que me parece um facto é que o plantel está a ficar definitivamente melhor em qualidade e agora também em termos de opções tácticas. Mas será positivo alertar para um erro que foi cometido. Uma equipa deve ser construída de trás para a frente. Na época passada isso não aconteceu e foi necessário corrigir em Janeiro, é por isso importante que não se descure a defesa.

terça-feira, junho 07, 2005

E esta ...

Era dado como jogador do Malaga aqui.

E foi ontem confirmado no site oficial como reforço do Belenenses.

A pista de Atletismo (2ºepisódio)
“Ultima tentativa”


A pista é bonita, azulinha clara em contraste com o azul-escuro das bancadas. Pena que o vento, frequente por ali, impeça quase sempre a homologação das melhores marcas. A caixa de saltos também faz muita falta já para não falar da vala de água e outros obstáculos semelhantes que atiram a Superior Norte para longe dos acontecimentos o que, se algumas vezes pode ser útil para nos distrairmos dos maus espectáculos que se desenrolam no relvado, só de binóculos conseguimos certificar os golos que ocorrem na baliza sul.
Isto lembra-me uma teoria já não sei de quem, que explicava a vantagem e o posterior ascendente do Benfica sobre os seus rivais quando, no advento dos Estádios (nos anos cinquenta), prescindiu de pistas de atletismo ou de ciclismo mantendo a sua massa associativa próxima do relvado onde funcionava como 12º jogador e intimidava árbitros e fiscais de linha. É uma teoria interessante.
Agora peço aos Belenenses que tenham calma e não vão a correr escavacar a pista porque isto era no tempo em que as bancadas do Restelo estavam cheias. Agora com jeitinho cabemos todos no banco dos suplentes.
Lá estou eu a exagerar…

sábado, junho 04, 2005

PT por cinco anos


“Nos próximos cinco anos, o logótipo da Portugal Telecom vai figurar nas camisolas da equipa principal do Benfica, tal como já acontece actualmente com os rivais FC Porto e Sporting. O investimento cifra-se em 4,75 milhões de euros, já incluindo a publicidade nas bancadas.”
Jornal – O JOGO, de 02.05.2005

Não, não é inveja. É tristeza pelo sítio em que vivemos…
Para me poupar a argumentos, relembro o que no passado escrevi sobre esta promiscuidade entre os capitais públicos e os Grandes do nosso futebol, nomeadamente no que se refere ao Benfica!
Lembram-se do “caso Futre” e da interferência da Televisão Pública?!

“FUTRE – Sem poeira nos olhos

È assim: os dinheiros públicos (dos contribuintes sem clube; dos contribuintes dos outros clubes, incluindo os contribuintes sportinguistas), serviram, neste caso concreto, para atribuir uma vantagem decisiva ao SL Benfica na corrida à contratação do jogador de futebol chamado Futre. Acrescentar, que por acaso, o Presidente da RTP era há bem pouco tempo, Presidente do Conselho Fiscal do Benfica, apenas vem confirmar a falta de senso, no mínimo, da gestão pública.
Que a RTP tem vindo a subverter as leis do mercado através, nomeadamente, do monopólio das transmissões desportivas já todos sabíamos e a SIC melhor que ninguém.
Que a RTP vinha atribuindo verbas avultadas aos “grandes clubes”, (sempre aos mesmos), sob a cobertura de bons negócios, também já sabíamos.
Agora a novidade é a interferência directa da RTP na própria competição desportiva através da contratação de jogadores para os clubes da simpatia do respectivo Presidente em exercício (desde, que claro, seja um bom negócio)!
A hipocrisia quer agora desfazer o negócio, depois de obter o que pretendia, e faz-se esquecida de que o pagamento ao Sr.Gil, tinha prazo bem curto – é a poeira para os olhos…”


Como se vê continuamos na mesma…

Lembrança de José António

Conheci-o ocasionalmente há cerca de quinze anos. Era uma pessoa muito simpática e muito civilizada.
Foi capitão do Belenenses.
Como jogador manteve sempre uma grande correcção e desportivismo. E tinha classe a jogar à bola. Os seus atributos levaram-no á Selecção Nacional que representou com mérito!
Na memória ficarão para sempre aqueles últimos lances em Estugarda em que ele, corajosamente, se opôs à avalanche alemã.
Por tudo, obrigado José António.
Em 3 de Junho de 2005

quinta-feira, junho 02, 2005

As minhas tardes inesquecíveis

Estádio Nacional – Final da Taça contra o Sporting

Estou na Tribuna (calma, o meu pai pagou o bilhete), quando Belenenses e Sporting saem do túnel. O nervoso miudinho já tomou conta de mim. As pernas tremem, sabem como é?!
O jogo tinha ainda um frisson especial, ia alinhar o Carlitos, (o do “caso Carlitos”), que o Sporting tinha desviado do Belenenses, (Silva Resende “celebrizou-se” no jornal “A Bola” a defender os interesses do Sporting – e como eu o odiei!).
O jogo começa e Carlitos, só faltava esta, inaugura o marcador! Já não tremia, estava verde, de raiva. Mas aconteceu um milagre! Otto Glória tinha conseguido transformar um jogador tosco, que só (!) tinha velocidade e força (e raça), num extremo fantástico! Estêvão, derrotou o Sporting.
Ganhámos a segunda Taça de Portugal, e eu estava lá.

quarta-feira, junho 01, 2005

05/06 - Ponto da situação

05/06 - Pré-pré-época

Contratação de mais dois jogadores. Depois do avançado Romeu e do médio Ivan Djurdjevic, os médios Silas e Sandro.
Confirmado ontem no site oficial: