segunda-feira, novembro 26, 2007

Grau zero

Tive que deixar passar algum tempo até conseguir escrever as habituais notas sobre o jogo do Belenenses, que acabei por ver na televisão. Não estou mal disposto, estou simplesmente desencantado. O desencanto começou antes do jogo começar! O nosso treinador já então admitia que o importante era pontuar! Ganhar deve ser um segundo objectivo, digo eu!
Que estamos de facto mal não tenho dúvidas, que o excesso de losangos acaba no pontapé para a frente, também não tenho dúvidas, e por isso não admira que o futebol português deixe as bancadas vazias de tão pouco atractivo. A guerra do ponto parece ser o desporto favorito de quase todas as equipas da primeira Liga! Mas tentemos descodificar o que na realidade aconteceu:
As equipas fecharam-se na sua concha, fecharam o jogo a sete chaves, os guarda – redes não foram postos à prova, os treinadores não arriscaram nada. Este é o retrato fiel do que se passou este Domingo à noite no Restelo. Pormenores a destacar, só pela negativa. Neste sistema ‘travadinho’, os laterais poderiam ter salvo o jogo, mas pouco fizeram para isso. Por exemplo, Amaral recebia a bola desmarcado e em vez de correr, em vez de arriscar um pique em direcção à linha de fundo, porque tem velocidade para isso, não, parava e executava um passe para o companheiro mais próximo, como se quisesse livrar-se de responsabilidades. E como do outro lado Alvim também esteve pouco afoito, o Estrela não tinha dificuldades em cortar todas as linhas de passe do meio campo azul. Restava a hipótese de um ressalto, uma bola perdida pela defesa da Amadora, aproveitada pelos dois avançados de serviço, Weldon e Roncatto. Mas os forasteiros apresentaram-se com a lição estudada e têm uma defesa que não facilita. Apenas por uma vez estivemos realmente perto de marcar, mas Weldon esteve igual a si próprio e rematou à trave!
Falta ambição e sem ambição não vamos lado nenhum.
Saudações azuis.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Rolando

Lembro-me de o ver treinar com a equipa principal, cheio de genica, ía a todas, cortava tudo, de cabeça, com os pés, e não era preciso ser especialista na matéria para adivinhar que estava ali um jogador de futuro. Na altura já lutávamos para não descer e o treinador, suponho que era o Inácio, queixava-se, entre outras coisas, de não o poder utilizar! Entretanto o tempo foi correndo e o Rolando foi ganhando espaço na equipa principal, sujeito aos naturais altos e baixos próprios de um jogador em formação.
Hoje é titular indiscutível do Belenenses, foi internacional pelos sub-21, e de acordo com as notícias que correm arrisca-se a deixar o clube a troco de meia dúzia de tostões, que não sabemos se entram directamente nos cofres azuis ou se parte deles pertencem a algum investidor que talvez ainda detenha uma parte do passe do jogador!!! Não conheço os contornos do assunto, que terá decerto os seus bastidores, escrevo portanto sob o risco de me enganar, mas uma coisa é certa: - Rolando há muito que deveria estar vinculado ao Belenenses através de um contrato que nos pusesse a salvo de surpresas desagradáveis. Aliás, esta deverá ser a política de qualquer clube que queira singrar na selva mercantil em que se transformou o futebol. Por isso, nunca mais podemos apostar num jogador da formação, fazendo-o subir à equipa principal, colocando-o na mira dos holofotes e da cobiça, sem primeiro garantir (e blindar) o seu vínculo ao Belenenses. E por isso também se torna necessário dispor de um departamento de futebol competente, querendo isto significar, que sabe investir com reduzidas margens de erro. Tal como no jogo da Bolsa, trata-se de saber comprar quando as acções valem pouco e acertar na sua valorização futura. Sabemos que não é fácil, mas é essencial para um clube poder crescer.
Resumindo, se o Rolando sair praticamente a custo zero, isso será o equivalente a um rombo no nosso património. Esperemos que não seja assim.
Saudações azuis.

domingo, novembro 18, 2007

Uma tarde no Restelo

Não estava no programa mas aconteceu e poderia tornar-se um hábito se o sol brilhasse como hoje, se existissem por ali mais alguns cómodos, mas também aprecio um certo à vontade, aquele ar familiar, envelhecido, de casa que já foi farta, e onde agora falta o dinheiro…
A função principiou no campo de treinos, a relva estava impecável, iam defrontar-se Belenenses e Agronomia em rugby. É o desporto da moda, as bancadas soalheiras estavam cheias, o público é diferente, são adeptos da modalidade, a maioria estava do lado dos agrónomos, campeões em título, os restantes apoiavam o Belenenses. Estes, vê-se que simpatizam com o Clube, que afinal lhes fornece as condições para praticarem o seu desporto favorito, mas sabemos que não frequentam o futebol no campo principal.
Olhemos entretanto o jogo na perspectiva de um leigo:
Agronomia instalou-se desde o início no meio campo azul, graças ao peso dos seus avançados, que ganhavam vantagem em todas as formações, aos seus saltadores que ganhavam quase todos os lançamentos laterais, e ao pontapé colocado do seu arriére que ganhava sempre imenso terreno! Nestas condições e durante a primeira parte, a nossa equipa nunca conseguiu respirar, defendia-se com denodo, apenas por duas vezes entrou com perigo na área de 22 metros do adversário.
Veio o segundo tempo e com ele mais equilíbrio. Através de dois pontapés livres conseguimos reduzir para 13-6, e numa altura em que procurávamos empurrar o quinze de Agronomia para a sua área, um passe infeliz foi bem interceptado e acabou em ensaio, que depois foi convertido. Já não havia recuperação possível.
Resultado final: Belenenses 6 – Agronomia 21.

Seguiu-se o basquetebol, recebíamos o Porto, estava lá a televisão, o jogo prometia:
Assistimos a um belo despique, em que o Belenenses comandou quase sempre o marcador, embora sem grande margem. No início do quarto período conseguimos alargar o fosso até aos onze pontos de diferença, a coisa parecia resolvida, mas a substituição de Diogo Carreira (para descansar) poderia ter deitado tudo a perder. Já com o extraordinário ‘base’ em campo sustivemos a recuperação do Porto e terminámos com dois pontos de vantagem. Mas os momentos finais foram de susto.
Resultado final: Belenenses (89) – Porto (87)
Tudo está bem quando acaba bem. Já era noite quando saí do Restelo.
Saudações azuis.

terça-feira, novembro 13, 2007

Futebol a quanto obrigas…

A televisão pública deve estar atenta aos fenómenos que ocupam e preocupam os portugueses e um desses fenómenos é sem dúvida o futebol. A alienação está identificada e denomina-se “deslocação de interesses”. Persiste endemicamente no terceiro mundo, e no continente europeu, é uma herança das ditaduras. Uma das bolsas mais resistentes na Europa é o caso de Portugal, onde o futebol assume a condição de desígnio nacional, abre e fecha telejornais, suporta três jornais desportivos diários, ocupando ainda espaço e tempo mediático em proporções que raiam o insuportável.
Apesar de todo este entusiasmo e interesse, o nosso principal campeonato sobrevive em falência técnica, depende exclusivamente de receitas extraordinárias e dos vastos subsídios, encapotados ou não, provenientes do orçamento de estado. É um campeonato reduzido a três clubes, que há mais de meio século disputam, praticamente sem concorrência, os primeiros lugares, clubes esses que congregam a simpatia de mais de noventa por cento dos adeptos, outra peculiaridade portuguesa que concorre para a sua insustentabilidade competitiva e financeira.
Curiosamente não foi sobre esta realidade que os ‘prós e contras’ de Fátima Campos Ferreira se debruçaram, o que poderia ser curial e interessante! Não, a grande preocupação nacional versa sobre a arbitragem e sobre as tecnologias que a poderão auxiliar a diminuir os erros… no tal campeonato em que ganham sempre os mesmos!!!
Dizem que o ridículo mata, acredito, mas não em Portugal.

sábado, novembro 10, 2007

Não se confirma

Como vem sendo hábito o Belenenses falha sempre o jogo da confirmação. Afinal a exibição das Antas não se confirma, o resultado sim – desta vez aconteceu um empate a uma bola frente ao Leixões, o que acaba por ser um desfecho ajustado ao que se passou em campo.
Entrámos bem, marcámos cedo, numa recuperação de bola, Ruben Amorim galgou terreno até à linha de fundo e centrou atrasado para Zé Pedro fazer o golo. Um belo golo, diga-se de passagem. O jogo era nosso, os homens de Matosinhos estavam atordoados, não conseguiam acercar-se da nossa baliza, o pressing alto funcionava, recuperávamos rápidamente a bola, e Weldon desperdiçou então uma oportunidade soberana para fazer o dois a zero. Falhou escandalosamente! Carlos Brito mexe na equipa, sai um médio e entra um avançado, o Leixões encaixa-se, equilibra-se, e revelam-se então as nossas insuficiências. O meio campo emperra, os dois pontas de lança, Weldon e Roncatto, especialmente este, mostram enormes dificuldades em jogar de costas para a baliza. Incapazes de sustentar a bola nas transições para o ataque, o meio campo e a defesa começam a bombear bolas por alto tentando servir o ataque. Sem êxito - mérito da defesa do Leixões e demérito dos nossos pontas de lança, duas nulidades no jogo aéreo. Jesus não mexe na equipa e na segunda parte Costinha tem que se aplicar porque o Leixões procura claramente o empate. Que chega já perto do fim, num remate feliz de um jogador recém entrado no jogo! Pode dizer-se que quando sofremos o empate a equipa estava mais equilibrada, Hugo Leal, sem ritmo competitivo, cedera o seu lugar a Gavillan, adiantando-se Amorim para onde rende mais, enquanto Roncatto, muito apagado, fora substituído por Fernando. Mas era tarde, faltavam dez minutos para o fim. E mais tarde ficou com a expulsão de Gavillan por sucessão de amarelos a punir duas entradas à margem das leis. E está feita a história do jogo.
Concluindo: alguns tiques de vedetismo, equívocos de Jorge Jesus, e uma enorme frustração da massa associativa. Eram poucos os presentes, e com exibições destas, serão menos para a próxima.
Perante este cenário compreende-se que não haja lugar para grandes destaques individuais. Ainda assim, escaparam à mediania, Alcântara e Rolando, os mais regulares, Alvim e Amorim, a espaços, e Zé Pedro, durante a primeira parte.
Saudações azuis.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Empate no Dragão e outras notícias

Não vi o jogo, ouvi o relato a espaços, os meus nervos já não têm pernas para noventa minutos, e saboreei o empate até… hoje. Não me reconheço a saborear empates mas nos tempos que correm, não foi nada mau.
Sobre o jogo não vou escrever do que não sei, mas tenho a sensação que se confirmam os créditos que atribuí ao Weldon, à subida de forma do Zé Pedro e do Silas, também do Alvim, à boa forma de Cândido, que teve pela frente Quaresma, um adversário difícil e com mau perder, e naturalmente, a regularidade exibicional dos dois centrais.
Surpresa foi a prestação de Roncatto, mais magro, mais mexido, vamos acreditar na sua grande margem de progressão. A jogada que deu o golo do empate é soberba!
Também quero falar de Gabriel Gomez (Gavillán): parece-me mais pesado, mais lento portanto, mas acredito que saberá adaptar-se ao futebol europeu, onde existe muita marcação, sem tempo nem espaço para rodriguinhos. De qualquer modo as crónicas referem-se a uma exibição positiva do médio panamiano.
Em resumo: um Belenenses personalizado no estádio do Dragão, jogando em todo o campo, e sem perder de vista a baliza do Porto. Será por certo o arranque para uma boa época.

Basquetebol:
Quem hoje se der ao trabalho de folhear o jornal “A Bola” ficará ciente da discriminação noticiosa de que é alvo a Liga Profissional em favor da Proliga. Quase uma página para o Benfica-Illiabum, apenas um quadradinho para o Barreirense-Vagos!
Quer isto dizer que não vale a pena investir numa Liga profissional, seja do que for, porque se o Benfica ou o Sporting não participarem na prova, a comunicação social desportiva desinteressa-se pura e simplesmente do assunto. Por isso, há muito tempo que aconselho o Belenenses a não gastar dinheiro em modalidades de alta competição que não tenham o devido retorno, ao menos em termos de imagem do Clube.

Medalha prometida:
Para os devidos efeitos se declara que o Belenenses espera ansiosamente a sua oportunidade para elevar Henrique Granadeiro (Presidente da Portugal Telecom) à qualidade de sócio de mérito, em sinal de reconhecimento pelos serviços prestados ao Clube da Cruz de Cristo.
Havendo oportunidade e motivo, fica também a promessa de que a proposta não será chumbada na competente Assembleia-Geral. Somos pobres, mas não somos mal agradecidos.

Saudações azuis.