domingo, agosto 29, 2010

Crónica de abertura

Agora é a sério, começou o nosso campeonato e para início defrontámos uma equipa com pretensões de subida, o Desportivo das Aves. Entrámos bem, e embora o esquema tenho sido idêntico ao do último jogo oficial, tal como os jogadores que alinharam foram os mesmos que defrontaram o Arouca, notaram-se progressos e durante quinze minutos trocámos a bola, que desmarcava alguém numa das pontas e assim criámos perigo e assim inaugurámos o marcador. Um golo que contou com a colaboração dos dois pontas de lança – Tiago Almeida cruzou rasteiro e forte e Camará aproveitou o ressalto num defesa para marcar.
Naturalmente que o Desportivo das Aves reagiu, mas foi o Belenenses que acabou por dar uma ajudinha que não estava no programa – Devic, mal colocado, em lugar de tomar a iniciativa do desarme, de tapar a entrada da grande área, não, deixou o adversário passar por sítio proibido (junto à linha de fundo) e aí qualquer contacto é penalty. E foi, foi cartão amarelo, e golo do empate. Não havia meia hora de jogo. Mas o estado de graça dos primeiros minutos já se tinha quebrado, voltámos aos lançamentos longos, sem hipóteses, voltámos a ser pouco esclarecidos.
Segundo tempo a substituição clássica, entrou Miguel Rosa para o meio campo e saiu um dos pontas de lança, Tiago Almeida. Meio campo onde havia Pelé, bom jogador mas sem apoio, recorrendo a iniciativas individuais, já não havia Celestino, lento e a perder bolas que não se podem perder, e também já não havia André Almeida. Com Miguel Rosa o Belenenses reapareceu dominador, mas foi sol de pouca dura. Esperei pela entrada de André Martins à semelhança do que acontecera no último jogo, esperei pela entrada de Luís Carlos, mas para a direita, esperei ver jogar Purovic sozinho lá frente, a fixar os dois centrais, a libertar os flancos para as entradas dos laterais, mas tive apenas a terminação, já não foi mau. Como disse antes, houve progressos e não perdemos. Mas precisamos de ganhar em nossa casa.

Receita do treinador de bancada - há que treinar:

Já disse quase tudo, mas há que treinar os rodopios defensivos para despachar a bola. Quer Barge quer André Pires têm que se habituar a solucionar o problema usando o pior pé. Luís Carlos também se sente pouco á vontade na esquerda. Há que treinar. Os dois jovens pontas de lança têm qualidades, já o afirmei, mas precisam de mais experiência, mais traquejo. Há que treinar a concentração e os reflexos. Quanto a Purovic espero que seja este o ano dos seus golos de cabeça. Há que treinar os cruzamentos.

Resultado final: Belenenses 1 – Desportivo das Aves 1


Saudações azuis

Aquilo que se vê e aquilo que se sabe

Vi um Setúbal manhoso e um Zé Pedro tristonho, vi um Lima eufórico a marcar golos em Sevilha, vi um Porto de dificuldades a corrigir-se, vi um Hulk certeiro a marcar golos de livre! Querem ver que o Villas Boas consegue desbastar (e amestrar) o rapaz! Não será fácil. Vi o Sporting fazer a remontada e gostei da postura do Paulo Sérgio. Vi um país preocupado com o Benfica, parecia até que a Pátria não tinha guarda-redes! Mas qual é o problema, compra-se outro, o Benfica tem crédito ilimitado, não depende de agências de rating, não tem que apertar o cinto, o Benfica é rico, nós é que somos pobres. Assim funcionam os países de raiz soviética, a nomenclatura bate-se com caviar, a populaça come frango de refugo, uma vez por semana. É para quem gosta e os portugueses gostam. Por isso vi, vejo todos os dias, o desenrolar do processo bolchevique contra Queiroz, o desgraçado que se atravessou no caminho dos secretários do poder, que desconsiderou as análises, ou afrontou, sem medir consequências, os deuses associativos, a quem devemos obediência e gratidão. O dilema coloca-se – a forca ou o regresso (de mãos a abanar) a Manchester onde já foi feliz um dia.
Vi tudo isto em pouco tempo e espero ver amanhã (hoje, porque já passa da meia noite) a primeira vitória do meu clube. É no Restelo, pela manhã, contra o Desportivo das Aves.

Saudações azuis

quinta-feira, agosto 26, 2010

Belenenses com bola

A coisa está-se a compor, e nestes últimos dias chegaram jogadores que por certo irão estabilizar a equipa, dar-lhe outro fôlego e outras ambições. Aguardemos, portanto. Mas o tema deste postal, continuação do último, continuação de todos os que escrevi, diz respeito a uma alteração de fundo na mentalidade do futebol azul. Eu sei que o futebol moderno é mais exigente, especialmente em termos físicos, mas continua a ser um jogo simples. A diferença entre as equipas mantém-se, umas jogam para ganhar e as outras para não perder. Ora o Belenenses pertenceu durante muito tempo ao primeiro grupo, os jogadores que envergavam aquela camisola já sabiam que era assim e jogavam em conformidade, os sócios não admitiam outra postura na equipa. Fosse contra quem fosse. Os tempos mudaram e fomos perdendo esse estatuto. Dentro do campo e fora dele. Lembro-me bem que antes de nos rendermos às evidências, o meio campo do Belenenses ainda tinha bola, ainda empurrava a equipa para a frente. Depois lá na frente já não tínhamos, por termos vendido à concorrência (primeiro o Yaúca, depois o Peres), os jogadores que faziam a diferença no marcador, ou seja, nas vitórias e nas derrotas. Mas esses tempos, como disse, foram os últimos em que fomos uma equipa de ataque, com o Adelino a cavalgar o meio campo entre fintas e zigue zagues que consolavam os adeptos. Tudo isso acabou e este postal não pretende ser saudosista (se calhar está a sê-lo!) pretende apenas transmitir uma ideia de recomeço, temos de regressar a essa mentalidade, temos que voltar a dominar os jogos, e para isso acontecer precisamos de jogadores de meio campo com alguma qualidade, que saibam segurar a bola, para que a equipa possa respirar, para que a defesa possa então subir no terreno, para enfim criarmos mais oportunidades de golo. Depois marcá-los é outra história, porque para voltarmos a ter os jogadores que resolvem, vamos ter que recuperar o terreno e o território que já tivemos. Vai demorar o seu tempo mas é esse o único caminho.

Saudações azuis
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.Post-Scriptum: Enquanto escrevia este postal ía-me lembrando do Azeez, um jogador que sabe pisar aqueles terrenos, mas a respeito do qual parecem confirmar-se os piores cenários, poderá estar de novo lesionado! Esperemos que tudo se resolva pelo melhor, para o jogador, evidentemente.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Empate no Restelo

Cadeiras limpas, speaker comedido, bluecard no bolso, e vamos lá conversar sobre este empate entre Belenenses e Arouca (1-1) para a Taça da Liga. A situação das duas equipas era diferente – o Belenenses já estava eliminado, ía cumprir calendário, enquanto o Arouca ainda lutava pela qualificação, que acabou por conseguir.
Sobre o jogo digo o seguinte: na primeira parte jogámos com os ex-juniores à excepção de quatro jogadores – o guarda-redes Semmler, o Barge (defesa direito), o Devic (central), e o Celestino (médio). Mas o problema desta equipa durante a primeira parte, não foi propriamente a juventude, o problema desta equipa foi a falta de organização de jogo. Melhor dito, a falta de organizadores de jogo pois nem Celestino, nem Pelé, nem André Almeida, são jogadores para nos resolverem o problema do meio campo. Servem para ajudar os organizadores de jogo que de facto entraram na segunda parte – o rapaz do Benfica e o rapazinho do Sporting. E a partir daí passámos a ter bola e retirámos a iniciativa ao adversário. Um aparte - nós também lá temos um jogador deste tipo, é o Azeez, mas, infelizmente, está sempre lesionado.
Para além da entrada de Miguel Rosa e André Martins, Rui Gregório retirou um dos pontas de lança (Tiago Almeida) e meteu um ala (Luís Carlos) abrindo assim a frente de ataque. E as coisas melhoraram. Sacudimos o domínio do Arouca e especialmente depois do empate (um golão de Celestino!) começámos a pressionar o adversário que acabou o jogo a queimar tempo, na tentativa de segurar o empate, que pelos vistos lhe servia.
Esta é a minha visão dos acontecimentos, pelo menos para já, enquanto esperamos pelos reforços, (três deles estavam sentados perto de mim) para dar um maior equilíbrio e consistência à equipa, que como sabemos, terá que se bater com uma maioria de equipas do norte, equipas experientes e habituadas à competitividade da segunda Liga.

Saudações azuis

sábado, agosto 21, 2010

Uma questão de coragem

Por falta de coragem inventaram um folhetim para correr com o Queiroz. Primeiro desvalorizaram o Scolari, o Queiroz era o melhor do mundo, mas porque o homem não conseguiu trazer a taça, para safar o governo, para comemorar o centenário, e prolongar (até à eternidade) o mandato do Madaíl, descobriram que é timorato, que não serve os fins em vista, e lembraram-se de uma trica esquecida, sim, esquecida, porque se tivéssemos ido à final na África do Sul, ninguém mais se lembrava para onde o Queiroz tinha mandado o outro! Esta é que é a verdade.
E agora temos uma situação ridícula que define a república: - questões de lana-caprina a alcandorarem-se a razões de estado com prejuizo directo para o próprio estado. A selecção afinal só interessa se der votos, ou se for biombo para alguma manigância. Como aquela a que assistimos - um exercício de justiça a fingir que a justiça existe!

Também há falta de coragem nos incêndios, não dos bombeiros que lá andam, mas dos dois partidos de governo. Em lugar de cerrarem fileiras para resolverem um problema nacional, queimam o tempo num jogo estatístico curioso, numa espécie de Benfica-Sporting – a minha área ardida é menor que a tua! Não há melhor convite para o terrorismo incendiário! É dos livros. Não, não estou a falar daqueles bêbados ou frustrados que acendem o fósforo, estou a referir-me a quem os manda atear o fogo. Compreendido!

Coragem teve a Direcção do Belenenses ao enfrentar o problema das piscinas. Estou á vontade no tema, pois ao longo destes cinco anos já várias vezes o abordei. Gosto de muito de ter piscinas, se as pudesse ter em bom estado e se não dessem prejuizo. E voltamos ao velho problema do Belenenses, o eclectismo sem futebol na mó de cima. Não dá. Hoje em dia nem com o futebol na mó de cima. E lembrar que as piscinas foram concebidas para ter lucro e, maravilha das maravilhas, aumentar o número de sócios do Belenenses! Lá aumentar, aumentaram, só que usam as piscinas, têm cartão de sócio, mas têm cativo na Luz ou em Alvalade. E se os deixarem, um dia votam o fim do futebol no Belenenses!

Saudações azuis

quarta-feira, agosto 18, 2010

Um sindicato de comentários

Às vezes apetece-me reagir a alguns comentários que vou lendo noutros blogues, mas domino-me. Pois se não autorizo o contraditório neste espaço, não tem lógica ir contraditar na casa dos outros. E a propósito de contraditar na casa dos outros, o que tem o Evangelista a ver com as declarações do treinador do Belenenses?! Aliás declarações legítimas de quem se sente enganado, para não dizer traído por alguns jogadores?! E que outras declarações deveria proferir Rui Gregório no fim de um jogo vergonhoso, um jogo em que ao fim de dez minutos já perdíamos por três a zero?! Ele sabia perfeitamente o que queria dizer e disse-o. Fez bem. Não mencionou nomes e também fez bem. Quem fez mal foi o presidente do sindicato que veio fazer uma defesa colectiva dos jogadores, quando o Rui Gregório apenas se referiu a 'alguns'. A não ser que saiba alguma coisa que a gente não sabe. Depois é completamente despropositado relacionar o valor de mercado dos jogadores com a respectiva capacidade de entrega, com o brio, coisas distintas, que quando não existem não têm defesa possível. E sobre conversas de balneário concerteza que Rui Gregório já as teve, mas pelos vistos não serviram para nada. Vidé as duas derrotas sucessivas a fazer crer que fosse qual fosse o adversário seríamos goleados na mesma! Sobre isto é que gostava que o Evangelista se pronunciasse.
E termino com as declarações de João Almeida que disse que se sentiu envergonhado face a tão triste exibição. Fez bem em dizê-lo, porque eu também me senti envergonhado e qualquer sócio do Belenenses sentiu o mesmo. E quando o presidente do clube exprime (em público) o sentir dos sócios (e adeptos) está sempre bem!

Saudações azuis

Reformar ou revolucionar?!

No futebol português a experiência dita que é mais fácil revolucionar que reformar. Explico-me: - como reformar é praticamente impossível, porque é praticamente impossível arredar (a bem) as forças de bloqueio, o melhor é tentar revolucionar, mesmo correndo o risco de errar. Dito isto, passemos à revolução: - concordo em absoluto com a política de rescisões com alguns jogadores que têm um salário excessivamente alto em relação à média e que ainda por cima, sejamos justos, em termos de custo-benefício nunca fizeram juz às expectativas. Não se trata de menosprezar ninguém, nem de fazer um juízo sobre a simpatia das pessoas, trata-se apenas de uma avaliação puramente futebolística, que é no fundo o que interessa. Infelizmente no Belenenses mistura-se tudo e depois ninguém decide com medo de desagradar a fulano ou sicrano. Já chega de panos quentes porque a política dos panos quentes está à vista de todos.
Assim, embora agradecido, mais a uns que a outros, é esta a minha opinião sobre os jogadores com os quais rescindimos:

Cândido Costa quando chegou ao Belenenses já não era extremo, adaptado a defesa direito nunca teve a velocidade requerida para o lugar, muito menos agora. Compensava essa carência com raça e brio, e às vezes com faltas. Por outro lado, atendendo às suas características, nunca conseguiu reciclar-se no meio campo porque não tem o sentido nem a espontaneidade do passe. Pelo contrário agarrou-se sempre muito à bola, o que como extremo fazia sentido, mas como médio, não.

Gabriel Gomez apareceu no Restelo com a aura (e provávelmente com o vencimento) de internacional do Panamá, era magrinho como um fuso e em campo, nos primeiros jogos, dava a sensação de grande agilidade e leveza. Mas este Gavilan desapareceu ao fim de pouco tempo. Tornou-se muito pesado, o que para o seu físico e para o seu futebol passou a constituir um handicap enorme. Nestas condições fez o que todos os jogadores fazem, refugiou-se num futebol de retranca, pouco ofensivo, e nunca foi o médio que todos os belenenses esperavam. Dizem-me que vai para o Parma, e das duas, uma, ou emagrece muito ou então o Parma vai jogar à Belenenses fim de estação – linhas recuadas, centrais e trincos com medo de avançar no terreno porque não têm velocidade de recuperação, e um avançado lá na frente à espera dos charutos que vêm de trás. Não acredito neste Parma.

Rodrigo Arroz veio do Flamengo, cartão-de-visita que costuma augurar grande qualidade, mas isso era dantes, antes da época dos empresários do futebol. Mas Rodrigo Arroz é um central razoável, porém, não tem a autoridade que se exige a um central a evoluir no futebol português. Macio, às vezes precipitado, às vezes a temporizar demais, estava no entanto a adaptar-se e até tem qualidades para disputar os lances de bola parada na área adversária. O seu ordenado é no entanto elevado demais para a segunda Liga e convenhamos, nunca foi um central amado no Restelo. O que em termos de confiança não é bom para um central.

Mas há mais jogadores que esgotaram a capacidade de espera que um clube lhes pode conceder, sem com isso comprometer a equipa.

Saudações azuis

segunda-feira, agosto 16, 2010

Nem tanto ao mar…

Nem tanta contabilidade nem tão pouco futebol, há que encontrar um equilíbrio, o Belenenses precisa de ter uma equipa minimamente competitiva, que não nos envergonhe, e isto tem pouco a ver com a qualidade individual deste ou daquele jogador, mas sobretudo com os ‘vícios que de longe vêm’, como dizia um Rei que deixou saudades. Entendamo-nos, está há muito instituída no clube uma cultura de ‘deixa andar’, de irresponsabilidade, que os jogadores imediatamente apreendem e copiam. E se alguma coisa de positivo podemos retirar destas goleadas é que não estamos apenas a falar de futebol, longe disso. Estamos a entrar no cerne da questão: - há muito tempo que o Belenenses é um clube para passar o tempo, um clube pouco exigente, e como é relativamente certinho no cumprimento das suas obrigações contratuais (ai dele se não fosse, caía-lhe tudo em cima!) é o clube ideal para um futebolista se reformar (incluindo no posto médico) ou então para se ir reformando. Este tipo de ambiente atrai jogadores pouco ambiciosos, sem carácter, e como não existe um contra-vapor educativo, as coisas vão-se degradando.
Por isso gostei de ouvir o desabafo do treinador bem como a reacção do presidente! É preciso continuar a falar verdade, e esta verdade tem que se estender a toda a estrutura do futebol - dirigentes, treinadores, adjuntos, e também àqueles que quer o Belenenses desça quer não desça, por lá continuam, como se fosse tudo igual ao litro.
Sobre os jogadores que temos não gostaria de me pronunciar, mas uma coisa já vi há muito tempo – não há por ali um capitão a sério, uma voz de comando, alguém inconformado!
Sabemos que dizer mal nestas alturas é fácil, mas ignorar o assunto seria bem pior, portanto vamos levantar a cabeça porque ninguém acredita que de repente todas as equipas são melhores que o Belenenses! Isso é um absurdo.

Saudações azuis
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.Nota básica: Mas é verdade que até à data não temos ninguém que marque golos. E sem golos não há vitórias.

domingo, agosto 15, 2010

Pinceladas de azul

Palavras claras, ideias azuis, em entrevista ao jornal Record o presidente do Clube fala verdade. E esta verdade traz, apesar de tudo, alguma esperança. Destaco:

Record O Belenenses está como esperava encontrá-lo ou foi surpreendido de alguma forma?

João Almeida – Fui um pouco surpreendido com a dimensão do incumprimento das obrigações do passado. Era sabido que o clube tinha um passivo razoável e que a situação de tesouraria era muito difícil, mas pensámos que as que resultaram de acordos feitos anteriormente estivessem mais desanuviadas. Ora isso tem-nos pressionado muito… temos sido surpreendidos constantemente por penhoras, execuções e incumprimentos que nos condicionam no dia-a-dia.
(…)

Record Este primeiro ano pode ser considerado de transição?

João Almeida – Não é de transição: este ano é decisivo para a salvação do Belenenses e é bom que as pessoas tenham absoluta consciência do que é que está em causa. Desde a primeira hora que acentuamos a ideia de que é fundamental sabermos se é possível salvar o clube da situação infeliz em que se encontra.
(…)

Record – Qual o nível que atingem as dívidas a antigos jogadores e treinadores?

João Almeida – É preciso que as pessoas entendam que temos um plantel a trabalhar e outro de ex-jogadores, muito mais caro, e que pesa muitíssimo todos os meses no orçamento. O que é insustentável. No futuro isso não pode voltar a acontecer…
O futuro está desenhado: pôr os pés na terra, assumir responsabilidades e passar um tempo difícil para depois voltarmos a crescer.

A entrevista é longa, importante, e apenas transcrevi uma pequeníssima parte.


Saudações azuis.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Mudem qualquer coisa

A erva não cresce no Restelo, incapazes de ver um camião à frente dos olhos como é que íam descobrir um bebé abandonado num cestinho junto ao portão principal! Era só pegar nele e levá-lo para dentro do estádio. Mas isso no Belenenses é complicado, há-que reunir, marcar uma AGE, dar a devida publicidade ao assunto e deixar as coisas em banho-maria. Para dar gosto. Entretanto a cegonha pegou no bebé e levou-o para Guimarães. Se calhar fez bem, foi a sorte do rapaz, porque no Restelo passaria por um jogador medíocre, sem futuro. Um dia isto há-de mudar, tem que mudar, um dia…

Menos clubes do norte na primeira Liga é a novidade em termos de estudos de opinião. O Belém Integral já glosou o tema e se não marcámos golo acertámos na trave. Mas eu penso que marcámos golo. O melhor é esclarecer outra vez o assunto: - segundo Herculano Coutinho, geógrafo, “o mapa dos clubes da primeira Liga funciona como espelho das grandes assimetrias no continente”, uma verdade indiscutível. E assim temos todos os clubes no litoral e ninguém no interior, cada vez mais desertificado. O norte tem vindo a perder terreno por duas ordens de razões – a crise da indústria, têxtil sobretudo, e um menor favorecimento por parte das autarquias, empenhadas em resolver a crise social. Curiosamente no sul, especialmente em Lisboa (e isto não foi dito nos tais estudos de opinião) esse menor favorecimento não se tem feito sentir, antes pelo contrário, e quando não pode ser a CML a avançar, o poder político inventa soluções, para acudir aos seus filiados mais necessitados – Benfica e Sporting. E por isso vemos a FPF a inventar campeonatos do mundo a qualquer hora do dia ou da noite (pensemos no aluguer dos estádios) ou assistimos (em directo) aos gestos de grande generosidade por parte de empresas com ‘golden share’ para dar e vender.
Se a tudo isto juntarmos o que dizem os relatórios internacionais sobre Portugal, particularmente sobre o fosso das desigualdades entre ricos e pobres (leia-se clubes grandes e pequenos) e estamos todos conversados.
Portanto, tirando o caso das regiões autónomas onde a persistência de dois clubes da Madeira é algo que há muito previmos, a grande conclusão a extrair é a seguinte: - a primeira Liga reduz-se a três clubes excessivamente grandes, mais um ou dois clubes quase satélites, que ainda têm alguns adeptos próprios, porque o resto é paisagem. O Belenenses está na segunda Liga e veremos se consegue manter-se sem ser quase satélite e com alguns adeptos próprios.
E já que falamos na Oranjina convém recordar que nesta Liga é quase tudo do norte. Exceptuam-se Belenenses, Estoril, Fátima e Santa Clara dos Açores.

Saudações azuis

quarta-feira, agosto 11, 2010

País minúsculo

Eu também gostava de ser assim, abrir o jornal e lá vou eu a caminho do Real Madrid, num dia, porque no dia seguinte já vou a caminho de Londres para substituir no Chelsea quem afinal foi para o Real Madrid. E neste vai e vem a parada aumenta, parece um taxímetro. E passamos a outra notícia de grande relevo – o Brasil venceu os Estados Unidos - e lá estou eu outra vez, imponente, a saltar (desta vez sem sarrafadas por trás) que a canarinha sou eu… e mais dez! O Ramires já passou à história, rendeu pouco dinheiro, está com dificuldades em obter visto para jogar em Inglaterra, mas comigo é outra loiça. Mais uma notícia e o espanto continua, o Benfica bate a concorrência, tem saldo positivo nas compras e vendas de jogadores! Umas linhas à frente corrige-se a situação – afinal é o Braga quem tem o melhor saldo!
Atiro o jornal para o lixo mas mesmo no lixo surge a interrogação: - mas porque é que é tão importante vender o David Luís se andam a nadar em saldos positivos?!

‘Eh, Mano, estás em grande…’ mas a culpa não é tua é nossa, nossa que te apaparicámos, nossa que perdemos tempo (e dinheiro) a dar-te formação, e se não fosse a protecção legal (até estou admirado como é que esta lei ainda existe!) perdíamos tudo. Descemos de divisão contigo, descemos de divisão com uma série de jogadores que acham que não têm nenhuma responsabilidade no assunto. Mas a culpa é nossa, a cultura da irresponsabilidade fomos nós que a introduzimos no clube, o pensamento minúsculo também. Este pensar pequenino é uma erva de esquerda, erva de Abril que onde entra dá cabo de tudo. Não tem nada a ver mas é curioso como levamos sempre na corneta no ’25 de Abril’… em Penafiel. Não é de agora.

Saudações azuis

domingo, agosto 08, 2010

Penafiel 3 - Belenenses 1

O Penafiel bateu este domingo o Belenenses por 3-1, em jogo inaugural do Grupo B da Taça da Liga. Os golos foram apontados por Wesllem (36 e 39 minutos) tendo Camará reduzido no inicio da segunda parte, aos 53 minutos. Michel marcou o terceiro golo dos anfitriões aos 71 minutos. Com este resultado o Penafiel lidera o grupo uma vez que Freamunde e Arouca empataram (1-1).

Fonte: 'A Bola' on line.

Apesar do Hulk…

O Porto ganhou a Super Taça, Villas-Boas teve méritos tácticos, deixou o país de orelha murcha, e bem vistas as coisas até se deu ao luxo de jogar com dez! Esta é uma crónica que gosto de escrever, não é sobre o Belenenses mas podia ser, é sobre o remar contra a maré, como bem explicou o treinador do Porto logo após o jogo.
O tema é a história daqueles activos que se compram para valorizar e vender mais tarde por triliões… pensamos nós! Assim pensou Pinto da Costa mas desta vez enganou-se redondamente. E já perdeu um campeonato à conta disso, e nem à Liga dos Campeões conseguiu chegar! Disfarçou o assunto com as perseguições nos túneis, e se é verdade que os túneis destabilizaram o clube, não foi por falta de Hulk que o Porto se viu relegado para o terceiro lugar no campeonato. E ontem quem quis ver, viu. A equipa a carburar em pleno e um jogador desgarrado, armado em vedeta, a perder a bola infantilmente em sítios proibidos, esquecendo-se de ajudar o lateral do seu lado (Sapunaru) que ainda por cima não é grande espingarda, e nas acções atacantes, imprevisível, mas no pior sentido do termo! Às vezes acerta na melhor opção, a maioria das vezes nem tanto. E quanto a pontaria, já vi melhor.
É claro que o rapaz tem atributos, físicos sobretudo, arranque, finta em velocidade, e um remate poderoso com o pé esquerdo. Mas isto não faz dele um jogador imprescindível, muito pelo contrário, se fosse eu o treinador, servia para entrar nalguns jogos, e se as coisas lhe começassem a sair bem, continuava. Ao menor sinal de individualismo, retirava-o de campo. O problema é que o Hulk está convencido que é um crack! E como tal, quer ser ele a marcar todos os livres! Mas quantos golos de livre já marcou Hulk ao serviço do Porto?!
Pois é, Pinto da Costa alimenta a lenda de Hulk, o terrível, para ver se o vende bem no mercado, mas aquilo é mais pólvora seca que outra coisa. É possível que já no próximo jogo o Hulk me desminta e marque um golaço, depois de ultrapassar vinte adversários! Mas nem assim me convence. Ainda sei distinguir entre grandes jogadas e grandes jogadores. E prefiro os grandes jogadores.

sábado, agosto 07, 2010

Pontapé de saída

Amanhã, pelas 16 horas, em Penafiel, o Belenenses defronta o clube local para a Taça da Liga. Será o pontapé de saída para uma nova época, uma época que esperamos comece (e acabe) com o pé direito. O treinador Rui Gregório mostra-se confiante, embora, segundo afirma, aguarde ainda por dois elementos para reforçar o actual plantel - um defesa central e um ponta de lança. Seja como for, trata-se do primeiro jogo a sério, um primeiro teste às nossas capacidades, e é nestes desafios (ainda por cima a jogar fora) que se revelam as forças e as fragilidades da equipa. Veremos então qual o grau de maturidade de alguns jovens que irão ocupar lugares chave dentro do conjunto, veremos qual vai ser a personalidade deste Belenenses, um Belenenses que queremos igual a si próprio, que desde o primeiro minuto parta à conquista da vitória!

Já ouvi várias opiniões sobre os objectivos para esta época e normalmente a fasquia é colocada em patamares modestos, e todos compreendemos que assim seja. A necessidade premente de contenção de despesas, e a necessidade não menos urgente de pôr o clube nos eixos, a isso obriga, e quando digo nos eixos, refiro-me aos caminhos que fizeram a sua glória. Porém, se a paciência é uma virtude, a esperança de uma breve passagem pela Liga de Honra está sempre presente no meu espírito e, estou certo, no espírito de todos os belenenses. Por isso, mãos à obra, que o futuro começa amanhã.

Saudações azuis

sexta-feira, agosto 06, 2010

A concorrência que interessa

Para mim a única concorrência que conta ainda são os milhafres, os lagartos, o Porto mais ao longe, e as saudades dos antigos confrontos com o vizinho Atlético! De resto não tenho outras rivalidades. Eu sei que de repente vamos ter que inventar uma rivalidade qualquer com o Gil Vicente (Mateus na jogada), com o Santa Clara, por causa do pássaro na camisola, eu sei lá… Mas falemos da concorrência a sério:

Primeiro que tudo reconhecer que o Vieira das Furnas é esperto, sabe-a toda, e sabia que o Benfica, no actual estado de orfandade da nação, era trunfo garantido. E fez pela vida. Contando evidentemente com as benesses de um regime (republicano) ávido de propaganda, pois é com propaganda (e com subsídios) que se ganham eleições neste país.
Beneficiou também do centralismo lisboeta, uma realidade incontornável, e beneficiou (e beneficia) do ódio visceral que a capital dos funcionários alimenta contra a cidade Condal, capital do trabalho, o Porto. Ódio que cresceu depois de um longo jejum imposto ao nacional-benfiquismo!
Mas Vieira não dorme, na altura própria deu o golpe dos túneis, deu muitos outros golpes, fez uma fundação, e tiro-lhe o chapéu, arrancou com os fundos de investimento (sabe-se lá donde vêem!) e assim trouxe à equipa do Benfica uma qualidade indiscutível. Mas mais, passa a vida em peregrinação pelos países da emigração, tem toda a comunicação social a segui-lo, a entoar-lhe loas, e encetou uma verdadeira batalha para discutir os direitos televisivos contra a Olivedesportos. Noutros tempos a grande força do norte futebolístico. Esta é a realidade da verdadeira concorrência que nos espera a todos – Porto, Sporting e particularmente ao Belenenses, se não quisermos desaparecer a prazo.
E deixo uma pergunta para o fim, uma pergunta hipotética, já se vê: - será que se fosse o Belenenses a lançar-se nos fundos de investimento, ou se quisesse arrancar com uma fundação, isso lhe seria permitido?! Ou rebentava logo uma bronca instigada sabe-se lá por quem, devidamente orquestrada pela comunicação social, gritando mil e uma ilegalidades?!


Saudações azuis

segunda-feira, agosto 02, 2010

Olhando a concorrência…

Comecemos pela concorrência interna, a pior, a mais perigosa e que esta direcção tem que eliminar (ou dominar) a todo o custo. Vocês sabem do que falo, dos núcleos, das modalidades autónomas, do Bingo, etc., eu sei que é tudo em prol do clube, só que os clubes vencedores não funcionam assim, bem pelo contrário, armam-se de uma estrutura fortemente centralizada, sabe-se quem manda, e não manda mais ninguém. Nos clubes que singram não existe ‘regionalismo’ interno, assumem uma estratégia indiscutível, os custos são controlados e as receitas também. Até os jogadores sentem isso e pensam duas vezes antes de fazerem as suas consabidas exigências. Exemplos flagrantes – o FC Porto e mais recentemente o Benfica, que copiou o modelo.
Tenho imensa pena, mas é assim que penso e se me perguntarem qual é o mal profundo que corrói o Belenenses apontarei esse, ou seja, a dispersão de actividades que invariavelmente correspondem a fontes invisíveis de poder.

Deixemos por ora os núcleos em paz, e centremos a nossa atenção no Bingo, essa árvore das patacas, que tem condicionado (para o bem e para o mal) toda a vida do clube. Estabelecido para favorecer a formação e o desenvolvimento de actividades que nada têm a ver com o futebol, acabou por ser (nos clubes de futebol onde foi autorizado) o principal suporte financeiro desses mesmos clubes.
E com a facilidade com que entrava o dinheiro, entraram também uma série de vícios e distorções que mais tarde ou mais cedo se viraram contra os próprios clubes. Podemos desenvolver este tema noutra ocasião, mas não foi por acaso que os clubes que possuíam os bingos mais florescentes, ou desapareceram ou estão perto disso. Cito a título de exemplo, o Salgueiros, o Boavista, o Estrela da Amadora e o próximo seremos nós se não atalhamos caminho.
Andou bem esta direcção ao emitir um comunicado claro e firme, revelador daquilo que venho afirmando - o Bingo se não for controlado pode rápidamente virar-se contra os interesses do Belenenses. Não me esqueço que este Bingo já fez cair direcções eleitas pelos sócios, e que à mínima dificuldade não hesita em vir para a rua denegrir a sua entidade patronal. Tal como agora, com esta greve despropositada… a uma sexta-feira!
Gostava de ver se fosse o Benfica ou o Sporting, nas mesmas circunstâncias, se acontecia todo este espalhafato! Até íam trabalhar de borla!
Portanto, cuidado com o Bingo, cuidado com este (e outros) cavalos de Tróia.

Saudações azuis.

domingo, agosto 01, 2010

Deu para ver

Ontem, estádio do Restelo com pouca gente, falhou a limpeza, as cadeiras estavam sujas, sujei os fundilhos das calças e o meu lenço azul e branco ficou cinzento, o speaker grita muito, a música também, mas gostei dos equipamentos, a Cruz de Cristo está de novo em cima do coração!

Sobre a equipa, vi um colectivo esforçado, mexido, aqui e ali com bons apontamentos, e todos reconhecemos que se trata de uma equipa de ex-juniores, jovens com futuro, a que se juntam três ou quatro jogadores mais experientes.

E foi um desses mais experientes, Devic, que logo no início, entregou a bola a um adversário (Anselmo, falei dele tantas vezes!) e assim sofremos o primeiro e único golo. Aliás, um golo à ponta de lança, com todos os condimentos que esses golos têm – azelhice do defesa, sorte no ressalto (em Arroz) e guarda-redes mal batido. Mas foi golo.

Para além do golo, Luís Carlos, vê-se, foi uma excelente aquisição, o defesa direito Duarte Machado é minorca, não sei se tem velocidade compatível, mas tem bom toque de bola e alguma lucidez a entregar. Digo isto porque o lado direito da nossa defesa foi diversas vezes ultrapassado durante o primeiro quarto de hora de jogo. Depois estabilizou com a ajuda de Barge.

Guarda-redes, vi três – Néné (baixote, sofreu o golo, mas não comprometeu); Assis (boa planta, uma saída em falso, talvez encadeado pelo sol) e o alemão Semler, que jogou na segunda parte (físico de alemão, pareceu-me calmo e não vislumbrei erros).

No meio campo Celestino ainda demora a pensar, marcou livres, alguns bem marcados. André Almeida não impressionou, e Freddy tem que soltar a bola mais depressa. A produção atacante durante o primeiro tempo, mau grado o esforço de Camará e algumas iniciativas de Luís Carlos ou Freddy, resumiu-se a um golo anulado por fora de jogo.

Na segunda parte, com equipamento todo branco, ocupámos melhor os espaços, a entrada de Tiago Almeida trouxe alguma força (e técnica!) não apenas ao ataque mas também ao meio campo, tal como a entrada de Azeez, um médio esperançoso que fala outra linguagem em termos de pensamento de jogo! E foi com a equipa mais junta, com os centrais mais subidos (Pelé e Paiva), que descemos mais vezes pelas laterais (Duarte Machado e Tiago Gomes) e levámos mais perigo à área do Nacional. Perigo relativo, é certo.

Por isso, nada de ilusões, ganha quem marca e para marcar é preciso ter goleadores. O problema é que há poucos e os poucos que existem são caros.
Mas havemos de descobrir (ou fabricar) qualquer coisa.
Resumindo e concluindo, um balanço positivo desta apresentação aos sócios.

Saudações azuis


Post- Scriptum: Fica para próximo postal um comentário à greve do Bingo.