sexta-feira, maio 16, 2014

A nau das descobertas

A velha nau chegou a Belém e dela desceu o comandante. Para quem o quis ouvir, falou por parábolas:

- Um homem tinha uma vinha, boa cepa, o seu vinho era famoso, mas um dia, manda quem pode, foi obrigado a replantar a vinha noutro lado. Assim fez. Deram-lhe uma pedreira no deserto mas ele lançou mãos à obra! A nova vinha renasceu, pujante, em tudo semelhante à antiga. O vinho continuava a ser bom e vê-la era um regalo para os olhos! Requalificado o espaço, em pouco tempo foi a vinha rodeada por bonito e elegante bairro, hoje local de embaixadas. Esse mérito, honra lhe seja feita, ficará para sempre associado ao dono da vinha!

Entretanto a vida prosseguiu, a obra tinha custado um pouco mais do que o previsto, e os juros, que na altura tinham que se pagar, começaram a pesar no orçamento. O necessário investimento na vinha decresceu. O vinho começou a não ter forças para lutar com a concorrência.

E como um mal nunca vem só, os filhos do vinhateiro tinham mais olhos que barriga: - um deles, que gostava de andebol, quis ter um pavilhão e assim se fez o pavilhão. Atravancando o natural desenvolvimento da vinha; um outro filho quis ter uma piscina e assim se fez a piscina; O Bingo deu asas à megalomania, a dispersão de actividades e a consequente descaracterização prosseguiram, descuidou-se a vinha, o vinho ressentiu-se. É hoje uma zurrapa! O pior é que os proprietários habituaram-se a viver de rendas e não da vinha. 

Resultado: - hoje já não percebem nada de vinha, e para alguns é um estorvo! Para cúmulo, já nem no negócio do vinho participam! Cederam, arrendaram, trespassaram o velho negócio de família, razão de ser de tudo o resto!
É neste ponto que estamos, e a parábola termina aqui.

Perguntas e respostas:
E agora o que fazemos?!
Voltar à vinha (e ao vinho), obviamente.
E a ‘Cidade do Belenenses’ como é que fica?!
A cidade do Belenenses é Lisboa.


Saudações azuis