quinta-feira, janeiro 31, 2008

Record, passaportes e asneiras

O jornalismo em Portugal é como tudo o resto, medíocre, serviçal, dependente. E corporativo. Dentro da mesma redacção, basta um dos gurus de serviço tomar partido em determinado assunto e logo todo o jornal se assume como massa associativa e acrítica. Há excepções? Claro que existem sempre excepções, mas diluem-se e desaparecem no mar imenso das unanimidades. Vejamos, por exemplo, o ‘caso Meyong’, tornado caso e despoletado pela brilhantina encaracolada de um dos seus eminentes colunistas: pois bem, a partir da denúncia e da imediata condenação do Belenenses, começaram a surgir notícias tendenciosas em apoio da tese inicial... tese que já foi contestada pelo bom senso e por pessoas que têm obrigação de saber alguma coisa do assunto.

A última tentativa foi ontem publicada comparando o ‘caso Meyong’ ao de Vitinha, jogador que pretende alinhar pelo Feirense, mas que se viu impedido de o fazer pela nossa estimada FPF alegando que o jogador já tinha jogado pelo Beira-Mar e também pelo clube-satélite, o Avanca. O Feirense seria assim o terceiro Clube representado na mesma época. E pode ler-se no Record: “O facto de existirem precedentes com atletas emprestados que já tinham actuado pelas equipas B e satélites do clube de origem, pelos vistos nem sequer foi ponderado”! O ponto de admiração é nosso e confirma uma série de contradições, a saber:
Em primeiro lugar Meyong não fez a sua terceira inscrição dentro da mesma Federação, porque jogou em Espanha e jogou em Portugal, o que é um pouco diferente, especialmente se atendermos à ‘ratio legis’ da controversa norma da FIFA. Em segundo lugar, a ser verdade o que se passou com Vitinha, o liminar indeferimento federativo, havendo precedentes, é típico de um organismo fraco e inútil. E lança o jogador no duplo desemprego… de direito e de facto!
Mas se calhar, e ao contrário do que o citado jornaleco pretendia, esta célere tomada de posição da FPF, vem inocentar ainda mais o Belenenses, porque confirma o óbvio, ou seja, que a responsabilidade do licenciamento cabe a quem pode deferir ou indeferir as mesmas licenças. No caso do Belenenses a Federação deferiu, e ponto final.

Entretanto, e para aumentar a confusão, vem a descobrir-se que no ‘passaporte’ de Meyong, documento decisivo para inscrever e licenciar jogadores, uma espécie de certidão de narrativa completa do respectivo percurso futebolístico, descobriu-se, dizia, que só constam duas inscrições nesta época – Albacete e Belenenses! Logo, Meyong podia e pode jogar pelo Belenenses, não há qualquer ilegalidade visível. E então o Levante?! Como é que jogou os tais 12 minutos pelo Levante, no início do campeonato espanhol?! Jogou sem estar inscrito?! Aceitam-se palpites, mas que na realidade já não interferem com os “seis pontos” que nos queriam escamotear.
Portanto, e até novas ordens, Meyong deve poder jogar pelo Belém, enquanto a FIFA, a Real Federação Espanhola, e a Federação Portuguesa de Futebol (provavelmente na companhia do Levante) não encontrarem uma solução melhor. E já agora, uma solução que respeite o direito ao trabalho, salvaguardada que esteja a verdade desportiva. Depois de se entenderem... telefonem ao Record, para sossegar o Rui Santos, e não só.

E não só, porque houve muito boa gente que se precipitou e que desatou a dizer, e a fazer, asneiras. O meu Clube também enfia a carapuça, também deu inicialmente alguns tiros nos pés.
Espero que daqui para a frente... como diz a canção... tudo vai ser diferente... Será?!

Saudações azuis.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Sensações

Tenho a sensação que não gostava de ver a taça presidente da república (perdida pela nossa equipa de andebol) numa vitrine da sala de troféus do Belenenses. Nestas e em outras situações sou fundamentalista, não gosto de gato por lebre. Taça Cavaco Silva aceito, tem nome, corresponde ao regime que faz da interrupção e da descontinuidade históricas o seu valor mais alto! Precisamente o contrário da monarquia onde a sucessão assegura a continuidade e a representação de todos, mortos, vivos e por nascer. As taças do rei que se disputam fazem sentido porque o rei é de todos e não é de ninguém… porque ninguém votou nele nem contra ele. Isto é o abc da política, mas com a febre do ‘centenário’ aí à porta, com o gosto da decadência já adquirido, os nossos republicanos perdem a cabeça e desatam a copiar o que não pode ser copiado: primeiras damas em vez de rainhas, taças do presidente em vez de taças do rei, etc. etc.…

Outra sensação, bem melhor que a anterior, tem a ver com o chamado ‘caso Meyong’! Afinal, os 'ruis santos' baixaram a bola e o alarido calou-se de repente! Parece que ainda não é desta que conseguem lixar o Belém. E cá o rapaz sempre tinha razão, contra a corrente, também interna, que já nos condenava ao degredo. Talvez que a repetição do jogo seja a solução mais equitativa. Talvez… Mas na condição de o Meyong voltar a jogar ainda esta época.

Mais sensações são as que se prendem com a crise directiva no Belenenses. As eleições estão marcadas, destinam-se ao órgão Direcção, e por uma vez talvez concorde com a receita, a saber: sou favorável a eleições separadas para os vários órgãos que compõem os corpos sociais de uma colectividade. Quero perguntar, e sem ofender ninguém, para que serve um Conselho Fiscal que é ‘escolhido’ pelo candidato a presidente?! O próprio Presidente (ou Mesa) da Assembleia-geral deveria durar mais tempo no cargo que os restantes órgãos. É preciso mudar a lei? Mude-se, Será preciso adaptar os Estatutos? Adaptem-se.

A última sensação diz respeito ao Inquérito que recebi em casa e que justifica o seguinte comentário: quanto ao Inquérito propriamente dito, a que vou naturalmente responder, nada a dizer, penso que foi uma boa iniciativa. Já quanto à pergunta primeira e central, não posso concordar com ela, porque de certo modo explica a noção vaga e desfocada que os actuais dirigentes têm do Clube e das funções para que foram eleitos! Explico: por muito avançado, moderno ou democrático que um presidente do Belenenses queira ser, nunca se pode esquecer que ele não foi eleito apenas para ir ao encontro das vontades, explícitas em determinado momento, por umas centenas ou mesmo milhares de associados. Compete-lhe, isso sim, defender e preservar a identidade do Clube face aos desígnios fundadores, respeitando ao mesmo tempo todos aqueles que ao longo de gerações (e são quase cem anos!) o amaram, contribuindo para a sua perenidade e grandeza. Só assim estará em condições de transmitir aos vindouros a mesma possibilidade que os actuais sócios têm e tiveram de serem do Belenenses!
Por isso a pergunta fatal – Qual deve ser a missão do Clube de Futebol “Os Belenenses” – eu, se fosse presidente do Belenenses, não a faria.
Poderia ter mais ou menos dúvidas sobre as decisões a tomar, poderia ter mais ou menos meios para prosseguir os objectivos traçados para o mandato, mas nunca teria dúvidas sobre o destino do meu Clube.
Talvez que isso resulte também da minha mentalidade monárquica.
Saudações azuis.

sábado, janeiro 26, 2008

O jogo de Braga

Este jogo era importante a vários títulos e por isso tive o cuidado de pedir uma facilidade horária, onde trabalho, para poder assistir (no sófá, com dois assentos) ao respectivo prélio. Claro que peço desculpa aos ‘indefectíveis’ por não ter ido a Braga e só espero que não me coloquem na lista dos ‘pantufas’, a exonerar em próximo acto cívico.
Mas vamos ao jogo: dizia eu que era importante verificar o comportamento da equipa depois do ‘caso Meyong e sucedâneos’, aferir da sua reacção competitiva, e partir para um prognóstico quanto ao resto do campeonato. E foi positiva a atitude dos jogadores, a correrem na tentativa de recuperar a bola logo que a perdiam, sem entrarem em expectativas perniciosas, viu-se que queriam ganhar o jogo, e isso é que interessa. Como sempre faz, Jorge Jesus, estudou bem o adversário e montou um esquema que confundiu o Sporting de Braga durante toda a primeira parte! O Belém actuou em bloco, e viram-se os nossos laterais a apoiarem as transições atacantes. Mas não estávamos a jogar sozinhos. Do outro lado havia uma equipa que também tentava sua sorte, mais perigosa pela esquerda, confundindo algumas vezes Cândido Costa, ainda á procura da melhor forma e melhor posicionamento defensivo, e também pela direita, arrancando algumas faltas perigosas junto à grande área azul. Mas a iniciativa do jogo era nossa, o pendor ofensivo aumentou, e assim, o golo de Rolando chegou naturalmente. Zé Pedro marca um livre, a bola vai da cabeça de Weldon para o poste e sobra para a recarga oportuna de Rolando! Estávamos a seis minutos do intervalo.
Na segunda parte e como sempre acontece quando estamos em vantagem no marcador, continuámos a jogar da mesma maneira, mas o adversário foi mudando, foi experimentando outras soluções, e foi criando outros problemas. Do nosso lado alguns jogadores, caso de Gavilan, revelavam cansaço, mas o pior é que não conseguíamos tirar partido do contra-ataque! Era preciso fazer alguma coisa, João Pereira, o irrequieto (e irritante) arsenalista, carregava sobre Alvim, o recém entrado César Peixoto ameaçava disparar à baliza, e Wender… é sempre um jogador difícil de travar. Jesus gesticulava mas não resolvia as nossas dificuldades de transição ofensiva. E foi a vez do empate aparecer naturalmente – a bola andou por ali, mal devolvida, no despique de cabeça com Wender, Cândido precipita-se e é batido, Wender consegue cruzar, a bola muda de trajectória em Rolando e vai de bandeja, para Linz facturar. Aconteceu aos 66 minutos da segunda parte. E vi o caso mal parado. Mas veio ao de cima, de novo, o arreganho dos nossos jogadores, suficiente para aguentarmos o empate… com um susto perto do fim. Mas a bola desviada por Wender seguiu do poste para as mãos de Costinha!
Jesus, que só fez substituições no fim do jogo, para queimar tempo, declarou na entrevista da praxe, mais ou menos o seguinte: - se o futebol fosse basquetebol, teria tido tempo, no fim de cada período, para reorganizar a equipa. Mas como não é…
O que eu digo é diferente – os treinadores de futebol, quando estão a ganhar, não podem ficar bloqueados no banco enquanto o adversário vai ensaiando soluções para dar a volta ao texto. É por isso, por não ter essa capacidade de leitura de jogo, e reacção aos acontecimentos, que eu não sou treinador de futebol.
Sendo assim, esta crónica é para ser lida com alguma indulgência.
Resultado final: Braga 1 – Belenenses 1.
Melhor em campo do Belenenses: o colectivo, na primeira parte, e a atitude de vencer, durante todo o jogo.
Melhor em campo do Braga: ‘o irritante’ João Pereira… e a sagacidade de Linz.
Saudações azuis.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Meyong sim ou não?!

Claro que Meyong sim, precisamos dele, está emprestado até ao fim do campeonato, e podemos, e devemos, recorrer às instâncias superiores para que clarifiquem a aplicabilidade da legislação ao caso concreto. Não passa pela cabeça de ninguém, e daí alguma indulgência para a amnésia geral, que um jogador naquelas condições não possa trabalhar durante meses, nem sequer no clube que detêm o seu passe, mas que esta época nunca contou com ele. Minto, contou com Meyong durante alguns minutos! Neste ponto, o sindicato dos jogadores tem que intervir, porque a carreira de um jogador que não joga, não estando lesionado, desvaloriza-se ou acaba. A norma que terá sido violada não pode obviamente produzir ou obter efeitos tão perversos. E por isso, cabe à nossa Federação tomar o assunto a peito, e em lugar de se esquivar a responsabilidades, podia e pode valorizar o argumento invocado. Não lhe ficava mal estabelecer uma interpretação equitativa, salvaguardando a boa fé de todos os interessados.
Alguns dirão que houve prejuízo de terceiros. Talvez sim, talvez não. Mas uma solução salomónica podia passar por repetir o jogo com a Naval… se a Naval estivesse pelos ajustes.
De outra forma, no plano puramente jurídico, devemos manter a pressão para que Meyong volte a jogar na época em curso, e porque continuamos de boa fé, defendamos os interesses do Belenenses até ao fim. E temos fortíssimos argumentos a nosso favor, que aliás já foram enunciados por Cunha Leal, ex-director da Liga de Clubes. A distinção entre inscrição e licenciamento joga a nosso favor, mas o argumento decisivo prende-se com o ‘princípio da certeza nas relações jurídicas’, eixo fundamental de qualquer estado de direito, e que remete a responsabilidade para a entidade licenciadora.
Saudações azuis.

sábado, janeiro 19, 2008

Uma nova era

Virar a página, reencontrar o seu destino, é o que todos os belenenses esperam, é o que todos queremos. Não se trata de enxovalhar ninguém, apenas e tão só encontrar uma direcção que promova a reconciliação entre os sócios e que coloque o Belenenses de uma vez por todas no lugar que lhe cabe e que já foi seu. Quaisquer outros objectivos ou desígnios estarão sempre condenados ao insucesso. Um clube que nasceu para ser grande não consegue fazer vida de pequeno, acaba por morrer. É isto que nos está a suceder. E reconheçamos, sem complexos, que quer esta direcção quer as anteriores há muito que perderam aquela ambição, e que nós, os próprios sócios, também a vamos perdendo lentamente. Há que sacudir o marasmo, mudar de paradigma, e para isso nada melhor do que recuarmos aos bons exemplos do passado, ao passado em que éramos grandes porque tínhamos uma mentalidade grande! Um exemplo: um Belenenses ‘à Belenenses’, não pode despedir um seu funcionário, em público, entregando-o como Poncio Pilatos ao ódio dos arruaceiros! Aliás, foi este acto, e não a mera ‘questão dos seis pontos’, que descredibilizou completamente esta direcção. Pois ainda que tivesse todas as razões para o despedir, não o poderia ter feito daquela maneira, nem naquelas condições de risco para a sua integridade física! E já nem comento os aspectos negativos, e irresponsáveis, que tal atitude pode acarretar para a nossa causa no que se refere à utilização do jogador Meyong! Espero, por fim, e para encerrar este triste capítulo da história do Clube, que os agressores não fiquem impunes.

Mas, como disse, viremos a página para que possamos encarar o presente com determinação e o futuro com confiança. E para cumprir este desiderato, nada melhor do que escrever umas linhas sobre o Meyong e o ‘caso Meyong’, duas coisas distintas, que a balbúrdia e a confusão entretanto geradas não permitiram ainda destrinçar.
Será tema de um próximo postal.
Saudações azuis.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Fora da Europa

Quando já estava convencido que tínhamos a pior direcção da Europa, quando muito, estávamos a lutar ombro a ombro para o segundo lugar, chega-me a infausta notícia que afinal vamos ficar fora dos lugares europeus! Já com o Gil Vicente foi o mesmo, tínhamos descido de divisão, a direcção tinha conseguido o ambicionado apuramento, mas veio de lá o Fiúza e mostrou a toda a gente que era ele que merecia o prémio, era ele o pior presidente da Europa. Com esta bronca do Meyong, estamos na mesma, o lugar era nosso, parecia garantido, mas não está. E não está porque enquanto esta Federação e esta Liga existirem é muito difícil batê-los em incompetência! Pode-se até dizer que os dois primeiros lugares da Champions estão entregues, Cabral Ferreira por muito que se esforce, não tem hipóteses. A não ser que continue a fazer asneiras, a demitir Janelas, quando devia estar sossegado, ou se insistir em trazer para a praça pública aquilo que devia ficar portas adentro.
Já se percebeu que esta época quem vai ficar em primeiro lugar, destacado, é o Madaíl e a sua incompetentíssima federação. Já se percebeu também que a liga do Hermínio vem logo a seguir. E já se percebeu que nem a liga nem a federação conseguem instaurar um processo disciplinar ao Belenenses… sem primeiro instaurarem um processo disciplinar a eles próprios!
Em resumo, fora da Europa, mas preparados para uma batalha judicial longa e de resultados imprevisíveis. Imprevisíveis, porque nesta embrulhada ninguém fica bem na fotografia. Nem a FIFA, que pariu a ‘norma casca de banana’.
Aguardemos por melhores dias.

terça-feira, janeiro 15, 2008

São quatro da tarde…

Tenho a espingarda apontada á cabeça da Direcção, um tiro basta para a derrubar, então porque hesito?!
São quatro da tarde e nada, ainda não tivemos a explicação devida pelo facto insólito de termos feito alinhar um jogador que segundo tudo indica não podia alinhar! E ao que parece, toda a gente sabia disso menos a nossa Direcção!
São quatro da tarde e há quem proponha uma Assembleia-geral extraordinária para destituir a Direcção. Não excluo essa hipótese, a mais lógica nas circunstâncias, mas ainda hesito.
Hesito porque a minha única preocupação neste momento é a equipa do Belenenses e a sua permanência na primeira divisão. Sacrifico tudo a esse objectivo. Sacrifico a minha íntima convicção de que esta Direcção não serve para o Belenenses. Como aliás sempre afirmei, alto e bom som, enquanto a maioria insistia no erro. Quando era eu que propunha a rotura com o passado recente, apostando na juventude belenense de Gouveia da Veiga, ou Gouveia Gomes, como queiram chamar-lhe. Mas não foi esse o entendimento dos sócios.
Sendo assim, que fazer?!
Em primeiro lugar a Direcção deve uma explicação cabal a todos os associados sobre o que de facto aconteceu. E na expectativa de que ao menos tenha havido boa-fé em todo este imbróglio, deveria o presidente da Direcção convocar oficiosamente os dois candidatos vencidos nas últimas eleições, para lhes dar conta do que tenciona fazer quanto à salvação da época desportiva. Lembremo-nos que estamos em meados de Janeiro e que temos cerca de quinze dias para reequilibrar e reforçar o plantel. Seria uma maneira de mobilizar todos os associados para a causa comum e ao mesmo tempo seria um sinal de unidade e força para os jogadores e respectiva equipa técnica.
Fora deste contexto deveriam averiguar-se profundamente as responsabilidades de terceiros em todo este caso. E terceiros são para já: o próprio jogador, o empresário, o clube espanhol, a federação espanhola, a federação portuguesa e a liga de clubes. Deveria também fazer-se uma exposição de tudo o que se passou aos organismos internacionais de futebol – UEFA e FIFA – pedindo uma clarificação deste incidente face aos objectivos propugnados pela norma que terá sido violada (aquilo a que se chama a ‘ratio legis’).
Naturalmente que nada disto diminui, em uma grama sequer, as responsabilidades internas de quem preside ao Belenenses.
Saudações azuis.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Faz mal à saúde

Sozinho na bancada deserta… a praguejar a ventos e marés, não me lembro de alguma vez ter saído ao intervalo, acabando por ver o ‘resto’ em casa! Aquilo faz mal à saúde, era inútil assistir (e reviver) mais um episódio de sofrimento, à espera de um desfecho milagroso que afinal aconteceu… por um acaso. E até começámos bem, a lição estava bem estudada no sentido de emperrar o sistema de jogo da Naval, que perdia a bola em zonas perigosas, face ao pressing que estendemos a todo o campo, e foi sem surpresa que aos onze minutos marcámos um golo numa recarga de Roncatto! Mas depois, quando se exigia que não recuássemos, nem nas linhas defensivas, nem nas nossas intenções atacantes, fizemos precisamente o contrário! Demos a iniciativa ao adversário e passámos para aquele estilo de jogo tão característico e apreciado pelos nossos jogadores – entre a expectativa e o contra-ataque!!!
A Naval não teve outro remédio senão tomar conta do meio campo e começar a disparar à entrada da nossa grande-àrea, praticamente sem oposição! De uma vez, a bola foi ao poste, ainda desviada por Costinha, outra vez foi ao lado, numa terceira vez Rolando ofereceu o corpo à bola para evitar o empate e finalmente, depois de mais um mau alívio da nossa defesa, China centra para a cabeça de Marcelinho que entre os centrais faz um bonito golo… estávamos em cima dos quarenta e cinco minutos! Foi então que me levantei e fui para casa.
Mas perguntam os meus caros leitores, e nós, o que fazíamos enquanto a Naval preparava o empate?!
Respondo: nas bolas divididas, eles ganhavam sempre ou então era falta contra nós; os nossos laterais, especialmente Amaral, tinham medo de fazer o chamado ‘um contra um’, e sem laterais expeditos e desempoeirados, este losango não existe. E assim, com a equipa recuada, o meio campo não tinha capacidade de sustentação de bola, que era invariavelmente perdida antes do terceiro passe! Soluções: lançar bolas por alto para o Weldon e Roncatto, que viviam emparedados entre os altíssimos centrais figueirenses! Outra pergunta: mas ainda assim, podíamos ter resolvido o desafio? Era difícil, porque os nossos pontas de lança quando acontecia ficarem de posse da bola, estavam muito desapoiados e, ou ensaiavam o remate como fez Roncatto, proporcionando uma excelente defesa a Fernando, ou então passavam a bola para um espaço lateral onde não havia ninguém. A equipa estava lá atrás, meio parada, meio na expectativa!
Já em casa, verifiquei que Meyong tinha entrado, que o inexistente Amaral tinha saído, que Alvim continuava muito preso de movimentos, que a Naval corria mais depressa do que nós. E provavelmente, obedecendo a instruções do banco, insistia em lançar bolas por alto para o centro da nossa defensiva, pois já tinha reparado que nos faltava altura naquela zona (precisávamos naquele momento de trincos a sério) e porque Ulisses também sabia da intranquilidade que se vive na baliza azul!
Mas veio o golo, caído do céu, só possível graças à frieza e eficácia de Meyong! Primeiro, e aproveitando uma má saída de Fernando, foi lesto a enviar a bola na direcção da baliza, obrigando um defesa figueirense a interceptar a bola com a mão, depois, apontando sem vacilar o penalty respectivo! Faltavam quinze minutos para acabar, quinze minutos de sofrimento contra uma equipa reduzida a dez jogadores!
Melhor do Belenenses: Roncatto.
Melhor em campo: João Ribeiro, da Naval
Resultado final: Belenenses 2 – Naval 1.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Comentário a quente

Enquanto o conselho de ministros se reune para analisar a crise na segunda circular, nós, os tristes de Belém, vamos ensaiando a valsa da decadência, incapazes de um gesto que se assemelhe à grandeza passada, vamos baixando a fasquia, estamos quase lá... ESTAMOS A SETE PONTOS DA LINHA DE ÁGUA!... e a única coisa que se ouve dizer é que vem aí o Meyong, o salvador de uma equipa sem alma, que como qualquer equipa pequena só joga bem contra os grandes! Mas não se esqueçam que quando o Meyong ganhou a ‘Bola de Prata’, o Belenenses ‘desceu’ de divisão! Na conferência de imprensa o treinador já não sabe o que há-de inventar para explicar a nossa incapacidade para fazer valer o factor casa. Ou será que já perdemos a força para transmitir aos que chegam, aos jogadores a quem confiamos a camisola azul com a Cruz de Cristo ao peito, que em casa mandamos nós, e que aquela camisola tem que ser respeitada e suada por quem a queira envergar! É a Direcção que tem que transmitir essa mística e quem não perceber isso tem que se ir embora. Este é um campeonato nivelado apenas porque os jogadores que nele participam têm, em termos individuais, valor semelhante. Portanto o que faz a diferença entre as equipas que ganham mais do que perdem, é a mística, palavra que significa em termos de suor e concentração aquele golpe de asa que faz essa diferença. Por essa razão, duas equipas irão descer, mas não por causa do plantel que possuem, mas sim por outros factores que têm a ver, sem dúvida com a competência da equipa técnica, mas também e fundamentalmente com o grau de exigência, com a ambição da sua massa associativa, normalmente corporizada nas respectivas direcções. Creio ter sido entendido.
Na próxima jornada recebemos a Naval e considero que será um jogo crucial para as nossas aspirações, não espero por desculpas, espero uma revolução.
Saudações azuis.
Resultado final: Belenenses 1 - Nacional 1.

domingo, janeiro 06, 2008

Futsal

Havia uma oportunidade para ganhar ao Benfica, portanto, tomei lugar no melhor cadeirão da sala… e aguardei. Este encontro era um teste para saber se temos ou não temos equipa para discutir o campeonato, e a primeira conclusão que retiro é positiva, porque se a equipa ainda precisa de ser reforçada para lá chegar, não tenho dúvidas quanto à capacidade da respectiva equipa técnica para o conseguir. Mais, aplaudo a determinação com que treinador e respectiva secção vêm denunciando a vergonhosa comunicação social que temos, que discrimina tudo o que não seja encarnado! Neste particular, vemos a SIC arvorada em sede do nacional-benfiquismo, ignorando completamente o interesse desportivo da prova, enquanto a FPF assobia para o lado! Enfim, é o país que somos, e por este andar, qualquer dia, deixamos mesmo de ser país.
Agora vamos ao jogo:
O Benfica entrou a marcar e isso foi fatal para as nossas aspirações. Somos uma equipa forte na defensiva, que recupera muitas bolas e que por isso gosta de jogar no contra-golpe. Vendo-se a perder, foi preciso arriscar outro tipo de jogo, e contra um adversário chamado Benfica as coisas complicam-se. Acresce que alguns jogadores sentiram o peso da responsabilidade, curiosamente, os mais cotados, acabando por não render o habitual. E veio o segundo golo do Benfica, precedido de falta grosseira de um tal ‘Ricardinho’, ídolo do terceiro anel, a quem pelos vistos tudo é permitido! Este golo, e a forma como foi obtido, não ajudaram a equipa a serenar, e o Benfica aproveitava a situação para controlar as operações não nos dando hipóteses de criarmos jogadas de perigo iminente. Mas o futsal é uma espécie de ‘hóquei de pé’, onde pode sempre surgir um lance inesperado… e um golo. Foi o que aconteceu, Marcelinho reduziu para 2-1 e a esperança renasceu. Mas a defensiva, que é o nosso ponto forte, nunca se encontrou verdadeiramente, e assim, em dois rápidos contra-ataques, o Benfica chegou ao 4-1. Ilusões desfeitas, o jogo adormeceu, o adversário descansou na diferença confortável, enquanto o nosso treinador, sempre atento, fez entrar Drula, fez avançar o guarda-redes, e o jogo animou. Veio então um brinde da defesa encarnada, bem aproveitado por Drula, e de rajada, um grande golo de Jardel! … O impossível empate afinal ainda era possível… não fora mais uma desatenção defensiva, desta vez numa bola parada, com o irritante Ricardinho a fazer o 5-3. Os segundos escoavam-se mas houve tempo para um suspense final – reduzimos para 5-4 já no último minuto do jogo! Era tarde…
Resultado Final: Benfica 5 – Belenenses 4.
Perder com o Benfica é sempre mau, mas continuamos à frente do campeonato.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Homero Serpa

Com o ano a terminar expirava também um destacado Belenense e por ser este um espaço integralmente azul, cumpre-me dar testemunho sobre a sua memória, na perspectiva de quem não o conheceu de perto mas que acompanhou de longe a sua relação com o Clube de Futebol “Os Belenenses”.
Não irei além de Abril de 1974, marco de desavença entre belenenses e de inexorável declínio para o clube… até hoje. Quero antes recordar o tempo em que estávamos unidos, sem politiquices portas adentro, no tempo em que admirei Homero Serpa por aquele gesto decidido de pegar na equipa que se afundava, e conseguir mantê-la na primeira divisão! Era um mero jornalista, director ou seccionista, mas não teve dúvidas, avançou para salvar o Clube do seu coração! Lembro-me que Meirim tinha colocado as expectativas no céu, o Belenenses apresentou-se nas primeiras jornadas como candidato ao título e na deslocação a Portimão o ambiente foi indescritível!... O público acorreu em massa para ver a Cruz de Cristo no topo do campeonato, mas o projecto assentava numa grande ilusão, a de que era possível, através da acção psicológica, transformar jogadores medianos em grandes jogadores. Estávamos na época de 1970/71, Meirim foi afastado e com a equipa em risco, Homero Serpa saltou para o banco, e revelou-se um treinador de sucesso!
Conceituado jornalista, escrevia bem, às vezes num estilo rebuscado, que se foi tornando cada vez mais hermético à medida que as palavras mais simples já não conseguiam esconder a desilusão pelos caminhos que o futebol, e o desporto em geral, percorriam. À medida do declínio do Belenenses! Mas quando, por momentos, se libertava dessa condição, os seus textos adquiriam outra beleza e tinham o condão de nos comover.
Que a sua alma descanse em paz.
À família enlutada apresentamos os nossos sentidos pêsames.