segunda-feira, novembro 30, 2009

A ideia de um clube simpático

Um clube governado por gente mentalmente vencida, que no fundo já não acredita no ressurgimento, cujos filhos e netos são do Benfica ou do Sporting mas que passam por grandes belenenses nas festas e colunas dos jornais, um clube entretido entre o pavilhão e o campo de futebol, num sistema de compensação freudiana, um clube onde os atletas são escolhidos a dedo, mentalmente parecidos com quem os contrata, vencidos ou em pré-reforma, um clube que está sempre a invocar o passado, sinal certo de impotência quanto ao futuro, é neste clube em abandono… que uns poucos ainda resistem! Ainda sofrem, ainda procuram soluções, algumas risíveis, outras absurdas, mas ainda assim gestos de esperança que acabam por ruir em cada eleição. Porque em cada eleição surgem sempre os mesmos personagens, candidatos a dirigirem um clube simpático mas sem ambições. O programa também é sempre o mesmo – a evolução na continuidade, um clube privado que não fuja ao seu controle, portanto, igualzinho a ontem. No meio disto tudo existem por certo pessoas bem intencionadas mas que imaginam que o mundo parou!
Este diagnóstico já o tenho feito aqui neste espaço e só volto a ele porque me parece que o Belenenses entrou definitivamente num processo auto destrutivo. E os sintomas não enganam, os melhores afastam-se e deixam o campo livre aos ineptos e oportunistas.
Ontem, mesmo que tivéssemos ganho o diagnóstico seria o mesmo.
O Belenenses com ambições está a desaparecer e não damos por isso.

domingo, novembro 29, 2009

Treinados para empatar

O Belenenses jogou até aos quarenta minutos da primeira parte como se estivesse a defrontar o Barcelona. Encolhido no seu meio campo, sem bola, correu quilómetros atrás dela e quando eventualmente a recuperava, perdia-a de imediato.
Mas pode dizer-se que foi relativamente eficiente uma vez que o Barcelona, perdão, o Marítimo, não criou neste período verdadeiras ocasiões de golo.
Fosse porque fosse, nos últimos cinco minutos antes do intervalo, o Belém adiantou-se um bocadinho no terreno, rematou pela primeira vez à baliza de Peçanha, ganhou um canto, depois outro, e neste outro marcou um golo regular que o árbitro resolveu invalidar. Mas não se descortina qualquer falta no cabeceamento de Diakité.
Veio o segundo tempo e com ele um azul mais forte, mais afoito. Finalmente na posse da bola, gizámos alguns lances interessantes e num desses lances, correspondendo a um grande passe de Gavilan, Lima isola-se mas é derrubado por Peçanha. Penalty e expulsão do guarda-redes do Marítimo.
Lima encarregue do castigo máximo, remata denunciado (ou o guarda-redes adivinhou) mas é golo.
Seguiram-se minutos prometedores e a vitória ficou mais próxima quando o mesmo Lima faz o segundo golo! Aproveitando uma recepção deficiente de Alonso, isola-se e remata pela certa.
A ganhar por 2-0 tudo parecia resolvido… mas o Belenenses não sabe ganhar. Recuou inexplicávelmente, encostou-se a Nelson, enquanto Van der Gaag apostava tudo no ataque.
Outra vez sem bola, com Cléber a ganhar o jogo aéreo a Diakité, começámos a correr muitos riscos. E o Marítimo insistiu, reduziu, e acabou por empatar com mérito.
Eu sei que a nossa equipa é demasiado jovem, que há muita gente lesionada, mas o campeonato não pára, nem tem contemplações. Uma lacuna gritante é a falta de um patrão na equipa, alguém que transmita raça e querer (e organização) especialmente em situações como a que vivemos esta noite. Estou convencido que se tivéssemos um ‘Bruno’, depois de estarmos a vencer por dois golos de diferença, não perdíamos o jogo.
E atenção, porque só com empates não vamos lá.

Saudações azuis.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Salésias

As Salésias devolvidas ao Belenenses, uma notícia que me obrigou a comprar o jornal que não compraria, notícia que poderia ter lido na internet, mas assim, em papel, tem outro sabor. Já aqui o referi, ainda tenho essa memória, nascido na Junqueira e filho de belenense, lembro-me de ir às Salésias e ver o Belenenses jogar. Olhos de criança, olhos que vêem outras coisas, que fixam outros pormenores, como a careca do Serafim, ou a velocidade do Dimas, mas lembro-me e não posso deixar de me emocionar.
As Salésias significam o Belenenses grande, aquele que metia respeito aos adversários, que partia para o ataque, que só pensava em vencer. Com a passagem forçada para o Restelo, ganhámos um estádio bonito e grandioso mas fomos, infelizmente, perdendo a nossa grandeza. Estou a referir-me à grandeza que conta, aquela que se mede em títulos e campeonatos de futebol.
As causas?!
São diversas e só valeria a pena esmiuçá-las se isso servisse para não darmos os mesmos passos nem cairmos nos mesmos erros. Assunto para outra oportunidade. Hoje o que interessa mesmo é festejar essa promessa que com toda a probabilidade vai ser cumprida pela Câmara Municipal de Lisboa. A mesma que nos retirou aquele espaço para fazer aquilo que afinal não fez. A mesma que, por coincidência, aprovou ontem um protocolo com o Sporting no valor de 18 milhões de euros. Mas deixemos isso agora, contentemo-nos sem inveja com a parte que nos cabe, e façamos bom uso dela.
E bom uso é no futebol, evidentemente.

Saudações azuis

segunda-feira, novembro 23, 2009

Face azul

Entretido com os desenvolvimentos da face oculta, espelho e companheira deste país de Abril, descurei um tanto o azul integral, mas não o futebol. O futebol jogado nas quatro linhas é a nesga de céu que ainda vamos tendo, porque o outro, o que também se ouve nas escutas, é a sua face oculta.
'Peanuts’ (amendoins) comparado com o que está em jogo, mas suficiente para lançar enormes suspeitas sobre o financiamento dos clubes, sobre a promiscuidade entre política e futebol, sobre a verdade desportiva.
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Não aquela ‘verdade desportiva’ que o ‘brilhantinas’ quer peticionar, decompondo imagens até à exaustão quando se trata de golos contra os grandes! Quando se trata de só ver empurrões contra os verdes ou encarnados! Essa verdade desportiva não me interessa, até porque imagino quem serão os decisores em última análise – algum procurador-geral ou presidente do supremo, pela certa.
Pois, a mão do Henry, é verdade, é importante, mas não vai acabar o mundo por causa disso. A mão de Maradona também não acabou com o futebol. O pior é o resto.

Com que então é preciso ajudar o ‘amigo Joaquim’?!
Trezentos milhões de passivo… e eu a imaginar as contra partidas em termos de liberdade de imprensa… mas não só. Joaquim Oliveira, que eu saiba, é o manda chuva dos direitos televisivos, tem posição accionista nas SAd’s de vários clubes da primeira Liga, e que eu saiba também, quer o Vara, quer o Sócrates são indefectíveis benfiquistas, portanto, não posso deixar de me inquietar.
Eu sei que o Sócrates privado não é o mesmo que o Sócrates público, e pela mesma ordem de ideias será diferente do Sócrates benfiquista, três pessoas numa só, pelo menos. Mas mesmo assim desconfio. Tenho esse direito.

Igual a esta, só a declaração de Bettencourt – ‘o treinador do Sporting depende da banca’!
Qual?
A nacionalizada ou aquela em que o estado injectou dinheiro dos contribuintes para não ir à falência?!

Saudações azuis

domingo, novembro 22, 2009

Valenciano 0 - Belenenses 1

O Belenenses segue em frente na Taça de Portugal depois de eliminar o Valenciano por uma bola a zero, golo obtido por Beto, íam decorridos 8 minutos, e na sequência de um cruzamento de Ivan.
Jogo de Taça, sempre difícil, com muitos jogadores lesionados, o Belenenses cumpriu os seus objectivos.
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Saudações azuis

terça-feira, novembro 10, 2009

Um terço do campeonato

Concluída uma terça parte da prova já podemos tirar algumas ilações: - entre os candidatos, Porto e Sporting fraquejam, enquanto o Benfica mostra argumentos. O Braga, a correr por fora, vai resistindo, mas a não ser que Domingos reinvente a veia goleadora bracarense, será difícil manter a posição.
No grupo seguinte, para além da estabilidade do Nacional, começam a ascender Marítimo e Guimarães, e a fazer fé nas últimas exibições, frente a Porto e Braga, respectivamente, tudo indica que continuarão a crescer. O Rio Ave, intratável no seu reduto, e o Paços de Ferreira, ainda embalado pela excelente prestação na época passada, completam este meio da tabela.
Para baixo temos as equipas que teoricamente lutarão para não descer. Porém, os sinais que emitem não são idênticos: - alguns aparentam franca saúde, enquanto outros parecem ter estacionado, quando não regredido. No primeiro grupo temos a União de Leiria, que tem vindo a acumular pontos (14 em 10 jogos), a Académica (pese a lanterna vermelha) que se reforçou com um treinador surpreendente, e a própria Naval.
As quatro equipas sobrantes, na qual se inclui o Belenenses, atravessam uma crise indisfarçável, a necessitar de cuidados intensivos.
Bem sabemos que o futebol não é uma ciência exacta, e que tudo pode mudar amanhã.
Mas hoje, a situação é esta.

Saudações azuis.

sábado, novembro 07, 2009

Os clubes também se abatem

Sem liderança, desde o cume até à base, a anarquia propaga-se, instala-se, e transforma-se na única regra. É assim desde que o homem é homem. É assim no Belenenses. Neste ambiente florescem apenas as minorias organizadas, com nomes diversos consoante a imaginação, eu chamo-lhes quintas, e que à vez, vão reclamando louros e glórias enquanto o clube definha. Quem aprecia muito este 'estado de sítio' são os oportunistas que assim aproveitam a confusão para continuarem a servir-se do clube.
Neste quadro é muito difícil ter a cabeça fria para analisar seja o que for, e nem um simples adepto como eu escapa a essa sina. Pois bem, ou melhor, pois mal, perdemos com o Paços de Ferreira em casa, uma derrota pesada, com sinais de desorientação na segunda parte, e como sempre acontece, o treinador, elogiado na semana passada, senta-se de novo no banco dos réus. É assim a vida de treinador.
Vi apenas a primeira meia hora na televisão, práticamente até ao golo do Paços, um golo fortuito e contra a corrente que desde os primeiros minutos pertenceu ao Belenenses. Mas era um domínio inócuo com os dois avançados muito isolados na frente e a única solução encontrada foram algumas tentativas de longe com poucas probabilidades de êxito.
Nesse período de tempo contabilizei o seguinte: - Celestino esteve mais empreendedor mas quase comprometeu num passe displicente que abriu o corredor central ao contra ataque pacence. Mano, pareceu-me alheado do jogo, infeliz no 'desvio' que deu o golo, e anulou com dois centros disparatados duas jogadas promissoras. E digo promissoras porque incluiam mais gente no ataque, desde logo, o defesa lateral! Filipe Bastos francamente mal - a querer fazer tudo sozinho, foi ele que fez a falta (marcada ao contrário) que ía originando um pequeno sururu. Que valeu um cartão amarelo ao Mano. E veio o golo do Paços, na sequência de um livre a castigar mão de Diakité.
O que pensei de imediato é que nunca conseguiríamos dar a volta ao jogo. Alcançar o empate seria o cabo dos trabalhos. E ainda faltavam dois terços do tempo de jogo! É a partir daqui, deste estado de espírito, que vou tentar raciocinar, sabendo que na segunda parte as coisas não melhoraram e que a seguir ao segundo golo do Paços foi o descalabro. Descalabro inclusivé em termos de disciplina interna, de anarquia. E o primeiro raciocínio é este: - terá JCP condições para continuar?! Não tenho a mínima dúvida que a simples substituição de treinador nada resolve, já experimentámos a receita o ano passado, e nessa altura, escolhemos inclusivamente um treinador com fama de duro e disciplinador, que também não resultou. Estou aliás convencido que poucos treinadores se mostram disponíveis para treinar este Belenenses, e refiro-me ao clube, não ao plantel, porque em termos de plantel espero que ninguém se atreva a repetir que os nossos brasileiros são 'pernas de pau' e que os brasileiros dos outros é que são bons! Basta olharmos para o Paços de Ferreira, que alinhou com jogadores que não serviam para o Belenenses, mas que servem para jogar (e bem) contra nós. Uma realidade que dá que pensar!!!
Mas se não é do treinador nem dos jogadores, de quem será a responsabilidade por este estado de coisas?! Dos sócios é concerteza. Da Direcção que escolheram também. E as 'quintas' que florescem, que recebem prémios e louvores?! Não têm culpas no cartório?! Afinal quantos e quem são os sócios que decidem pelo Belenenses há mais de trinta anos?! Não são muitos, digo mais, são uma ínfima minoria. E é esta minoria que vai com acabar com o Belenenses.

terça-feira, novembro 03, 2009

'Bíblia Saramaica'

Raivosa, patética, está visto que não desistes, perdeste no campo e queres ganhar no túnel! E gritas, publicas, sem pingo de vergonha - SIC (outra que tal) trabalha imagens para incriminar jogadores do Braga! E se a SIC fosse trabalhar... imagens das cuspidelas e outras provocações encarnadas! Imagens do túnel em que se esconde Rui Costa (ídolo do portugal obrigatório), ou da furna que abriga o Vieira (mais conhecido por padrinho do Mantorras)?! Finalmente adquirido! Terá o Alverca recebido o milhão de contos em dívida?!
Pois é, o investimento de risco (com o dinheiro de todos os portugueses) não pode falhar, não pode haver riscos! A falência técnica também não assusta, eles sabem que não podem falir, o governo não deixa, o nosso primeiro tem acções do Benfica e o nosso gatinho fedorento (segunda figura do estado a que chegámos) há-de inventar uma piadinha para sairmos da crise.
Ódio ao Benfica? Quem? Eu! Nem por sombras - quarenta e oito anos de nacional-benfiquismo, mais trinta e tal do mesmo, não geram ódio, apenas cansaço.
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Saudações azuis.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Análise de imprensa

É sempre com alguma curiosidade que leio as grandes linhas de força que comandam a propaganda nacional. Propaganda que conta obviamente com a acefalia dos destinatários. Destinatários que depois repetem nos locais de emprego e nos cafés (ainda há cafés?!) as mesmas ‘notícias’! Como se os jornais ou a televisão fossem a verdade neste mundo! Normalmente não são, e de tão previsíveis não percebo como ainda há gente que acredita naquelas atoardas!

Por exemplo, já se sabia que a ‘bíblia saramaica’ iria tentar dar uma ajudinha à águia depenada – invocada a legislação para que Aimar continue a desfrutar do esplendor na relva, ficámos agora cientes que a ‘Taça pode salvar Cardozo’. Pouca sorte para o Ney (suplente do Braga) pois tem participação a caminho! Nem uma palavra sobre Saviola (nova simulação e leve cotovelada) ou Di Maria (pequena cuspidela e pequena provocação) explicando aos argentinos que os portugueses não são (todos) otários. E na primeira página – confusão no túnel chega ao ministério público; águias apresentam queixa contra incertos! E querem imagens do túnel de Braga e nós queremos que se faça luz sobre o túnel da Luz!

Passemos ao Sporting - Marítimo e confesso-vos que me predispus a ver esse jogo com… tranquilidade. Até com uma certa imparcialidade! Porém, o facciosismo doentio do locutor da SportTv, levou-me rápidamente para a ilha da Madeira – repetiram o lance entre o Postiga e o Fernando até à saciedade! Na análise das faltas assinaladas contra o Sporting, só à segunda repetição é que o homenzinho se convencia. Quando era ao contrário, não eram precisas repetições! E vejam lá bem, passou-lhe em claro, não viu a falta de Liedson que precedeu o golo leonino. Não viu ele nem o Chaínho, seu convidado. Mas neste caso percebe-se – quando o rapaz jogava à bola… era tudo bola, desde a bola às caneleiras do adversário! Quanto ao Liedson, useiro e vezeiro no jogo sujo, beneficia sempre de uma enorme compreensão dos media. Então agora que é português… Adiante, porque no fim, só se comentava o azar leonino, a bola ao poste do Caicedo, quando a verdade é que o Marítimo fez uma excelente exibição em Alvalade e só não ganhou porque também falhou um golo certo já perto do final.
Assim é impossível, assim escusa o ‘brilhantinas’ de falar nas novas tecnologias e na verdade desportiva, porque não adianta. O mais certo seria passarmos a semana num laboratório de pesquisas a ver se Benfica, Sporting e Porto (e por esta ordem) tinham razão!

Saudações azuis.

domingo, novembro 01, 2009

Fim-de-semana quase perfeito

Um conceito de felicidade que já (aqui) desenvolvi e volto a recordar – o Belenenses a ganhar e os três clubes do estado a perder. Dir-me-ão – pequena felicidade! E concordo, mas é a possível neste quintal à beira mar plantado, é a que está ao meu alcance, espécie em extinção que devia ser mais protegida.
Mas eu disse ‘quase’ – quase porque o Belenenses não ganhou, e o Sporting ainda não jogou. Mas o Sporting debate-se com os problemas da banca nacionalizada (BES incluído): - o dinheiro dos contribuintes só chega para dois e há cada vez menos contribuintes.
O resto do ‘quase’ tem a ver com o Belenenses. Com a dificuldade em ligar três passes na transição ofensiva. A falta de um jogador que assegure a posse de bola, que temporize o jogo, é gritante. Para que os outros defesas e médios percam o medo de avançar no terreno. Só assim se criam linhas de passe.
Eu sei que é fácil falar, o próprio Braga viveu ontem (especialmente na segunda parte) momentos de grande aperto, incapaz de segurar a bola e o jogo, pese a categoria de Hugo Viana (já desgastado) e a lucidez de Vandinho. Claro que existe uma ‘justificação’ chamada Alan – um jogador que explicou a toda a gente porque é que não é um grande jogador! Tem tudo o que têm os grandes jogadores menos a classe. Na hora da verdade, quando era crucial manter a bola lá na frente, nunca conseguiu, perdendo-a com a facilidade de um principiante. Quando já não era preciso, quando a vitória estava praticamente assegurada, apareceu então a fazer as suas habilidades. Há jogadores assim.
Mas tenho que dar os parabéns ao Braga! Nem imagino o que seria este Domingo (não este Domingos!) se o Benfica tem ganho! Era caso para emigrar.

Saudações azuis.