sábado, outubro 29, 2005

A crise

“A crise no Bonfim já apagou do futebol profissional o Salgueiros e pode rebentar no Restelo ou na Reboleira”. Lê-se no “Expresso” de hoje, sábado, dia 29 de Outubro de 2005!
O que é que isto quer dizer? O que é que me está a escapar, no momento em que as atenções dos sócios se viram para Couceiro, o novel treinador do Belenenses?!
A ‘informação’ vem do líder do sindicato, Joaquim Evangelista, que adianta – “os jogadores do Vitória estão a fazer um favor ao futebol português, ao desmascararem a profunda crise em que vive” e “que o caso do Setúbal nem sequer é o pior, mas sim o mais público e notório”.
A notícia prossegue – “pelas queixas informais que vão chegando ao Sindicato, clubes como o Maia, Ovarense, Estrela da Amadora, Estoril ou Belenenses estarão também à beira do colapso”.
A reportagem noticiosa que abre com o título – “Pobre Futebol” enumera logo de início as vítimas actuais e futuras (?) – “Mas a crise que apagou do quadro competitivo do futebol profissional clubes como Salgueiros, Farense, Felgueiras, Alverca, Académico de Viseu e Campomaiorense, não está completamente afastada do Bonfim, nem de clubes como o Belenenses ou o Estrela da Amadora, entre outros”.
Em resumo, penso duas coisas: que a Direcção deve prestar um esclarecimento público sobre este assunto, e que nos devemos precaver contra falsas notícias ou duras realidades.
Recordo apenas que muitos destes clubes viviam do Bingo, que o Salgueiros chegou a ter o melhor e mais rentável Bingo da cidade do Porto, e que isso não lhes valeu de nada.
De vez em quando os clubes (e outros grupos associativos) necessitam de ser desparasitados para que as funções vitais não sejam irremediavelmente atingidas.
O Belenenses, já o afirmei, sofre deste mal há muito tempo, e chegou talvez a hora do tudo ou nada. Claro que os parasitas vão reagir, é normal, mas não podemos vacilar.
O clube tem que deixar de ser Bingo-dependente, tem, se preciso for, de enfrentar as poderosas forças do futebol nacional, que o estão a consumir, e, dando o exemplo, deve reestruturar-se com coragem.
A tarefa só é complicada, para quem não é verdadeiramente belenense.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Aprender com os erros

Escrevo na convicção da saída de Carlos Carvalhal, de acordo com as notícias da blogosfera.
Assim sendo, gostava de tentar influenciar a escolha do próximo treinador do Belenenses, a partir de um “perfil” (acho um bocado ridículo este termo) indispensável para sobreviver no autêntico cemitério de treinadores em que se transformou o Belenenses, de há três décadas para cá!
Tem que ter obra feita.
O que é isso, perguntarão uns?!
Manuel José também tinha, dirão outros!?
- Tem que ter um curriculum que se imponha a jogadores, dirigentes, empresários, seccionistas, sócios e demais “eminências pardas” que gravitam à volta do clube;
- Tem que vir na esperança de um projecto com alguma ambição;
Dir-me-ão: Não existe esse treinador ou então está fora do horizonte financeiro do Belenenses.
Respondo: o maior investimento de qualquer clube bem dirigido tem que ser num treinador (veja-se o caso do Benfica). No Belenenses, pelas razões acima apontadas, a necessidade ainda é mais imperiosa.
Claro que a altura é má e as circunstâncias limitam as escolhas. Pois bem, seria então conveniente que se apostasse em alguém que já conhece o futebol português e que conheça bem o mercado brasileiro (precisamos de alguém para o meio campo), no caso de ser necessário adquirir algum jogador em Dezembro.
Casimiro Mior?
Ou outro grande treinador estrangeiro (brasileiro ou espanhol, de preferência).
É uma sugestão.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Aves

É o tema do momento por causa da gripe, e não só. Andam por aí outras aves, tornando-se necessário proceder à sua classificação para efeitos de natureza científica, caritativa, e não só.
Vamos por partes e com método:


Aves de rapina

É notícia do jornal “O Jogo” de hoje, que a águia vitória esvoaça sobre o Vitória de Setúbal no sentido de o ajudar a sair da crise! Há negociações confidenciais, e fala-se de uma proposta financeira do director-geral do Benfica “que permitirá evitar a debandada geral, com os encarnados a garantirem o direito de opção sobre a venda dos passes de alguns jogadores do clube do Sado”!
Tamanha generosidade enternece. Antigamente estes negócios tinham um nome feio, e aos usurários que se aproveitavam da fraqueza alheia para os depenar, chamavam-se “abutres”, mas como é o Benfica...
Espero que esta promiscuidade e pouca-vergonha, que continua a embaciar o futebol português, não vá para a frente. A Liga não deve permitir mais “Alvercas” e “Estoris” a bem da higiene do nosso futebol. E os verdadeiros vitorianos devem temer-se do que lhes está a acontecer. Os canibais, vestidos de anjinhos com asas, estão a bater-lhes à porta.

Aves de arribação

Há muitas no nosso futebol! Vieram não se sabe de onde, pousaram, fizeram ninho nalguns clubes, ocuparam o território, e agora não saem de lá. Na época própria, mudaram a pena, adquiriram uma plumagem vistosa, parecem-se com os antigos residentes, mas se lhes perguntarmos o que andam ali a fazer – não sabem!
Os clubes que sofreram e sofrem desse mal (de asa), vivem um permanente declínio e a sua extinção, ou mudança de ramo, é um cenário possível.
Cuidado com as aves de arribação.

Vila das Aves

Local do encontro da taça de Portugal onde o Belenenses joga um dos seus objectivos da época!
Aguardemos, esperando que ultrapasse este obstáculo. Já não há jogos fáceis.

sábado, outubro 22, 2005

Escrevo?! Não escrevo?!

Tenho que escrever a croniqueta da ordem. Começa assim:
Eu estava lá e vi tudo! Éramos cerca de oitocentas pessoas, contando com os jogadores do Rio Ave e respectivo banco.
Equipa renovada, defesa renovada, meio campo ofensivo inexistente, mas renovado, e... Meyong.
Vi o Sousa subir com mais atrevimento no ataque. Daí resultou um grande golo, acidental.
Vi o Sandro Gaúcho dominar nas alturas. Vi uma razoável exibição do central Faísca.
Vi o Pinheiro jogar “à rabia”!
Vi o suor nalgumas camisolas azuis.
Vi a classe de Meyong!
Vi a indecisão do treinador nos primeiros dez minutos da segunda parte (até sofrermos o empate).
Vi a incompetência do árbitro.
Vi o desconsolo, a desolação, o conformismo.
Revi abismos, maus presságios.
De resto, não vi mais nada.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Diário desportivo (alternativo)

Pegue-se num jornal desportivo de hoje, quinta-feira, 20 de Outubro de 05, e leia-se a primeira notícia inexistente:
Título – “Jogadores há muitos... seu palerma”.
Assinada por um anónimo, o texto discorre com muito a propósito, sobre o tema da actual competitividade do campeonato português e interroga-se: - “Quem é que hoje em dia, com a miséria que grassa por esse mundo fora, tem dificuldades em arranjar, ao preço da uva mijona, meia dúzia de craques e construir uma equipa competitiva?” E responde: - “só quem não percebe nada de futebol, ou então anda ‘nisto’ para sacar uns dinheiros com as compras e vendas de jogadores ‘fantásticos’, promovidos pela comunicação social interessada!”
O artigo prossegue, e menciona os nomes de alguns clubes que gostam de enfiar barretes, e ao contrário, elogia a política de contratações do Benfica.
O autor, que se revela um anti-benfiquista primário, ainda assim não tem dúvidas em concordar com a evidência, conforme passo a citar: “O Benfica, conhecido canibal do futebol português, que ‘compra’ ou ‘subcontrata’ jogadores aos outros clubes, (que entretanto vão à falência), com a prestimosa colaboração dos respectivos presidentes e a complacência (e cobertura) da comunicação social; o Benfica, clube do Estado e por isso, especialmente apoiado pelos poderes constituídos, tem, apesar de tudo, gente que percebe de futebol e ‘que não anda aqui para ver passar os comboios’!”
E continua o autor – “em pouco anos, apesar de muito pressionado, construiu uma senhora equipa, que desde Camacho, nunca deixou de ser bem dirigida!
O segredo?
Contratou sempre grandes treinadores, com provas dadas indiscutíveis. Foi ao Brasil contratar ou pedir emprestados defesas centrais, também com provas dadas indiscutíveis. E no mercado nacional, preocupa-se em adquirir (e não se engana) jogadores jovens com grande futuro! Que os tais bons treinadores põem a jogar com sucesso!”
Crónica que dá que pensar, convenhamos.

terça-feira, outubro 18, 2005

Futebol, futebol, futebol

Desde que o Belenenses deixou de ser um clube de futebol e passou a ser enxameado por comissários (leia-se seccionistas) de uma série de outras modalidades, podemos estar certos que o fim se encaminha mais depressa do que se julga.
Desde que uma “luminária” qualquer, que ainda lá deve andar, descobriu que as piscinas (e golfinhos associados), seriam o berço de futuros sócios do Belenenses que, quando crescessem, se tornavam indefectíveis adeptos do futebol do Clube, podemos estar certos que somos dirigidos por incompetentes, e há muito tempo.
Para não recuarmos assim tanto, fixemos a progressiva redução de espaços, exclusivamente reservados ao futebol, e o aumento considerável de abarracamentos, destinados a tudo e mais alguma coisa, nomeadamente, a dispersar a atenção e o esforço que deveria ser consagrado ao futebol.
O que diria disto Artur José Pereira, um dos fundadores do Belenenses?!
Nestes últimos quinze anos (para não politizar muito a questão), quantos clubes de futebol nos ultrapassaram? Vejam-se para o efeito, as classificações médias!
O Boavista? O Guimarães? O Braga? O Marítimo? O Leiria? O Nacional?
Enquanto isto, vemos as faixas ridículas do quarto grande... Só se for anúncio de apartamento com uma assoalhada!
E não me falem da Taça de Portugal, competição por natureza aleatória e que qualquer clube modesto pode ganhar... e ganhou.
Quantos são os sócios do “futebol”? Destes, quantos é que votaram nas últimas eleições? E quantos vão regularmente ao Estádio ver a bola?
É importante saber dar resposta a estas perguntas para conhecermos de facto, qual é a nossa realidade. Para termos uma noção exacta da nossa dimensão.
Sem esta informação bem interiorizada por aqueles, poucos, que ainda restam, não conseguiremos evitar o naufrágio da velha nau azul.
Não se enganem, o Belenenses ou é futebol, ou não é.
Este arremedo ridículo do clube que já fomos, que vai alegremente comemorando aniversários como se estivesse a crescer, pode desfazer-se em pó e cinzas, de um momento para o outro. Os que agora o utilizam como seu clube privativo, serão os primeiros a fugir quando as coisas se complicarem.
Ou então conseguiram os seus objectivos – transformar o Belenenses numa sociedade recreativa e filarmónica, dedicando-se a alugar o espaço, de novo às testemunhas de Jeová, ou se calhar para a festa do Avante!
Quando não se respeitam os símbolos fundadores, tudo pode acontecer, inclusive, o fim.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Crónica activa

Não reactiva, sinal dos fracos que só jogam quando estão a perder!
Mas o que é que andaram a fazer nestes quinze dias? A treinar o quê?
Ter que mudar tudo ao fim de meia hora de jogo é bom, e é mau ao mesmo tempo! É bom porque revela que o treinador viu o que toda a gente está a ver. É mau, porque o treinador imaginou que aquilo podia dar certo!
Os nomes das coisas:
- A questão mental é incontornável. Parece uma equipa de “tortolhos”, que não sabe dar um pontapé na bola, dando por outro lado a sensação que o adversário é uma equipa de “argentinos”, uma super equipa!!!
Ora, nada disto é verdade. Passa-se efectivamente qualquer coisa!?
- Casos caricatos: dois cartões amarelos na nossa defesa ao fim de quinze minutos de jogo, motivados por faltas a meio campo, completamente desnecessárias!
Os golos consentidos. Amaral, por duas vezes ausente e batido no jogo aéreo, por dois jogadores diferentes!? Ando a falar nisto desde o princípio da época. Se o rapaz é um craque, não parece. Precisamos de jogadores consistentes e concentrados.
O Sousa e o Sandro têm lugar nesta equipa. São mentalmente mais fortes.
Aquela primeira parte...só tem um nome – trágica.
O velho Glauber chegou e sobrou para todo o meio campo do Belenenses!
A segunda parte melhorou com as substituições: Ruben Amorim merece mais oportunidades. É neste momento o único construtor de jogo que temos! O estreante Araújo está ainda muito verde, mas sabe passar uma bola.
O resto, depende de Meyong, que nem sempre resolve.
Isto não está famoso.

sábado, outubro 15, 2005

Os canibais e o cavalo de Àtila

A fonte é o Correio da Manhã de hoje, sábado 15 de Outubro de 2005, porque a imprensa livre da especialidade, não se refere ao assunto: “Transferência de Miguel na PJ” – Auditoria detecta irregularidades no negócio com o Benfica, em 2000”.
(...) foi a auditoria pedida por António Oliveira (presidente do Estrela) às contas das gestões anteriores, que fez vir à tona este caso...”
É preciso continuar? Claro que não.
Já escrevi e rescrevi que o submundo futebolístico onde alegremente vegetamos, é uma coutada do nacional-benfiquismo, a que eu não há maneira de me habituar! Sei que a norte também existem sintomas preocupantes, que podem alterar a minha visão de conjunto do sistema: se calhar o tratado de Tordesilhas recuou no tempo e no espaço, principalmente no espaço. Creio que ninguém tem dúvidas que estamos com menos espaço (metros quadrados, kilómetros quadrados, etc.)!
Mas deixemos os canibais, e já que hoje me deu para revisitar a história, lembrei-me de Àtila e do seu cavalo!
Pois é, a propósito da crise do Vitória de Setúbal!
O principal clube de uma região, que já conheceu melhores dias, corre o risco de abrir falência, enquanto as municipalidades de Alcochete e Seixal abrem as suas portas de par em par para receber os clubes da capital!!!
Já ninguém se lembra do Seixal na primeira divisão?! E do Barreirense?! E do Montijo?! E da CUF?! E do Amora?!
Voltando ao Vitória, é preciso acrescentar que a Câmara de Setúbal é forte accionista da respectiva SAD. Mesmo assim não se vê futuro. Talvez um construtor civil, na mira dos negócios do Bonfim? Talvez...
Encerremos então: Àtila, temível rei dos Hunos, que espalhou a desolação e a morte por onde passava, gostava de afirmar a sua lenda, dizendo – “chão onde a pata do meu cavalo pisar, não cresce mais erva...”
Aplicado ao distrito de Setúbal, poderia também dizer-se que Câmara que caia nas mãos da malta de Abril, já se sabe que o clube da terra vai à vida, enquanto os canibais engordam.
Àtila, obrigado pela inspiração.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Notas à margem

Em Portugal é assim. Quando pensamos em política, falamos de futebol, quando pensamos em futebol, falamos de política!
Por isso, lá vai: O primeiro-ministro resolveu apanhar uma boleia no Falcon da Força Aérea para ir ver o jogo da selecção nacional em Aveiro. A despesa já estava orçamentada, juntando-se assim o útil ao agradável. Útil porque o apoio do Chefe do Governo era muito importante para a moral dos rapazes, e agradável porque nestas condições o adepto Sócrates podia desfrutar de uma boa jogatana de futebol. Tudo bem?
Não, tudo mal.
Se estamos em maré de contenção de despesas, o melhor é desorçamentar umas quantas. E se por razões técnicas o Falcon tem que voar, que voe sem o primeiro-ministro a bordo, em função do seu calendário específico. Por outro lado, penso que já chega desta futebolite aguda em que o País está envolvido, verdadeiro caso psiquiátrico de um povo, que parece que não tem mais nada que pensar ou fazer na vida.
Já chega de ver, nos camarotes dos grandes clubes de futebol, ao lado dos respectivos presidentes, ministros e ex-ministros, deputados e ex-deputados, juízes e magistrados, e toda uma série de aspirantes a cargos públicos, que buscam na visibilidade que o futebol e a televisão patrocinam, uma evidência que em situações normais nunca teriam.
O Portugal Futebol Clube tem que acabar e com ele, todas as promiscuidades que mantém com políticos, magistrados, autarcas, e outros interesses pouco recomendáveis. Nesse sentido, seria bom que o primeiro-ministro desse o exemplo, guardando uma distância higiénica do fenómeno.
Afinal, tanta coisa por causa de um jogo de futebol?
Estou inteiramente de acordo.

domingo, outubro 09, 2005

Nasceu uma estrela

O dia 7 de Outubro de 2005 não se apagará facilmente da nossa memória!
Futuras crónicas dirão que, enquanto o sol entardecia no Restelo, um jovem com oito anos subia ao relvado (sintético, por sinal) e em poucos minutos resolveu substituir-se ao astro rei e iluminar, em lances de génio, toda aquela imensa plateia, há tanto tempo saudosa de um novo “Di Pace”.
O rapaz não é argentino, mas parece, tendo em vista os truques e malabarismos que faz com o esférico.
Trata a bola por tu, não é preciso dizer mais nada!
Ou talvez seja. A velocidade sem bola, de um Narciso; a solidez defensiva de uma Torre de Belém, o Feliciano, quem sabe?! Mas é no remate, que vislumbro o Matateu!
O jovem, belenense do coração, não conhece evidentemente todas aquelas legendas que povoam o imaginário da grande família Belenenses, mas desconfia que somos todos uns sonhadores.
Se calhar, desconfia e é verdade.
O rapaz chama-se Kiko.
Fixem este nome!

sexta-feira, outubro 07, 2005

As Verdades

Raramente num simples comentário, se toca tão fundo na origem da doença que vai minando o Belenenses. Por essa razão decidi transformar em postal esta oportuna intervenção, certo de que o autor não se importará porque é a favor do Belenenses.

“Também não vi em directo o jogo com o EA, mas o resultado em nada me admirou. Contra o UL e o VG as nossas exibições foram fracas e muito pouco convincentes, mas as vitórias, ambas por 2 golos, deram a ideia errada de que tudo estaria bem. Nada mais falso e perigoso, como agora se viu. A verdadeira questão não é termos perdido, mas sim como perdemos: jogando sem vontade, sem ambição, sem humildade, sem ponta de categoria/classe. O problema de sempre do nosso CFB, com níveis de exigência competitiva teimosamente baixos, estratégias condicionadas pelo eterno medo de assumir objectivos claros e ambiciosos, desresponsabilização permanente dos principais actores. Esta cultura de derrota e mediocridade está arreigada no clube há "séculos" e dá cabo dele e de nós, sócios que são do Belenenses e de mais ninguém e não se contentam com um CFB saneado financeiramente, mas também eternamente saneado do espírito ganhador que está naturalmente associado à sua fundação. O clube precisa, como aliás o País, de se libertar deste pesadíssimo fardo e de explicar (urgentemente) porque é que existe. Se for para continuar nesta vidinha, estará rapidamente liquidado e será melhor deixar de competir a nível profissional o quanto antes. O passado do Belenenses é soberbo, mas não nos satisfaz: queremos presente e futuro, com seriedade, humildade mas também ambição. Para tal é necessário mudar o espírito nefasto a que aludi. A mudança terá de ser induzida de cima para baixo, tocando todos os níveis do clube. Provavelmente, não serão os actuais responsáveis que a farão. Então, os numerosos sócios que, como tenho lido em variados sítios, sentem que o verdadeiro problema do clube é este, têm que se chegar à frente. Caso contrário, não é demais repeti-lo, o Belenenses não sobreviverá, pelo menos nos moldes actuais.”
FQ

segunda-feira, outubro 03, 2005

Frontalidade

De saudar a clareza e frontalidade com que, olhos nos olhos, o holandês Koeman “saudou” os jornalistas numa recente conferência de Imprensa – “oportunistas”!
No sentido de dizerem hoje uma coisa e o seu contrário, ao sabor das derrotas e vitórias dos mesmos clubes. E deu o exemplo do Sporting, o melhor do mundo quando ganhou ao Benfica, e péssimo, agora, porque foi eliminado na UEFA e perdeu com o Paços de Ferreira.
Incapazes de se distanciarem do “coração” ou de mudarem de mentalidade (no mínimo, terceiro mundista), os jornalistas que temos (quase todos), perdem literalmente a compostura e frieza de raciocínio, especialmente quando se “metem” a analisar as prestações de Benfica e Sporting, aliás, as únicas que lhes interessam!
Ignoram assim as suas responsabilidades perante os leitores, e contribuem para níveis de intoxicação nunca vistas, e que em certa medida explicam os frequentes desacatos e violências que se verificam após os jogos em que intervêm os chamados três grandes.
E isto que se passa com o futebol, assunto nacional por excelência, estende-se a todos os outros domínios da informação, fazendo de Portugal um dos países mais imbecilizados da Europa. Os índices, todos os índices comparativos, espelham infelizmente esta realidade.
Que tenham de vir, entretanto, dois holandeses chamarem-nos a atenção para o facto, é triste.

sábado, outubro 01, 2005

Sem ver

Por razões profissionais, não vi o jogo nem sequer pude ouvir o relato. Um telefonema, desconsolado, comunicou-me o resultado. O Estrela da Amadora foi ganhar ao Restelo, por duas bolas a zero!
Que dizer?
Li hoje o “Record” e a crónica do jogo, assinada por Rui Dias, a dado passo diz o seguinte: “ (...) O Estrela surgiu no Restelo conhecendo perfeitamente as regras do que iria encontrar. Encaixou-se bem no 4-4-2 azul e criou problemas com duas setas na frente (Manu e Semedo), colocadas fora das zonas dos centrais, manobra com a qual o adversário demorou a saber lidar. Os primeiros minutos foram decisivos...”.
Lembrei-me então do que escrevi sobre o jogo Porto-Belenenses!
Bem, mas passado é passado, e acreditando na sabedoria chinesa, lembremos o ditado – “ a derrota é a mãe da vitória”.
Voltemos então ao drama, para ver se aprendemos alguma coisa: a falta de concentração, a táctica inflexível, as laterais que não funcionam e ainda por cima, segundo li, dão abébias, a falta de sentido do passe, especialmente a meio-campo, e, finalmente... alguns jogadores do Estrela tinham lugar no Belenenses! E se calhar, podiam lá estar (Semedo, Rui Duarte, Manu,...).
E tantos cartões, para tanta apatia! Estranho!
As mini-férias, vão decerto fazer-lhes bem a eles, e a nós também.
Sem outro assunto...