quarta-feira, outubro 29, 2008

Belém passa em Barcelos

O Belenenses apurou-se para a segunda fase da Taça da Liga ao bater o Gil Vicente por uma bola a zero. Vi apenas a segunda parte e confesso que ainda me irritei com a falta de discernimento de alguns jogadores, incapazes de segurar a bola a partir do momento em que nos colocámos em vantagem no marcador! O nervosismo a fazer das suas. Mas tenho que admitir que foi uma vitória saborosa e ao mesmo tempo merecida de um Belém combativo, unido e com espírito ganhador. E quando a equipa vacilou, face à reacção do Gil Vicente ao golo sofrido, Jaime Pacheco não poupou esforços nem ‘incentivos’ como só ele sabe ministrar.
E diga-se que também houve intervenção técnica bem sucedida a partir do banco – as entradas de Porta e posteriromente de Roncatto equilibraram a equipa e passámos então a controlar o jogo e o resultado.

Com as devidas reservas aqui vai a apreciação individual (da segunda parte):

Júlio César esteve seguro e confiante; Cândido Costa claramente superior a China que chegou a acusar algum desnorte; Alex foi resolvendo, às vezes de forma atabalhoada; Carciano vai a todas mas precisa de ter mais calma – dois livres desnecessários ao cair do pano poderiam ter trazido amargos de boca; Gomez melhorou na parte final, mas gosta de complicar o que é fácil; Silas subiu imenso na última meia hora de jogo; Zé Pedro está melhor e Jaime Pacheco pode fazer dele o grande jogador que às vezes promete; Wender é sempre esforçado, e como é jogador inteligente, pode transformar um lance inofensivo numa jogada de perigo; JPO dá luta nas alturas, vai muitas vezes ao chão, mas saíu esgotado; Vinicius fez a jogada que deu o golo (auto golo de um defesa do Gil) e tem as qualidades que todos lhe reconhecem, mas ainda não se desinibiu; Roncatto entrou bem no jogo e é outro 'trabalhinho' para Jaime Pacheco.

Em resumo, foi uma excelente e oportuna vitória que pode catapultar a equipa para outros voos.

Saudações azuis.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Ainda há futebol?!

Qualquer dia faço-me sócio de um clube de futebol, onde se jogue futebol regularmente, para poder acompanhar, também regularmente, o jogo que sempre gostei (de praticar) e assistir. Não é fácil, há que saber escolher o clube e o campeonato, divisões secundárias naturalmente, longe das vistas das obsidiantes selecções, clube que não corra o risco da UEFA e da FIFA que parecem ser hoje o objectivo e a razão de ser de clubes e campeonatos, numa pirâmide invertida, para gáudio e ganho de interesses que pouco têm a ver com os meus gostos. Importante que esse clube não se tenha rendido à publicidade e à televisão, e que não esteja preocupado em votar no jogador do ano, do mês ou da quinzena, mas ao contrário, seja um espaço onde se discuta futebol em amena cavaqueira e onde o próximo jogo seja mesmo próximo, sem meses de intervalo, sem interrupções para festas e reveillons! É que se perco o hábito de ver futebol acabo por arranjar outro entretenimento, e como eu, muitos. A televisão da ‘NBA da bola’, cheia de Chelseas e Manchesters, já chateia, e há-de morrer como a NBA que já ninguém vê.
E tenho que descansar o Hermínio Loureiro que segundo li quer ‘um campeonato tranquilo’! Mais tranquilo do que este, que desde que começou está completamente parado, não pode haver.

Saudações azuis.


Post-Scriptum: O Belenenses venceu em Amares e eliminou o clube local da Taça de Portugal.

terça-feira, outubro 14, 2008

O que aí vem…

Li hoje o artigo de MST no jornal ‘A Bola’ – ‘Como falar de futebol ?’ – um texto interessante que de certo modo antecipa o impacto da crise financeira mundial no futebol especialmente nos grandes clubes europeus, sustentados como todos sabem por algumas das empresas que são a própria imagem da crise. A colorir o argumento aparece Ronaldo com a camisola do Manchester United e da seguradora AIG!
A partir de agora, diz o articulista, e concordamos, é de esperar uma moralização dos mercados não sendo admissível que sejam os contribuintes europeus e americanos a patrocinarem os gastos escandalosos daqueles clubes, uma vez que foram e são os respectivos governos que deitaram a mão a essas mesmas empresas. E a espiral da decência não deixará de afectar as vendas dos jogadores portugueses que anualmente equilibram (!) as decrépitas finanças dos principais clubes portugueses. O lado bom da crise, segundo MST, pode aproximar os clubes portugueses dos grandes emblemas europeus, isto se apostarmos na formação e dá como exemplo o Sporting que através de um discurso (e uma prática) realista do seu presidente vem preparando o clube para a realidade que se avizinha.
De facto assim é e nós belenenses também podemos espreitar a oportunidade (da crise) para nos aproximarmos dos nossos antigos rivais, e não creio que seja impossível. Internamente unidos, com uma estratégia determinada, uma boa liderança, exijamos do Estado o mesmo tratamento dado aos outros três, e denunciemos os apoios que recebem das empresas ditas privadas, que afinal não são tão privadas como julgam, já que somos nós contribuintes que as sustentamos e evitamos a sua falência!

Saudações azuis.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Notas à margem

Do Clube de Futebol “Os Belenenses” que ainda existe dentro de nós, quatro notas á margem:

Saúdo a contratação de Jaime Pacheco, uma notícia positiva no meio do caos, notícia que traz esperança aos adeptos, trata-se de um grande treinador, de forte personalidade e que a sabe transmitir aos jogadores. “Este Clube tem todas as condições para me ajudar” é frase de gente, define um homem.
Ao contrário de muitos não espero vitórias imediatas porque todos precisam de tempo e Jaime Pacheco não foge á regra. Por último destaco a boa impressão técnica que Jaime Pacheco tem do plantel do Belenenses, impressão bem diferente dos sábios das ´pernas de pau’!

Saúdo também Casemiro Mior pela postura sempre elevada que manteve, tentando fazer o seu melhor, e pelo respeito que revelou pelo Clube ao incorporar-se nas celebrações do nosso aniversário. Desejo-lhe portanto as melhores felicidades na sua carreira.
Pelos insultos e faltas de solidariedade que sofreu peço-lhe eu desculpa em nome do Belenenses grandioso que ainda tenho na memória.
Uma nota positiva para a actuação da Comissão de Gestão no respectivo processo de rescisão.

Uma nota negativa para as contas apresentadas, incompletas por certo (sem reflectirem os custos invisíveis) e lisonjeiras para algumas modalidades em detrimento de outras.
A apresentação era inevitável, não é possível esconder por mais tempo a realidade do ‘Clube Recreativo do Restelo’, mas ainda assim foi uma pedrada no charco.

E a última nota vai directa para o ‘Clube Recreativo do Restelo’ e para as manobras de diversão que apontam um bode expiatório tão conveniente quanto absurdo – dizem os ‘recreativos’ que o mau da fita foi o último Sequeira que apenas lá esteve seis meses! São uns pândegos. Não conheço o homem tal como não conheço nenhum dos últimos presidentes que passaram pelo Restelo, mas conheço bem o esquema das guerras entre ‘quintinhas’.
Afinal, o dia a dia do nosso pobre Clube.

terça-feira, outubro 07, 2008

Comissão de Gestão ou Autogestão?!

Isto deve estar a bater no fundo, e por isso começo pelas notícias dos jornais que dão conta da impossibilidade de contratar determinado treinador porque um dos jogadores do plantel não se dá bem com ele!!! Têm que concordar que notícias destas só no Belenenses. E eu a pensar que os lugares cativos eram na bancada!
Ora bem, para quem se lembra que Helénio Herrera sentou o Matateu no banco dos suplentes esta atoarda só pode querer dizer uma coisa: o treinador que aí vem terá que se submeter às ‘estrelas’ que pontificam no balneário!
Mas não me surpreendo pois sei perfeitamente que depois dos tristes episódios relacionados com o despedimento de Casemiro Mior (para não falar das outras demissões) não deve haver muitos treinadores disponíveis para treinar no Restelo. Ninguém está para se sujeitar a grupos de pressão ‘irresponsáveis’, mas que pelos vistos têm carta branca (de quem?!) para ‘conversar’ com o treinador ou mesmo ‘convencê-lo’ a aceitar a rescisão! Treinador que desde que chegou a Belém esteve sempre desamparado, sem uma palavra de apoio dos ‘responsáveis’ do Clube!!!
Portanto, se por acaso vier alguém não será o que precisamos, ou então há-de proteger-se com cláusulas de rescisão esmagadoras.
Enfim, um clube à deriva, sem liderança, a viver uma espécie de ‘prec’ fora de prazo, onde todos se sentem legitimados para fazer o que lhes apetece.
A fazer lembrar os anos em que descemos de divisão.
Quando se chega a este nível, as eleições não servem para nada, nem candidatos há-de haver em Abril, a não ser quem tenha interesses que não interessam ao Belenenses.

Post- Scriptum:
Não me reconheço neste ‘clubezeco do Restelo’ e como eu há-de haver muitos. Escusam assim de matar a cabecinha a reflectir nas causas da tremenda erosão de sócios do Belenenses, a mim também já não me apetece ir ao Restelo. E não é por causa dos jogadores ou do treinador.

domingo, outubro 05, 2008

Crónica de um milagre

Quem nunca tivesse visto actuar o Belenenses esta época e desconhecesse em absoluto o que se passa no Clube, desde as últimas eleições, diria com toda a objectividade o seguinte:

Uma primeira parte equilibrada em que o Belenenses obrigou a Naval a jogar em contra ataque, com os figueirenses a disporem apenas de uma verdadeira oportunidade de golo na sequência de um clamoroso erro posicional do central Alex. Também é verdade que para além do maior número de cantos conquistados o ataque azul não mostrou, durante esse período, capacidade para marcar golos. E sem golos…

Na segunda parte as coisas modificaram-se para pior – desde logo na atitude que passou a ser de expectativa em lugar de continuarmos a pressionar lá na frente como sucedeu durante o primeiro tempo. A opção pelos lançamentos compridos foi outra das pechas, reduzindo drásticamente a nossa posse de bola e obrigando a equipa a correr atrás dos jogadores da Naval.

Naval que tinha feito uma primeira alteração logo ao intervalo o que terá contribuído para o crescendo da equipa que passou a controlar o jogo ameaçando então o nosso último reduto especialmente através das investidas de Marinho que explorava as facilidades concedidas por Cândido Costa. Ainda houve uma pequena reacção azul, ganharam-se novamente alguns cantos em virtude das insistências de Wender, mas a partir de nova mexida de Ulisses Morais, o Belenenses escancarou todas as suas deficiências, onde o meio campo não consegue reter a bola quando é preciso nem a sabe soltar quando também é preciso. Quanto ao ataque, continuou inofensivo.

Entrávamos assim nos últimos vinte minutos que têm sido fatais esta época. E o anunciado golo da Naval surgiu, digamos, naturalmente. Defesa incompleta de Júlio César que sacudiu a bola para perto limitando-se o jogador da Naval a centrar atrasado para um seu colega fazer o golo de abertura.

E como tem sido hábito fazem-se a seguir as substituições de sufoco na busca do empate! E ele surgiu, tal como contra o Paços de Ferreira, nos descontos. Um milagre com o nome de Porta.

Apreciações individuais:

Júlio César – boa actuação, salvou o erro de Alex com uma grande defesa e no golo terá sido surpreendido pela violência do primeiro remate. Tem no entanto que corrigir alguns aspectos: desde logo, e porque utiliza muito os punhos, não pode sacudir bolas para as imediações da baliza, é perigoso; e também precisa de ser mais rápido nas reposições de bola, porque as demoras moralizam sempre o adversário.

Cândido Costa – exibição para esquecer. Não tem velocidade para ser lateral e pelos vistos também não tem sentido posicional do lugar. Um passe desastroso para zona proibida poderia ter redundado em golo da Naval. Subiu muito pouco no seu corredor e quando assim é já se sabe que não criamos rupturas na frente de ataque.

Alex – não gostei da exibição de Alex. Perdeu algumas bolas no jogo aéreo, mesmo concedendo que Marcelinho é muito alto. E cometeu um erro posicional que um central não pode cometer, e que nos ía custando um golo na primeira parte.
.
Matheus – o melhor jogador do Belenenses neste jogo, sem erros, saíu sempre a jogar, não falhou um passe. E fartou-se de entregar bolas ao meio campo azul.

China – uma exibição razoável, conhecedor dos terrenos que ocupa, subiu com a propósito várias vezes e centrou algumas bolas. Pena que os seus centros não sejam mais venenosos.

Gabriel Gomez – razoável no primeiro tempo, conseguiu desfazer-se da bola com mais ligeireza. Piorou na segunda parte e foi um dos que foi incapaz de suster a supremacia da Naval. Continua lento e parece ter só uma velocidade. Acabou substituído para dar entrada a Porta.

Mano – nesta apreciação serei naturalmente menos rigoroso porque se trata de um jovem, ainda por cima está a jogar numa posição um tanto indefinida. Uma actuação intermitente, alguns rasgos, alguns erros por afunilamento, mas Mano tem que jogar. Ou ir jogando.

Silas /Zé Pedro – ou um ou outro, não me parece que possam jogar os dois, para além de que, e vou dizer uma heresia – Zé Pedro não é jogador para agarrar jogo, para reter a bola, para a manter na sua posse. Não tem características para isso, a bola está sempre muito solta á sua frente, é fácilmente desarmado. E depois faz faltas perigosas. Ontem safou-se de ver o cartão encarnado porque o árbitro foi amigo e a bola continuou na posse da Naval. Toda a gente percebeu isso.
Em contrapartida é o nosso jogador mais perigoso no último terço do campo. É aí que tem que jogar. Os bons jogadores como Zé Pedro, acabam as carreiras ou a jogar mais à frente ou a jogar mais atrás. No meio é que não.

E agora Silas – trata-se de um jogador de classe, este sim, com grande capacidade de retenção de bola, mas não é um centro campista. Não tem essa valência. Ontem jogou bem a reter a bola e jogou mal a entregá-la. E como já alguém disse, espera-se de Silas mais do que ele tem dado. Estes jogadores têm que decidir os jogos e Silas decide pouco.

Wender – esforçado, mas estão a dar-lhe tarefas de grande exigência física. Já não tem idade para isso. Uma coisa é ser avançado centro outra bem diferente é ser extremo ou mesmo ponta de lança. Aproveitemos de Wender a sua técnica especial, o seu oportunismo e ratice. Ontem ganhou muitos cantos… mas estes cruzamentos que não chegaram ao destino eram para quem?! Para o Roncatto?! Para alguém que não aparecia no lado direito do nosso ataque?!

Roncatto – inofensivo é o termo. Sabe cobrir a bola, sabe arrancar faltas em virtude disso, mas não é o goleador que precisamos. Agarra-se muito à bola e afunila o jogo. Mas esteve bem no pressing da primeira parte porque sabe posicionar-se tacticamente.

Porta – entrou tarde na partida, marcou o golo e revelou com esse pequeno grande pormenor que tem instinto de goleador. Saíu comovido do campo e só por isso mereceria uma menção honrosa!

Vinicius e João Paulo Oliveira entraram no último fôlego e lutaram pelo resultado.

Notas finais:

Como devem ter reparado fui hoje mais pormenorizado (e mais cáustico) do que o habitual na apreciação individual dos jogadores. E fui por três ordens de razões, a saber: em primeiro lugar porque o tempo escoa-se… Em segundo lugar para contrabalançar muita opinião em sentido contrário sobre falsos heróis e falsos vilões; finalmente, e em terceiro lugar, porque a crítica contundente não invalida o respeito que me merecem todos os jogadores que suam a camisola do Belenenses.