sexta-feira, julho 28, 2006

Se eu fosse candidato...

Não se assustem, ou não se entusiasmem, consoante o consoante, não vou abrir nenhum processo eleitoral no Belenenses. É da Liga que vos quero falar, supondo que era eu o candidato!
Eis o meu programa:
- A palavra de ordem seria: valorizar os campeonatos nacionais, da primeira e da segunda Liga. Quero dizer muito claramente que estes campeonatos existem por si, e para esta Direcção, são mais importantes e têm preferência sobre as competições europeias. Estou aliás convencido que a inversão deste princípio, nunca claramente assumido, mas sempre praticado, é um provincianismo que tem acarretado graves prejuízos para o futebol português e um dos responsáveis por termos campeonatos internos falidos, sem público, e pouco competitivos. Três males que andam sempre juntos.
Nestas condições o programa de qualquer candidato, simples e complexo ao mesmo tempo, resume-se a corrigir e eliminar os três males acima enunciados.
Antes porém, convinha tomar algumas medidas higiénicas: o candidato deve demarcar-se de tudo, e de todos aqueles, que têm as maiores responsabilidades neste autêntico ‘estado de sítio’ em que se transformou o futebol português. Por isso, não apoiarei a candidatura do anterior presidente da Direcção ao cargo de Presidente da Assembleia-geral da Liga!
Outra das medidas higiénicas tem a ver com a participação da Olivedesportos em várias, se não em todas as SAD! Acabou, é pouco transparente e pode diminuir a liberdade de voto dos clubes participados. Deve aliás ser caso único na Europa civilizada a que queremos pertencer.
Outra novidade tem a ver com as receitas televisivas: serão negociadas exclusivamente pela Direcção da Liga que distribuirá o bolo em fatias de diferente tamanho consoante a classificação da época anterior. Serão de diferente tamanho mas o leque distributivo terá de ser equilibrado, o contrário do que agora se passa. Ou seja: acabou a ditadura dos três grandes.
Outra das novidades será a ‘avaliação de dívidas’ a efectuar pela Direcção da Liga de modo a reduzir também o respectivo leque diferencial, trazendo alguma moralidade à competição desportiva. Quero dizer que doravante não será possível pôr em confronto directo equipas de clubes que devem milhões face a outras que devem tostões. O princípio que aqui vigora é também simples e popular: quem não tem dinheiro não tem vícios, ou há moralidade ou comem todos.
Perguntam-me: então vai deixar de haver competições em Portugal?
Respondo: a Liga vai organizar competições desportivas e não jogos de batota.
Por esta altura da campanha eleitoral já devo ter os ouvidos a arder, um mandato de captura atrás de mim, um colete-de-forças à minha espera, mas ainda arrisco dois pareceres: a arbitragem fora da Liga e da Federação, num organismo independente; tal como os órgãos jurisdicionais.
O outro parecer é sobre os cartões amarelos: a partir do quinto, começa a não poder jogar um jogo de cada vez que sofrer novo cartão amarelo. Agradece o espectáculo e agradecem as canelas dos adversários.
Falta dizer muita coisa, este é apenas o primeiro comício da campanha.
Votem em mim.

sábado, julho 22, 2006

Verdades e consequências

“A Administração da SAD do Belenenses decidiu expor o caso Mateus à FIFA. Os dirigentes azuis cansaram-se de esperar por uma decisão e vão avançar imediatamente para as instâncias internacionais...Em comunicado, a administração do clube garante que não se sentirá responsável pelas consequências que esta atitude possa trazer ao futebol luso”. (...) a responsabilidade caberá por inteiro a quem, objectivamente obstruiu a justiça, alimentando manobras dilatórias ridículas, tendo em vista o entorpecimento da mesma justiça...”. (...) Também são responsáveis os que pelos cargos que ocupam, podiam e deviam exigir celeridade neste processo e não desenvolveram nenhum esforço nesse sentido, continuando a agir como se nada se passasse e que tudo estivesse a ser transparente e claro”. (Jornal “A Bola” de sábado 22/07/06).

Muito bem! Retiremos então as necessárias ilações e consequências:
Os grandes responsáveis por tudo o que existe e acontece no futebol português têm nome – são o Presidente da Federação, o Presidente da Liga de Clubes e o Secretário de Estado da tutela. E excluindo este último, quer Gilberto Madaíl quer Valentim Loureiro, têm acrescidas responsabilidades, uma vez que ocupam aqueles cargos há...séculos!
Neste sentido e começando por Valentim Loureiro, que anda a fingir que sai mas não sai, admitindo inclusive que quer assumir o cargo de Presidente da Assembleia Geral da Liga (!), o mínimo que o Belenenses pode e deve fazer de imediato será denunciar esta situação pouco transparente e declarar publicamente o seu não apoio a este candidato. É nestas alturas que se marca o terreno, sem medo de represálias porque sabemos de que lado é que queremos estar. Não decerto do lado do vício e do embuste.
A segunda personagem que o Belenenses tem que pôr de parte é o insigne Presidente da Federação, espécie de rolha de cortiça, que vai ultrapassando e assimilando todas as trapaças em que a Federação se vê envolvida como se nada fosse com ele. O homenzinho está neste momento a viver um momento alto da sua carreira graças á selecção de emigrantes que Scolari tem vindo a conduzir com sucesso, e sendo assim, ainda estamos mais à vontade para o criticar, já que não existe o perigo de o atirarmos para o Fundo de Desemprego.
O Belenenses não pode continuar a pactuar com Direcções Federativas que albergam no seu seio ‘órgãos’ como este Conselho de Justiça que se refugia em questões formais para não ter que julgar o caso Mateus, e que ao mesmo tempo, na ânsia de servir os interresses do Benfica, se precipita a produzir acórdãos que transmitem uma mensagem errada à população e aos atletas em geral, estou a referir-me ao caso Nuno Assis!
O escândalo é maior quando sabemos que sobre a mesma matéria e em decisão anterior, o Conselho de Justiça resolveu em sentido contrário, provavelmente porque nessa altura estavam em causa interesses bem mais ‘pequenos’!
Como disse e repito o Belenenses não pode ficar calado à espera das migalhas desta gente. E não nos esqueçamos que foi este mesmo Madaíl que andou a advogar o ‘emagrecimento’ da Liga para engordar os três clubes do estado, para arranjar mais datas para as suas selecções, desvalorizando ainda mais os campeonatos internos! De quem ele não se lembrou foi dos outros clubes!
Por último, sendo que os últimos são sempre os primeiros, analisemos a actuação deste secretário de estado, Laurentino de seu nome: também foi partidário do emagrecimento dos clubes pequenos para engordar os grandes; opinou sobre o caso Mateus a favor do Gil Vicente; tem andado calado que nem um rato desde que começou a perceber que a lei não é bem como ele quer; e assustou-se agora com o epílogo do caso Nuno Assis; terá então visto de relance como funcionam os subterrâneos da verdade desportiva, como são falseados os resultados, muito antes da bola entrar em campo! Se for assim, já vem tarde, não serve.
O Belenenses é que não pode deixar passar em claro o percurso deste senhor, e em minha opinião, deveria emitir um comunicado dirigido à Secretaria de Estado do Desporto, com um recado bem simples: estranhamos o silêncio, denunciamos a dualidade!
Saudações azuis.

quinta-feira, julho 20, 2006

Juízes de Fora

Já vinha alertando para a falta de credibilidade dos órgãos da Federação, todos, para não me enganar, mas especialmente dos chamados ‘órgãos judiciais’, eleitos na mesma lista com os outros órgãos executivos e por via disso também dependentes dos apoios que propiciaram a respectiva eleição.
Ora estes apoios transformam-se rápidamente em facturas que é preciso pagar para podermos ser eleitos de novo, facturas que correspondem naturalmente a troca de favores, favores que se tornam cada vez mais suspeitos numa actividade que envolve milhões e ainda por cima alcandorada por certos políticos a desígnio nacional!
Quero com isto dizer que não existem pessoas sérias?
Longe disso, quero apenas reafirmar que o sistema tem a sua lógica muito difícil de contrariar em termos meramente individuais. Nem sequer é um problema do futebol, está antes do futebol, na promiscuidade entre o poder político e o poder judicial, bastando para tanto lembrar o Tribunal Constitucional, o mais elevado tribunal de apelo, e a forma como são preenchidos os respectivos lugares! Deste labirinto ninguém escapa, inclusivamente a figura do Chefe de Estado, saindo também ele deste regime totalitário de partidos políticos, e sabendo que só será eleito se desfrutar do apoio do Partido Socialista ou do Partido Social Democrata, ou de ambos!
Vem isto a propósito do incrível Acórdão proferido pelo Conselho de Justiça da Federação, mandando arquivar o ‘processo Nuno Assis’, cedendo às exigências e aos interesses do Benfica, e ao mesmo tempo a plena incapacidade do mesmo Conselho de Justiça em julgar, como lhe compete, do cumprimento ou incumprimento da lei no ‘Caso Mateus’, certamente porque os interesses do Belenenses não lhe interessam!
Registe-se entretanto uma nova dualidade de critérios, desta vez vinda do Governo: ignorou o ‘Caso Mateus’, mas indignou-se com o ‘Caso Nuno Assis’!
É pois perante este descalabro das instâncias judiciais da bola indígena, que talvez fosse útil entregar estes e outros casos, a Juízes de Fora, isentos e imparciais, sem dependências internas de qualquer espécie, seguindo assim o avisado procedimento do nosso Rei Afonso IV, e para resolver o mesmo tipo de ‘problemas’.
Saudações azuis.

terça-feira, julho 18, 2006

Novo estudo, velho estilo

Mais uns quantos que se debruçam sobre o futebol português, que tentam indagar das suas virtudes e vicios, gente informada decerto, estudiosos à procura da verdade. Os jornais deram a cobertura adequada à circunstância, enquanto o jornal “A Bola”, com mais de uma página, mostrou que é pioneiro na matéria.
De facto, quem é que hoje pode dispensar a consulta daquele luminoso Anuário, produzido em colaboração com a empresa Delloitte, e que ano após ano nos surpreende com as suas brilhantes conclusões! Um exemplo: mais de 90% das receitas de bilheteira provêm dos jogos em que participam os chamados três grandes!
Ora bem, os novos investigadores, seguindo outros caminhos chegaram a um resultado idêntico! Concluíram eles, que mais de 90% dos bilhetes vendidos, vejam a diferença, provêm dos jogos em que participam Benfica, Sporting e Porto!
Notável.
Não me atrevo a duvidar de tais sumidades, mas ainda assim gostava de sugerir outro método, menos científico é certo, mas capaz de corrigir distorções, revolucionar a bola indígena, e quiçá, servir de terapia pessoal aos próprios investigadores!
É aquilo a que chamo, o ‘método do espelho’:
Muito simples de pôr em prática, consiste num pequeno teste de avaliação, em que o candidato a investigador, deve previamente colocar a si próprio a seguinte pergunta: de que clube é que eu sou?!
Se a resposta indicar que é adepto de um dos três grandes, o candidato deve desistir imediatamente de toda e qualquer investigação, sugerindo-se que tente aprofundar as razões da sua filiação clubística.
Agora perguntam-me: então assim não é possível realizar qualquer investigação ao fenómeno futebolístico em Portugal!?
O ‘método do espelho’ concorda e conclui que essa é a verdadeira questão que está em cima da mesa e que deve ser investigada. E dá exemplos: O que leva um natural de Évora a ser um adepto ferrenho do Sporting ou do Benfica?!
No entanto, o autor deste singular método, prevendo a enorme dose de frustração que se apoderaria de muitos e bons candidatos a investigadores, dá-lhes outra oportunidade, aquilo que em gíria liceal se denomina de ‘segunda chamada’. E em que se traduz esta segunda chamada?!
É também muito simples, basta que o candidato acerte em duas das três seguintes perguntas:
Primeira pergunta: que medidas concretas advoga para alterar a percentagem abissal entre as receitas de bilheteira dos tais três clubes grandes e os outros?
Segunda pergunta: O que pensa do facto de o canal público transmitir jogos de preparação do Benfica, por exemplo, e não transmitir jogos de preparação do União de Leiria, por exemplo?
Terceira pergunta: Que ilação podemos tirar dos apoios concedidos aos três clubes chamados grandes por parte de entidades com capitais públicos, como por exemplo, PT, Caixa Geral de Depósitos, etc?
Das respostas a estas perguntas depende a sua carreira de investigador do futebol português. Concentre-se, não falhe.
Saudações azuis.

sábado, julho 15, 2006

Ressentimento

É talvez a palavra adequada para exprimir o que me vai na alma, uma enorme frustração, uma sensação de vazio difícil de preencher, sentimentos aparentemente contraditórios se quisermos tomar como padrão a descida aos infernos que foi a época finda, que culminou com a derrota em Barcelos.
Aparentemente estamos um pouco mais aliviados, este ‘caso Mateus’ tem conseguido mascarar algumas coisas, tem sido um pequeno bálsamo junto à ferida que no entanto não há maneira de sarar. Quero eu dizer que ainda que me convença da verdadeira mentira que é o futebol português, o que é verdade, com o seu cortejo de jogos falseados, de cartas marcadas, de trafulhices várias, ainda assim nada disso chega para desmentir uma outra verdade, que se aviva ao mínimo descuido, bastando para tanto relancear os olhos por esses jornais, desportivos ou não, que todos os dias nos lembram a nossa realidade. A verdade a que me refiro, resultado de uma longa e lenta agonia, resumo-a numa curta frase: nunca fomos tão ínfimos.
Isto não é, nem pretende ser uma crítica a esta ou a qualquer Direcção, mais ou menos recente, nem seria este o momento para tal, quando nos vemos envolvidos numa importante batalha jurídica, quando estamos dependentes de decisões de terceiros, determinantes quanto ao futuro próximo do Belenenses. Esta é hora de cerrar fileiras, de estarmos unidos.
Mas nada disso pode escamotear aquela outra tremenda realidade, e por isso repito, nunca fomos tão desnecessários, tão ridiculamente pequenos, tão desprezíveis, como agora, perdidos no meio deste futebol nacionalizado à socapa, desta opereta de má qualidade, verdadeiro nome do futebol português.
E nós a pactuarmos com isto há tanto tempo, a lamentarmo-nos, a chamar nomes aos árbitros, impotência revelada, incapaz de assumir um corte vertical contra toda esta trapaça, incapaz também, noutro sentido, de ser pior que eles, o que ainda assim e no fundo deste pântano talvez fosse preferível! Melhor do que esta inanidade, era concerteza.
Nada, não fizemos nada, deixámo-nos ir na corrente, sem benefício algum, agarrados a quimeras sem perceber bem o que nos estava...o que nos está a acontecer! Este era o estado da nação belenense, pelo menos até ontem, para não dizer... até hoje.
O meu ressentimento vem daqui, ‘há qualquer coisa que não bate certo’, como diz a letra de uma conhecida canção.
Termino pois com o seguinte vaticínio: Quer se ganhe, quer se perca o ‘caso Mateus’, no Belenenses nada poderá ficar como dantes.
Saudações azuis.

terça-feira, julho 11, 2006

Federação pior que a Liga

O demissionário Vogal da Comissão Disciplinar da Liga, Juiz Pedro Mourão, disse textualmente o seguinte: “ Esta era uma questão cuja resolução era incontornável e parece-me que o Conselho de Justiça da Federação poderia ter ido mais além, assumindo, pois, que havia condições para uma decisão”. E acrescentou, que para além de reconhecer a impossibilidade de Domingos Lopes recuar no pedido de escusa, o CJ “podia ter tirado as consequências e já se tinha resolvido o problema”.
Mas como se sabe não resolveu, e não resolveu porque a Federação não serve o futebol português, é uma estrutura ultrapassada, responsável em grande medida pela corrupção larvar, pelo persistente compadrio, por este futebol semi-nacionalizado, que serve apenas os interesses dos grandes.
Vive nesta altura momentos de glória à boleia dos êxitos da Selecção mas continua a albergar e a esconder no seu bojo as Associações de amigalhaços, de longa data, sempre os mesmos, num rodopio de doutores disto e daquilo, uma velha aliança com autarcas e construtores civis, a que agora se juntam, empresários, políticos ambiciosos e banqueiros!
Quem é que não percebeu o verdadeiro sentido desta não decisão? Quem é que não viu neste gesto a retribuição de algum apoio prestado nas últimas eleições? Quem é que acredita na independência destes órgãos de justiça que se incluem numa mesma lista eleitoral! Independentemente da vontade concreta dos titulares!
Vassourada geral, é a única solução. Os órgãos jurisdicionais não podem fazer parte das listas de candidatura, não podem estar misturados com os elementos executivos designados pelas Associações.
Por isso eu digo e repito que esta devolução do processo à Comissão Disciplinar da Liga foi uma vergonha, e indicia medo de assumir responsabilidades.
Ora bem, é neste contexto que temos de avaliar a futura Lei de Bases que se propõe entregar à Federação, ou seja, às Associações Distritais, o poder jurisdicional! Será que a partir dessa altura e por milagre deixarão de ter medo de decidir!
Haverá independência?
Saudações azuis.

domingo, julho 09, 2006

A Itália ganhou

Mais um campeonato do mundo decidido na lotaria das grandes penalidades. Sem esquecer outros prolongamentos e outras decisões idênticas.
A Itália ganhou, mas a França é melhor equipa, tem mais classe, criou mais oportunidades, esteve mais perto da vitória. A Itália tem, como sempre teve, uma excelente defesa, guarda-redes incluído, e costuma ser mortífera no ataque, mas neste jogo final apenas criou perigo quando beneficiou da marcação de pontapés de canto, contando para isso com o poder de elevação de Matterazi, Grosso e Luca Tony.
A partir de certa altura, pareceu conformar-se com a superioridade da defensiva gaulesa e desistiu de atacar, ficou à espera das grandes penalidades.
Entre os franceses, Zidane e Henry deram nas vistas, arte e classe pura! Por seu turno, Thuran e Gallas são intratáveis!
Foi bom ter visto este jogo para perceber melhor as dificuldades do ataque luso, e para valorizar também o esforço da nossa defesa para controlar Thierry Henry e Malouda!
Mas repito, a França mereceu outro destino. Já em pleno prolongamento, por duas vezes, a baliza italiana correu grande perigo. Um magnífico cabeceamento de Zidane merecia melhor sorte e daria outra justiça ao resultado. Mas Buffon não quis e fez uma defesa impossível!
Esta final de Berlim fica ainda marcada pela inusitada expulsão deste extraordinário jogador, reagindo, quem sabe, a alguma provocação de Matterazi, algo que passou despercebido a toda a gente. A verdade é que quando nada fazia prever, Zidane correu para o defesa italiano e deu-lhe uma valente cabeçada!
Foi assim expulso no seu último jogo oficial pela selecção de França...ele que durante toda a sua carreira, foi sempre um jogador correcto e educado.
Claro que este gesto não irá obscurecer a sua memória, ninguém se vai esquecer do enorme jogador que foi e que, como demonstrou exuberantemente, continua a ser!
Cai assim o pano sobre o campeonato do mundo realizado na Alemanha, sob o signo do número quatro: os portugueses conquistaram um excelente quarto lugar; e a Itália arrecadou o seu quarto título mundial!
Parabéns ao vencedor.

sexta-feira, julho 07, 2006

Conselho de Justiça faz anti-jogo!

O Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, posto perante a necessidade de dar resposta à questão de fundo do “caso Mateus”, saber se o Gil Vicente cumpriu ou não cumpriu a lei, coisa bem simples afinal, atrasou a bola ao guarda-redes, simulou decidir sem decidir absolutamente nada, agarrou-se à primeira de muitas irregularidades de que enferma o acórdão da Comissão Disciplinar da Liga, algumas com contornos de caso de polícia, e devolveu tudo à dita Comissão para uma nova apreciação, para um novo acórdão!
O grande e intransponível obstáculo invocado pelo Conselho de Justiça para não se pronunciar sobre o fundo da questão deriva de uma formalidade, a saber, que já não há ninguém que não saiba, neste país do futebol: o filho do vice-presidente do Gil Vicente não podia ter votado num caso em que é parte interessada, ainda por cima depois de ter sido inscrito em acta esse impedimento, e por sua iniciativa!
Incrível a desculpa para não julgar tempestivamente o que vão ter de julgar mais tarde ou mais cedo!
É claro que não duvidamos nem por um segundo, que os meritíssimos Conselheiros agiram cobertos e recobertos pela mais espessa e abundante legislação em vigor! Seguiram decerto a melhor doutrina nestes casos; foram prudentes até ao ponto em que a prudência se confunde com a sabedoria!
Mas a verdade nua e crua, é que foi cozinhada mais uma sentença à moda da casa, a verdade nua e crua, é que não tiveram coragem para fazer aquilo que os portugueses esperam da justiça, aquilo que justifica a existência de juízes: julgar o essencial em detrimento do supérfluo.
Com esta decisão o Conselho de Justiça deu um mau exemplo e beneficiou o infractor!
Termino equacionando a seguinte hipótese académica: se o recurso do Belenenses não fizesse referência a qualquer outro vício de que enfermasse o acórdão, discordando apenas da interpretação da lei e por consequência da sentença favorável ao Gil Vicente, proferida pela Comissão Disciplinar da Liga, pergunta-se:
Qual teria sido a decisão do Conselho de Justiça face ao recurso do Belenenses?
Analisaria sem entraves a questão de fundo, resolvendo em definitivo este caso?
Ficam as perguntas... sem resposta.
Saudações azuis.

quinta-feira, julho 06, 2006

“E agora, José?”

O jogo perdido, o sonho desfeito, a vida suspensa, amanhã o trabalho, o patrão que é francês, o olhar de soslaio, a inferioridade a ‘bater’, porque o Figo falhou, o Deco também... e agora, José?
Podia continuar assim, inspirado em Drummond de Andrade, mas não, a crónica segue os trâmites normais:
O carrossel de Zidane chegou e sobrou para as tímidas arremetidas lusitanas!
Vi uma selecção da França atacar menos vezes, mas com mais perigo. Vi a ‘finesse’ de Henry desequilibrar, uma vez, duas vezes, a defesa portuguesa. À terceira, Ricardo Carvalho não aguentou e fez o penalty que ditou o resultado. Na hora de marcar a diferença, Zidane marcou, apesar da magnífica estirada do guarda-redes Ricardo!
No resto do tempo, os franceses esperaram por nós no seu meio campo confiantes na qualidade do quadrado mágico de centrais e trincos, uma barreira práticamente intransponível, onde o ataque luso esbarrou vezes sem conta.
Faltou-nos potência na ala direita e no ponta de lança; para além disso, houve jogadores portugueses que acusaram o peso da responsabilidade: Figo nunca conseguiu libertar-se de um desconhecido Abidal; Deco mostrou-se sem velocidade e sem ritmo; Costinha escondeu-se do jogo; Pauleta, mal servido, não soube dar a volta ao texto; de Ricardo Carvalho esperava-se uma exibição sem mácula, que não aconteceu! Miguel arrancou uma vez e caíu; os que entraram depois, nada acrescentaram!
Cinco jogadores mereciam estar na final, porque foram iguais a si próprios, ao que esperávamos deles: o guarda-redes Ricardo, sem uma falha; Meira, imperial; Nuno Valente, superando-se sempre, esteve enorme; Cristiano Ronaldo levando de vencida vários adversários; e finalmente, Maniche, vibrante, tentando empurrar a equipa para a vitória!
Não chegou.
É certo que todos deram o máximo, é certo que conseguimos equilibrar a partida, é certo que mantivemos acesa a esperança até ao fim...mas marcar um golo tornou-se tarefa quase inacessível. E era preciso marcar um golo para ir à final.
Uma última palavra de elogio para Scolari, assente numa prova insofismável: dos cinco jogadores que no jogo da verdade, não cederam, quatro deles só jogaram neste mundial porque Luís Filipe Scolari quis!
E ainda bem para Portugal.

quarta-feira, julho 05, 2006

Notícias que interessam

“Caso Mateus” decide-se amanhã", noticia o jornal “O Jogo”:
“Amanhã deverá ficar a saber-se se será o Gil Vicente ou o Belenenses a jogar na Liga principal de futebol na próxima temporada. O Conselho de Justiça (CJ) irá reunir-se amanhã para analisar e decidir sobre o recurso apresentado pelo Belenenses. O “caso Mateus” consta da ordem de trabalhos desse encontro de amanhã, mas não é líquido, no entanto, que a notícia seja tornada pública logo após o final da reunião, já que o CJ poderá optar por notificar primeiro os clubes. Depois do recurso entregue pela formação do Restelo, o CJ tinha um prazo não vinculativo de dez dias para se pronunciar, prazo que está agora a terminar. De acordo com a legislação desportiva em vigor, o órgão federativo tem poder suficiente para anular a decisão tomada em primeira instância pela Comissão Disciplinar da Liga de Clubes, que, como foi amplamente divulgado, foi favorável aos gilistas. Certo é que o Belenenses, em caso de decisão contrária aos seus argumentos, fará seguir o caso para a FIFA”.

“Este secretário de Estado é mentiroso e incompetente” é outra notícia que se pode ler no jornal “O Jogo” de hoje:
É uma reacção de Rui Alves, presidente do Nacional e provável candidato às próximas eleições para a Direcção da Liga de clubes, desagradado com a proposta da ‘Lei de Bases da Actividade Física e Desporto’, nome pomposo para uma legislação que já glosei no ‘postal’ anterior.
Apenas algumas passagens das declarações de Rui Alves: “Infelizmente estamos perante um secretário de Estado (da Juventude e Desporto), que, para além de mentiroso parece-me bastante incompetente e atropelador da Constituição. Este senhor secretário de Estado deve incomodar-se pelo facto de, por exemplo, o Cristiano Ronaldo ser da Região Autónoma da Madeira e o Pauleta da Região Autónoma dos Açores. Por ele ainda estávamos no 24 de Abril. (...) “ É mentiroso por ter dito que a proposta ia aparecer em Março e só apareceu em Junho; e por ter andado a fazer congressos a dizer que ía ouvir a opinião das pessoas. O que reflecte a proposta não é nada disso. Pelo contrário. (...) “O desporto é do interesse específico das Regiões, estas são donas da gestão dos seus orçamentos. Este senhor secretário de Estado revela ignorância, está completamente equivocado em relação a inúmeras coisas e é mal formado porque é mentiroso e não consegue despir a camisola colonialista.” (...) “Se eu for candidato a presidente da Liga, este secretário de Estado tem os dias contados a muito breve prazo”.
Resta-me acrescentar que este Laurentino Dias, de Fafe, foi o tal que visitou o Restelo aqui há uns tempos e terá sugerido à Direcção do Belenenses que o nosso clube deveria ser uma espécie de ‘entreposto’ ao serviço de Benfica e Sporting! O retrato fica completo se nos lembrarmos que já andou a botar opinião no “caso Mateus” a favor do vizinho Gil Vicente, vizinho dele, naturalmente.

Uma última notícia do mesmo jornal “O Jogo”, sobre a Grécia:
“O projecto de lei para o desporto profissional grego vai ser revisto pelo governo, de modo a que a suspensão da FIFA seja levantada o mais rápidamente possível. Georges Orphanos, secretário de estado para o desporto grego, vai reformular a lei, depois da FIFA ter justificado aquela tomada de posição por a federação grega não cumprir os estatutos daquele organismo e permitir ao governo intervenções na sua gestão. Mal o quadro legislativo, que “nacionalizou” o futebol grego até agora, seja alterado, o governo anunciou que vai suspender os apoios financeiros à federação”.
Nota: Por cá, também temos o mesmo problema, (encapotado), não é assim Dr. Madaíl?
.
Post Sriptum: Também vi notícias sobre árabes interessados em Meyong e sobre a vontade deste em ir-se embora do Belenenses...mas isso já não é notícia.

sábado, julho 01, 2006

Entre bases e básicos

Temos uma nova lei de bases para o desporto!
Do alto do púlpito, o secretário de Fafe, perdão, de Estado, Laurentino é o nome, junto com o ministro Pereira, que gosta de empregar filhas de presidentes em estágio para a PT, as filhas, dizia eu, que hoje prometo só dizer bem, que estou escondido debaixo do púlpito e ouvi a boa nova: uma nova constituição para o desporto português!
Outra vez admirado com este país que fabrica leis como ninguém, leis que prevêem tudo, de alto a baixo, leis que saem do Terreiro do Paço na nossa direcção, na direcção do mundo...”e se mais houvera, lá chegara”!
Leis são connosco. Cumprir ou não cumprir, fazer cumprir ou não, é outra questão!
Mas regressemos ao assunto:
O jovem nasce e já não é gente, é cidadão! É imediatamente coberto e recoberto pela malha legislativa, e mal se espreguiça fica a saber que a extensão do braço, é ginástica, se espreguiça muito, é alta competição, não há subsídio que resista.
O desporto escolar é agora, está escrito na lei!
Será desta que os clubes de futebol, vão deixar de ‘fazer’ desporto escolar! Para ver se passa a haver desporto escolar!
Livrei-me do trocadilho, os dois arquitectos sorriem, a arquitectura da lei faria inveja ao construtor do universo!
Quem não achou muita graça ao monumento constituinte foi o desmancha-prazeres da Madeira! Mal intencionado certamente, viu logo que havia ali conversa fiada para tramar a pérola do Atlântico.
É bem verdade que a explosão desportiva na Madeira destoa do Continente!
A autonomia está errada, nós queremos o país nivelado...por baixo, quem é que ele pensa que é!? Ainda por cima, a fazer ‘flores’ com o nosso dinheiro!
Antigamente é que era bom, no tempo em que a Madeira não existia, desportivamente falando.
Preciosidades para acompanhar de perto:
As autarquias deixam de poder apoiar os clubes de futebol profissional! Daqui a dois anos os mesmos clubes têm que alinhar* com um mínimo de seis jogadores formados na sua ‘cantera’, leia-se academia!
Até eu percebo quem vai ser beneficiado...e quem vai ser prejudicado.
Siga pois o plano quinquenal.
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* Os clubes do nosso futebol profissional estarão obrigados, já em 2007/2008, a inscrever para cada jogo seis jogadores 'formados' no clube. Jogadores que tenham sido inscritos na Federação pelo menos durante três épocas, entre os 15 e 21 anos.
A partir de 2008/2009 serão oito.