Já todos conhecem a minha opinião
sobre o ecletismo nos clubes profissionais de futebol – deveria ser proibido pelo
governo. Em nome do progresso das modalidades. E da transparência do futebol. De
facto, na Europa, só em Portugal, e de forma cada vez mais residual em Espanha
(Real Madrid e Barcelona) é que persiste esta prática, resultado de uma
mentalidade que teve o seu tempo nos anos quarenta e cinquenta do século
passado. Nessa perspectiva os estádios de futebol entretanto construídos incluíam
pistas de atletismo, caixa de saltos e alguns, como o de Alvalade, pista de
ciclismo! Os novos estádios já não são assim, ganha o espectáculo, ganha a
equipa da casa que sente os seus adeptos mais perto, e ganha o público em geral
porque vê melhor.
Esta transição para um futebol
altamente profissionalizado, num contexto cada vez mais competitivo, e exigindo
cada vez mais recursos, é fácil de entender, como é fácil de entender que as
modalidades não podiam ficar à mercê dos altos e baixos do futebol. Oscilações
que têm reflexo imediato nos respectivos orçamentos. Daí que as modalidades se
tenham organizado por essa Europa fora em clubes/ modalidade e mesmo entre nós,
há experiências disso e com relativo sucesso.
Ora se isto é assim, por que
razão não é assim connosco?! Há várias explicações, mas todas elas desagradáveis.
Em primeiro lugar cabe às instituições políticas e não aos clubes de futebol,
zelar pela prática desportiva, desde a escola à universidade. Esta ‘substituição’
é uma longa mentira e tem servido quase e apenas para receber subsídios e para
a propaganda dos grandes clubes de futebol. Porque isto é negócio de grandes,
não tenhamos dúvidas. Aliás os progressos e os resultados das modalidades ao
longo destes mais de cinquenta anos falam por si – conversa muita, medalhas
poucas.
O Belenenses actual, provávelmente
fruto da sua inadequada estrutura directiva, parece ter entrado numa nova
deriva eclética! Fora de prazo, em contra ciclo, e pela frenética criação de
novas actividades, mais parece uma prova de vida da direcção do que uma real
aposta nas mesmas. Diz o povo – ‘quem muitos burros toca, algum lhe há-de ficar
para trás’! A continuarmos assim é capaz de ser o futebol.
Saudações azuis
Nota: Já depois de ter escrito
este postal tomei conhecimento de mais um episódio da guerrilha entre SAD e
Direcção! E que infelizmente vem dar razão á minha última frase. Uma profecia.
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