terça-feira, abril 12, 2016

Toca o hino!

Alguém disse que o futebol é a coisa mais importante das coisas menos importantes! É uma definição curiosa e tendo a concordar com ela. E por isso acho um pouco rebuscada e até ridícula a sugestão da SAD para que se toque o hino nacional antes dos jogos! Não sei se a sugestão se refere apenas aos jogos do campeonato, se também se alarga aos jogos da Taça de Portugal, à Taça da Liga, aos jogos particulares, não sei, mas a ideia continua a ser rebuscada.

A tradição é que se toquem os hinos dos clubes visitados quando as equipas entram em campo. O hino nacional fica reservado para a selecção. E os hinos dos clubes têm a sua importância, na medida em que vincam o carácter de cada agremiação distinguindo-a de todas as outras. No caso do Belenenses há-de ter sempre uma referência à Cruz de Cristo posta nas caravelas, caravelas que um dia partiram do Restelo à descoberta do mundo. Essa referência identitária é algo a que nenhum belenense fica indiferente. Quem é que não gosta de ouvir à entrada das equipas o ‘canto do mar’ do Pedro Barroso! Não é esse o hino oficial do Belenenses mas o facto de haver vários cânticos que se identificam com o Clube é sempre uma riqueza, uma mais-valia.

Assim a proposta da SAD iria apagar aquilo que mais do que nunca precisa ser realçado, ou seja, a diferença entre as colectividades numa indústria cada vez mais abstracta e colonizada pelos interesses dos mais fortes. Sei que não terá sido esse o argumento invocado mas os riscos são evidentes. A troco de uma maior solenidade e envolvimento das duas equipas no espectáculo, ao melhor estilo da Champions, perdia-se uma parcela da história.
  
Portanto, termino como comecei: - a uniformidade é inimiga da diferença e é a diferença que faz os clubes.


Saudações azuis


Nota: Haveria sempre a hipótese de manter os cânticos clubísticos à entrada das equipas e no alinhamento tocar-se então o hino nacional. Ainda assim, discordo. Mas desta vez discordo por causa do hino nacional. Faz-me sempre lembrar a implantação da república.

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