Uns conseguem pagar as quotas,
outros não, alguns conseguem pagar os blue card, outros não, muitos seguem
de longe a vida do clube, em todos a mesma paixão, sem nada em troca - sonham apenas
com o regresso do Belenenses ao lugar que já lhe pertenceu!
Esta semana foi particularmente dura
e triste para todos eles. São os mártires do Restelo! Quer no aspecto associativo, quer no
aspecto desportivo.
No aspecto associativo ficaram a
saber aquilo que já se sabia – o Belenenses não tem dirigentes à altura dos
seus anseios. Esta é única explicação para os actos de sabotagem que atingiram
a equipa de futebol. E também explicam por que razão não saímos da cepa torta. Quando
pensamos que é agora, nova desilusão acontece. As razões da decadência não são
os árbitros, não são os clubes rivais, ou outras desculpas do género, as razões
da decadência estão dentro do clube. Estão à vista de todos.
Podia enfim, no meio de tanta
contrariedade, sobrar uma pequena alegria, uma boa exibição e quiçá uma vitória
sobre o Sporting! Mas martírio é martírio e Julio Velasquez quando se trata de martírio
é para levar a sério. Pensa Velasquez que estamos no mesmo patamar que os
nossos rivais! Não estamos. E vá de cometer os mesmos erros que já nos valeram a
goleada contra o Benfica. Alterações a mais, laterais a menos, um meio campo
frágil perante um meio campo fortíssimo, em suma, uma equipa demasiado aberta
perante um adversário demasiado forte.
Trocando por miúdos, não havia
necessidade de mexer no que esteve bem na jornada anterior - Filipe Ferreira a
defesa esquerdo e André Sousa a descair na ala. Fábio Nunes que até nem jogou
mal, não tem rotina posicional de defesa esquerdo e durante a primeira parte
deu muito espaço. Fábio Nunes deveria ter sido lançado durante o jogo no lugar onde
é mais perigoso - extremo-esquerdo.
A perder por dois a zero ao
intervalo, com alguma sorte, diga-se, uma vez que o Sporting falhou um ou dois
golos feitos, a verdade, é que no final da primeira parte conseguimos
reequilibrar um pouco as operações e por duas vezes ameaçámos a baliza leonina.
Mas Velasquez estava a escrever
muito no seu bloco de notas e eu vi logo que vinham aí substituições! Reforçar
o meio campo, pensei eu, era boa ideia. Fazer sair Tiago Caeiro e passar Miguel
Rosa para o seu lugar seria outra ideia. Mas as minhas ideias não vingaram e
Velasquez apressou o martírio – fez sair Tiago Almeida, um defesa direito
improvisado mas ainda assim defesa direito, e o Belenenses passou a jogar com
três centrais. Lembrei-me então do jogo com o Benfica porque o descalabro
também começou assim. O Sporting não se fez rogado e rápidamente esburacou
aquele flanco, e só não marcou mais golos porque não quis. A coisa só
estabilizou com a entrada de Dias que de facto equilibrou um pouco o sector
defensivo. A ideia que me ficou é que devia ter entrado mais cedo. Enfim, esta é
a história de mais uma goleada. Uma goleada que quanto a mim e pese a categoria
evidenciada pelo Sporting era evitável.
Nas declarações após o jogo
Gonçalo Brandão revelou-se um capitão á altura do grande Belenenses - pediu
desculpa aos adeptos pela má exibição da equipa, lamentou as ocorrências, mas não
se justificou com elas.
Saudações azuis
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