Nada melhor que o beijo do fiscal de linha para iniciar uma crónica
de guerra. Este beijo, que não devia ter acontecido, explica muito sobre o futebol que temos e sobre o que aí vem. E o que aí vem é uma guerra sem quartel
entre os três clubes do estado num campeonato de denúncias onde todos se acusam
mas todos prevaricam ou querem prevaricar. Não há aqui inocentes e já que
estamos em maré de responsabilidades devíamos começar por cima. E quem está em
cima é o governo. É pelo menos isso que todos esperamos.
Noutra perspectiva e face ao alarme social provocado pelos
acontecimentos de Alcochete há uma medida que, pelo que se vê e ouve, parece
recolher o consenso da população - responsabilizar Bruno de Carvalho,
cortar-lhe o pio e condená-lo ás galés. Não havendo galés e se mesmo assim a corrupção
e a violência continuarem há uma série de medidas que poderiam ter algum
efeito. Já as enunciei várias vezes mas posso repetir. Assim, ao correr da pena
vão tomando nota:
Suspender as claques ou grupos organizados de adeptos durante
um ano. Sabemos que nos grandes clubes portugueses as claques funcionam como
guarda pretoriana dos presidentes. Também sabemos que são um bom abrigo para
marginais e criminosos de toda a espécie. E suspeitamos que gostam mais de
cantar do que de futebol. Quando digo cantar é força de expressão. Gostam de
ofender os adversários.
Portanto qualquer indício de que esta norma não estivesse a ser
cumprida isso implicaria que o clube prevaricador jogasse os próximos jogos em
casa á porta fechada.
Estabelecer uma distância higiénica entre todos os actores
políticos e o futebol profissional. Falo do governo, dos deputados, dos autarcas,
e dos gestores públicos. Quem for apanhado nos camarotes da Luz, Dragão ou Alvalade,
o melhor é pedir a demissão do cargo. Se querem ver a bola comprem bilhete e
sentem-se nos lugares reservados ao público. Se não houver condições de
segurança não vão e criem-nas. Porque a segurança dos cidadãos compete ao governo.
Também não podem ser comentadores de futebol nos órgãos de comunicação social.
Por maioria de razão o distanciamento e a independência da
justiça ainda são mais prementes. Aí ou acabamos com as toupeiras ou são as toupeiras
que acabam connosco. E a questão é tão grave que nem sei o que propor! Espero apenas
que as investigações em curso não acabem em águas de bacalhau. Todas elas. Seria
catastrófico não apenas para o futebol mas para o país.
Proibir os clubes de futebol profissional de competirem noutras
modalidades que não pertençam à mesma federação. Isto é o que acontece nos
países onde funciona o clube/modalidade situação que permite que as várias modalidades
efectivamente se desenvolvam deixando de estar indexadas aos altos e baixos do
futebol. E então é possível sonhar com medalhas olímpicas. A fase do ecletismo foi
há mais de cem anos.
A outra grande vantagem é evitar que a corrupção que existe
no futebol profissional contamine também as modalidades. Que é o que parece que
já está a acontecer.
Haveria evidentemente um prazo para efectivar a mudança. E
ninguém retiraria a glória passada a nenhum clube nem a nenhum atleta.
Chamar á responsabilidade o presidente da federação portuguesa
de futebol e demitir o conselho de justiça da mesma. Quem despenaliza cotoveladas
que o país inteiro viu não pode esperar que a violência diminua. Nem
dentro nem fora das quatro linhas.
À atenção de Fernando Santos: - quem premeia um jogador violento
convocando-o para ir ao mundial, que exemplo é que está a dar?!
Centralizar os direitos televisivos na Liga ou na Federação,
custe o que custar, distribuindo a respectiva receita de forma equitativa pelos
competidores. Sem esquecer o apoio devido a quem desce de divisão. Entregar a
produção e transmissão televisivas a uma única entidade, independente dos
competidores.
Há mais medidas imediatas mas estas para começar já chegavam
para diminuir a corrupção e com ela a violência no desporto.
Saudações azuis
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