segunda-feira, agosto 21, 2017

Tocar na ferida

Manuel Machado treinador do Moreirense resumiu a verdade do nosso campeonato – ‘isto é para três clubes e os outros não interessam, são carne para canhão’. Uma verdade cristalina que só agora alguns ousam verbalizar! Só alguns, porque a maioria está comprometida com este sistema e não o quer mudar. O governo neste caso é como se não existisse! Aliás o futebol apenas reproduz a sociedade em que vivemos, uma sociedade cada vez mais desigual, em tudo, e que quase se pode medir pela diferença de orçamentos entre os três eucaliptos e os restantes. Pobres comparsas que não sabem a força que têm pois sem eles não haveria espectáculo! O que se passa hoje em dia só tem um nome – uma vergonha, um espectáculo indecoroso, próprio de um circo romano.

O quadro é este e ainda piora com as intervenções programadas dos escribas! Refiro-me à comunicação social, em peso, sem uma única excepção relevante. Estes escribas são ainda mais desprezíveis tal é a colagem aos interesses de Benfica, Sporting e Porto.
É claro que podia argumentar-se que assim, tal como está, o nosso futebol tem progredido ao ponto de Portugal ser o actual campeão da Europa! Nada mais falso. Com os rios de dinheiro gastos, com as dívidas insolúveis á banca, e com o tempo de antena afecto ao futebol, Portugal deveria ser, pelo menos, campeão interplanetário, incluindo nesse campeonato todas as nebulosas conhecidas!

Mas voltemos ao fundo da questão e áquilo que se ouviu depois de Manuel Machado ter dito o que disse. Falou-se então na centralização dos direitos televisivos e numa distribuição mais justa dos proventos, mas falou-se sempre de uma forma pouco convicta, como se isso fosse uma impossibilidade em Portugal! E ‘isso’ é apenas o mínimo que é devido a quem participa no espectáculo, espectáculo que não existiria sem a participação de todos os clubes. Quem não quer perceber isto está a cavar a ruína do nosso campeonato ou então está já a pensar num campeonato filipino. Já demos essa matéria durante sessenta anos… Quando perdemos a independência.


Saudações azuis

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