quarta-feira, setembro 27, 2006

Os tambores da guerra

A ninguém passou despercebido o tom de ameaça e a linguagem característica de ‘família’ desavinda que estalou entre Valentim Loureiro e Luís Filipe Vieira, com aquele a denominá-lo de ‘arrependido’, atirando-lhe ainda a advertência – ‘não se meta comigo’! Na mesma linha, e aproveitando a disponibilidade que patenteia para usar qualquer canal televisivo, Vieira ripostou com as mesmas ameaças!
A causa próxima desta zanga de comadres é o morto e ressuscitado ‘apito dourado’, mas na realidade toda a gente pressente que existe uma razão mais funda para o alarido e que está relacionada com a impunidade que vigora em Portugal, em todos os domínios, mas a que é preciso dar alguma resposta, mais tarde ou mais cedo.
É claro que nada disto interessa ao Governo, muito menos ao poder judicial, habituado a não decidir em questões incomodativas, que possam perturbar a paz dos anjos em que vegeta. Agora o que se estranha, ou talvez não, é o silêncio cúmplice da comunicação social da especialidade que prefere publicar banalidades, a noticiar as escutas telefónicas em que se combinam os resultados dos jogos, jogos que a mesma comunicação social gosta de relatar como se fossem a coisa mais séria do mundo!
Mas eu compreendo, os jornais desportivos em Portugal, não são jornais desportivos, são unidades de missão, ao serviço dos interesses, não tanto dos clubes do estado, mas deste sistema vicioso que no fim de contas os alimenta. Repare-se que tivemos que ler as novidades sobre os escândalos que abalaram definitivamente o futebol nacional, nos jornais generalistas, enquanto que os ‘desportivos’ abdicavam alegremente das receitas que tal furo jornalístico lhes proporcionaria! Não se espere pois deste lado qualquer contributo para a regeneração do futebol português.
O canal público de televisão também faz o seu trabalho de casa! Sem qualquer sensibilidade, vai continuando a branquear e ilibar arguidos, ou presumíveis arguidos, do processo ‘apito dourado’, através dos aparentemente inofensivos bonecos do ‘contra-informação’!
Mas a realidade não se pode escamotear eternamente, e é por isso que este atoleiro tende a secar desvendando então o que resta da podridão imaginada.
Equaciono assim os seguintes cenários:

1. Ou o processo ‘Apito dourado’ prossegue e incrimina de facto os ‘homens do norte’ envolvidos, reagindo estes através de um confronto de natureza regional, aproveitando inclusivamente a embalagem do ‘caso Mateus’.
2. Ou o ‘Apito dourado’ é arquivado, com o Governo a propor uma ‘amnistia’ geral e um ‘começar de novo’ para todos.

Penso que será por aqui que as coisas seguirão, e nesse sentido seria importante definir um caderno reivindicativo por parte dos clubes profissionais de média dimensão, aqueles que ainda têm adeptos próprios, para ser negociado na altura nas melhores condições.
Saudações azuis.

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