O programa ‘prós e contras’ que a RTP exibiu ontem à noite, foi um fiasco, mas serviu às mil maravilhas para demonstrar tudo aquilo que vimos defendendo a propósito do ‘caso Mateus’. Senão vejamos:
- Ficou amplamente demonstrado que não é possível dirigir um debate sobre desporto, neste caso sobre o futebol português, sem estar por dentro do fenómeno desportivo, não é tarefa para pára-quedistas. E por aqui poderíamos perceber, sem ir mais longe, como será difícil julgar e mesmo advogar sobre este ‘universo específico’, a quem, circunstancialmente, apenas lhe empreste o corpo e não a alma. A razão da blindagem da jurisdição desportiva é também esta.
Simples e barato.
Fátima Campos Ferreira, tão à vontade noutros temas, uma conceituada apresentadora, esticou-se desta vez ao comprido, e pese a minha conhecida boa vontade a respeito da senhora, temos que convir que a sua prestação quase roçou o ridículo.
A falta de espírito desportivo revelou-se desde logo: uma vénia quase descomposta, quando apresentou a ‘sumidade’ que advoga pelo Gil Vicente, um seco cumprimento para o jovem advogado do Belenenses! E prosseguiu sem isenção, ao conceder quinze minutos ao Vilaça e apenas três minutos a Nelson Soares!
No resto do debate, para além de agitar o fax da FIFA que diz aquilo que todos sabemos, que a Federação não controla a Liga, ou seja, que Madaíl não tem mão em Valentim, como estatutariamente devia acontecer, para além disso, dizia, foi sempre incapaz de perceber qual era o cerne da questão, no fundo, perceber aquilo que tinha interesse público, a saber:
Houve ou não houve batota por parte do Gil Vicente? O acto de tentar inscrever Mateus na Liga profissional, foi ou não uma ‘habilidade’ do Gil Vicente para não cumprir os regulamentos que os outros concorrentes tiveram que cumprir, vidé o Paços de Ferreira, que também tentou contratar o jogador, mas foi impedido de o fazer pela Liga e pela Federação?! Esta é que era a questão das questões, que Fátima resolveu branquear enquanto se entretinha a trocar juras de amor com o Major Valentim!
E daqui passa-se imediatamente para a outra inverdade que Cruz Vilaça tentou manipular – acto meramente administrativo ou estritamente desportivo?! Vilaça, diz como Marcelo já andou a dizer, que todos os ‘sábios’ entretanto consultados afirmaram tratar-se de um acto meramente administrativo! Excepto, como muito bem esclareceu o advogado do Belenenses, todos aqueles juízes, quer do Tribunal Administrativo de Braga, quer do Tribunal Administrativo do Porto, quer da Comissão Disciplinar da Liga, quer do Conselho de Justiça da Federação, e sempre por unanimidade, que decidiram que era matéria estritamente desportiva! Não existe até à data nenhuma decisão sobre este assunto que declare tratar-se de um acto administrativo. Esta a verdade que dói a muita a gente e vai decerto levar Cruz Vilaça a procurar ressarcir-se por outras vias, talvez monetárias, explorando as clivagens visíveis entre Liga e Federação, dois organismos que estiveram mal neste processo, ambas a necessitar de um terramoto para se reerguerem do caos onde subsistem.
Termino com a defesa da honra: ao ser-lhe perguntado porque razão o Belenenses só accionou os seus direitos após a descida de divisão, Nelson Soares, advogado do Belenenses respondeu bem, disse que o Belenenses defendeu os seus interesses quando achou oportuno.
Sem qualquer crítica, entendo que esta pergunta insidiosa merecia uma resposta mais contundente, e não faltarão oportunidades para o fazer: o Belenenses reagiu ao incumprimento de um dos concorrentes porque é natural interessado, mas não teria tido necessidade de o fazer se quer a Liga quer a Federação, os principais interessados no cumprimento das regras, tivessem accionado o infractor na altura própria. O Gil Vicente, num verdadeiro estado de direito, não teria chegado ao fim do campeonato, teria sido desclassificado.
Saudações azuis.
- Ficou amplamente demonstrado que não é possível dirigir um debate sobre desporto, neste caso sobre o futebol português, sem estar por dentro do fenómeno desportivo, não é tarefa para pára-quedistas. E por aqui poderíamos perceber, sem ir mais longe, como será difícil julgar e mesmo advogar sobre este ‘universo específico’, a quem, circunstancialmente, apenas lhe empreste o corpo e não a alma. A razão da blindagem da jurisdição desportiva é também esta.
Simples e barato.
Fátima Campos Ferreira, tão à vontade noutros temas, uma conceituada apresentadora, esticou-se desta vez ao comprido, e pese a minha conhecida boa vontade a respeito da senhora, temos que convir que a sua prestação quase roçou o ridículo.
A falta de espírito desportivo revelou-se desde logo: uma vénia quase descomposta, quando apresentou a ‘sumidade’ que advoga pelo Gil Vicente, um seco cumprimento para o jovem advogado do Belenenses! E prosseguiu sem isenção, ao conceder quinze minutos ao Vilaça e apenas três minutos a Nelson Soares!
No resto do debate, para além de agitar o fax da FIFA que diz aquilo que todos sabemos, que a Federação não controla a Liga, ou seja, que Madaíl não tem mão em Valentim, como estatutariamente devia acontecer, para além disso, dizia, foi sempre incapaz de perceber qual era o cerne da questão, no fundo, perceber aquilo que tinha interesse público, a saber:
Houve ou não houve batota por parte do Gil Vicente? O acto de tentar inscrever Mateus na Liga profissional, foi ou não uma ‘habilidade’ do Gil Vicente para não cumprir os regulamentos que os outros concorrentes tiveram que cumprir, vidé o Paços de Ferreira, que também tentou contratar o jogador, mas foi impedido de o fazer pela Liga e pela Federação?! Esta é que era a questão das questões, que Fátima resolveu branquear enquanto se entretinha a trocar juras de amor com o Major Valentim!
E daqui passa-se imediatamente para a outra inverdade que Cruz Vilaça tentou manipular – acto meramente administrativo ou estritamente desportivo?! Vilaça, diz como Marcelo já andou a dizer, que todos os ‘sábios’ entretanto consultados afirmaram tratar-se de um acto meramente administrativo! Excepto, como muito bem esclareceu o advogado do Belenenses, todos aqueles juízes, quer do Tribunal Administrativo de Braga, quer do Tribunal Administrativo do Porto, quer da Comissão Disciplinar da Liga, quer do Conselho de Justiça da Federação, e sempre por unanimidade, que decidiram que era matéria estritamente desportiva! Não existe até à data nenhuma decisão sobre este assunto que declare tratar-se de um acto administrativo. Esta a verdade que dói a muita a gente e vai decerto levar Cruz Vilaça a procurar ressarcir-se por outras vias, talvez monetárias, explorando as clivagens visíveis entre Liga e Federação, dois organismos que estiveram mal neste processo, ambas a necessitar de um terramoto para se reerguerem do caos onde subsistem.
Termino com a defesa da honra: ao ser-lhe perguntado porque razão o Belenenses só accionou os seus direitos após a descida de divisão, Nelson Soares, advogado do Belenenses respondeu bem, disse que o Belenenses defendeu os seus interesses quando achou oportuno.
Sem qualquer crítica, entendo que esta pergunta insidiosa merecia uma resposta mais contundente, e não faltarão oportunidades para o fazer: o Belenenses reagiu ao incumprimento de um dos concorrentes porque é natural interessado, mas não teria tido necessidade de o fazer se quer a Liga quer a Federação, os principais interessados no cumprimento das regras, tivessem accionado o infractor na altura própria. O Gil Vicente, num verdadeiro estado de direito, não teria chegado ao fim do campeonato, teria sido desclassificado.
Saudações azuis.
Sem comentários:
Enviar um comentário