Tal como as coisas estão, por fora e por dentro do clube,
convinha alinhar uma estratégia que evitasse a contaminação com o lamaçal onde
o futebol português sempre viveu e vive, e aproveitasse a maré para nos colocar de novo na rota da grandeza entretanto perdida. Isto são frases mas têm
tradução prática. E vou já pegar o toiro pelos cornos.
(Primeira parte – o que não se deve fazer)
É absolutamente desnecessário e prejudicial à imagem do
Belenenses que um antigo presidente do clube ande em almoçaradas com o
presidente do Benfica no preciso momento em que pendem sobre o emblema
encarnado fortes suspeitas de viciar a integridade das competições. Competições
em que o Belenenses também participa. Eu sei que os almoços são entre amigos e
também sei que quem não deve não teme. Mas quem foi presidente do Belenenses
deve saber que a distinção entre vida pública e privada não existe e
assim se querem almoçar juntos, almocem em casa uns dos outros, e não em
público. Aliás, o presidente do Benfica deveria ser o primeiro, em nome da
amizade, a marcar esses almoços para data mais oportuna.
Na mesma linha de pensamento eu fui dos poucos, senão o
único, que critiquei na altura as visitas do presidente da SAD à prisão de
Évora numa situação, em termos de amizade, muito mais delicada na medida em que
Sócrates estava preso. Ainda assim mantenho a mesma posição: - quem quiser ser
presidente da SAD do Belenenses já sabe, ou tem que saber, que todos os seus
actos, se tornados públicos, afectam a imagem do Belenenses. Neste caso
negativamente.
E dentro da mesma ordem de ideias volto a um assunto que me
incomoda e deveria incomodar toda a gente. Refiro-me a uma notícia publicada
ontem no jornal A Bola onde se podia ler que o 'tradicional almoço do presidente
Vieira com os deputados do Benfica vai realizar-se esta quinta-feira', se não
me enganei na data!
Este é o tipo de promiscuidade entre o futebol e a política
que o futebol e a política dispensam, quanto mais não seja por questões de
higiene. E quando é aceite como prática normal desvirtua a sociedade onde tal
se verifica. Para encurtar razões até porque isto só se deve passar em Portugal
eu proponho uma mudança na lei eleitoral que obrigue os candidatos a deputados
a anunciarem qual o seu clube de eleição para que eleitores como eu nunca votem
em futuros deputados benfiquistas.
A segunda e terceira partes da estratégia – o que se deve
fazer - ficam para a próxima.
Saudações azuis
Nota importante: A estratégia sobre o que se deve fazer terá que ter em conta um cenário que começa a desenhar-se: - o Benfica, completamente encurralado nos emails, já está a pedir ajuda ao Proença para tentar negociar uma saída airosa. O Belenenses e os outros clubes não podem continuar calados e a ver navios. A centralização dos direitos televisivos e a sua justa distribuição, assim como a limitação do número de jogadores inscritos por cada clube devem obrigatoriamente fazer parte de uma agenda para limpeza do nosso futebol.
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