Assim se expressa Rui Casaca em entrevista concedida ontem ao jornal “Record”:
“Na hora da saída, o ex-director-geral do clube do Restelo defende as opções da SAD e critica de forma contundente o presidente Cabral Ferreira”.
(Record) Considera que o projecto traçado para a época de 05/06 era megalómano?
(RC) Não. O orçamento para esta época era igual ao da época anterior. Contratámos todos os jogadores sem custos. Criámos uma boa equipa e no início da época todos valorizaram e elogiaram o Belenenses. Conseguimos jogadores que são mais-valias para o Clube. Construímos um plantel curto (19 jogadores mais 2 guarda-redes), onde a qualidade se impôs à quantidade.
® Couceiro criticou muito a forma como a equipa foi estruturada.
(RC) Ele aceitou o desafio e sabia como estava a equipa. Nessa altura houve muitas ofertas para o cargo de treinador. Em Janeiro o técnico referiu que o plantel estava desequilibrado e pediu mais atletas. Nessa altura, houve a possibilidade de Meyong sair e registou-se alguma instabilidade.
® José Couceiro também referiu que foi ele quem deu a ‘cara’ no balneário para falar sobre salários em atraso...
(RC) A SAD deu o máximo de condições e pôs os atletas a par da situação, com reuniões com os capitães. Não foi a SAD que orientou treinos, dirigiu a equipa e fez substituições. Os salários nunca influenciaram o rendimento dos jogadores. Eles tiveram sempre uma atitude profissional.
® Considera que Carvalhal, a anterior SAD e o Casaca, que saíram, foram os bodes expiatórios da situação?
(RC) A saída da SAD foi uma tremenda injustiça. Barros Rodrigues é inteligente e dedicado, e seria, no futuro, um excelente presidente para o Belenenses. O clube também perdeu com as saídas de figuras como Jaime Monteiro e Godinho. Foram grandes perdas. Todos somos co-responsáveis, mas há pessoas com mais responsabilidades do que eu e do que Carvalhal. A hierarquia vem de cima para baixo, mas neste caso, em termos do assumir de responsabilidade, o sentido foi inverso.
® Na sua opinião Couceiro também tem uma quota-parte de culpa neste insucesso?
(RC) Ele teve mais de 25 jogos para poder ganhar e inverter a situação. Afirmou que em Janeiro devia ter-se demitido, mas nessa altura pediu dois extremos e um defesa-esquerdo. Foi ele quem disse que iria “influenciar” junto do FC Porto e V. Setúbal para contratar Ivanildo e Nandinho, mas os jogadores não vieram. Quanto a Carlitos, foi a SAD que não quis, pois a sua política não passava por jogadores emprestados do Benfica. No caso Rui Jorge, a responsabilidade da sua contratação foi da SAD. Dady foi o único a quem Couceiro deu aval.
® E Cabral Ferreira, também tem responsabilidades?
(RC) O presidente sempre esteve a par e de acordo com todas as decisões. Houve responsáveis do clube que me disseram que o Belenenses era orientado numa ‘anarquia controlada’, mas penso que é sim, uma ‘anarquia descontrolada’, pois as medidas são tomadas avulso e não há uma estratégia. Qualquer tratador de relva tem opinião e faz opinião sobre o Belenenses. Não acredito num clube que não tenha um sistema presidencialista capaz. Falta uma liderança forte.
® Sai magoado?
(RC) Um pouco. Apesar de estar de consciência tranquila e de ter desempenhado a minha função com profissionalismo. Foi um enorme prazer trabalhar no Belenenses, que é um grande clube. Senti que deixo no clube muitas pessoas que gostam de mim. Tenho pena que nem tudo o que foi feito tenha chegado, ou se chegou pode ter sido deturpado, à direcção, pois há uma hierarquia e eu tinha que respeitá-la.
A terminar, referiu-se ao ‘caso Mateus’, nos seguintes termos: “Acredito que a equipa fica na Liga, porque está do lado das leis e da razão, e tem gente com grande capacidade a tratar do caso, como é o Dr. Nelson Soares”. ‘Mas na Liga ou na Honra, o futuro do Belenenses está, adianta Casaca, na aposta que o clube já fez e poderá manter nos jovens valores’: “Penso que já tivemos alguns resultados a nível do futebol jovem. Melhorámos a qualidade dos jovens jogadores e o exemplo disso foi o facto de o Belenenses ter atletas em todas as selecções, desde os Sub-16 aos Sub-21. Creio que essa tem de ser a grande aposta do clube e o futuro passa por aí”.
Penso que é uma entrevista com interesse, sóbria, de alguém que foi frequentemente acusado de ser um dos principais responsáveis pelo naufrágio da Nau Azul, e que teve agora a oportunidade para se defender.
É por isso que resolvi transcrevê-la.
Saudações azuis.
“Na hora da saída, o ex-director-geral do clube do Restelo defende as opções da SAD e critica de forma contundente o presidente Cabral Ferreira”.
(Record) Considera que o projecto traçado para a época de 05/06 era megalómano?
(RC) Não. O orçamento para esta época era igual ao da época anterior. Contratámos todos os jogadores sem custos. Criámos uma boa equipa e no início da época todos valorizaram e elogiaram o Belenenses. Conseguimos jogadores que são mais-valias para o Clube. Construímos um plantel curto (19 jogadores mais 2 guarda-redes), onde a qualidade se impôs à quantidade.
® Couceiro criticou muito a forma como a equipa foi estruturada.
(RC) Ele aceitou o desafio e sabia como estava a equipa. Nessa altura houve muitas ofertas para o cargo de treinador. Em Janeiro o técnico referiu que o plantel estava desequilibrado e pediu mais atletas. Nessa altura, houve a possibilidade de Meyong sair e registou-se alguma instabilidade.
® José Couceiro também referiu que foi ele quem deu a ‘cara’ no balneário para falar sobre salários em atraso...
(RC) A SAD deu o máximo de condições e pôs os atletas a par da situação, com reuniões com os capitães. Não foi a SAD que orientou treinos, dirigiu a equipa e fez substituições. Os salários nunca influenciaram o rendimento dos jogadores. Eles tiveram sempre uma atitude profissional.
® Considera que Carvalhal, a anterior SAD e o Casaca, que saíram, foram os bodes expiatórios da situação?
(RC) A saída da SAD foi uma tremenda injustiça. Barros Rodrigues é inteligente e dedicado, e seria, no futuro, um excelente presidente para o Belenenses. O clube também perdeu com as saídas de figuras como Jaime Monteiro e Godinho. Foram grandes perdas. Todos somos co-responsáveis, mas há pessoas com mais responsabilidades do que eu e do que Carvalhal. A hierarquia vem de cima para baixo, mas neste caso, em termos do assumir de responsabilidade, o sentido foi inverso.
® Na sua opinião Couceiro também tem uma quota-parte de culpa neste insucesso?
(RC) Ele teve mais de 25 jogos para poder ganhar e inverter a situação. Afirmou que em Janeiro devia ter-se demitido, mas nessa altura pediu dois extremos e um defesa-esquerdo. Foi ele quem disse que iria “influenciar” junto do FC Porto e V. Setúbal para contratar Ivanildo e Nandinho, mas os jogadores não vieram. Quanto a Carlitos, foi a SAD que não quis, pois a sua política não passava por jogadores emprestados do Benfica. No caso Rui Jorge, a responsabilidade da sua contratação foi da SAD. Dady foi o único a quem Couceiro deu aval.
® E Cabral Ferreira, também tem responsabilidades?
(RC) O presidente sempre esteve a par e de acordo com todas as decisões. Houve responsáveis do clube que me disseram que o Belenenses era orientado numa ‘anarquia controlada’, mas penso que é sim, uma ‘anarquia descontrolada’, pois as medidas são tomadas avulso e não há uma estratégia. Qualquer tratador de relva tem opinião e faz opinião sobre o Belenenses. Não acredito num clube que não tenha um sistema presidencialista capaz. Falta uma liderança forte.
® Sai magoado?
(RC) Um pouco. Apesar de estar de consciência tranquila e de ter desempenhado a minha função com profissionalismo. Foi um enorme prazer trabalhar no Belenenses, que é um grande clube. Senti que deixo no clube muitas pessoas que gostam de mim. Tenho pena que nem tudo o que foi feito tenha chegado, ou se chegou pode ter sido deturpado, à direcção, pois há uma hierarquia e eu tinha que respeitá-la.
A terminar, referiu-se ao ‘caso Mateus’, nos seguintes termos: “Acredito que a equipa fica na Liga, porque está do lado das leis e da razão, e tem gente com grande capacidade a tratar do caso, como é o Dr. Nelson Soares”. ‘Mas na Liga ou na Honra, o futuro do Belenenses está, adianta Casaca, na aposta que o clube já fez e poderá manter nos jovens valores’: “Penso que já tivemos alguns resultados a nível do futebol jovem. Melhorámos a qualidade dos jovens jogadores e o exemplo disso foi o facto de o Belenenses ter atletas em todas as selecções, desde os Sub-16 aos Sub-21. Creio que essa tem de ser a grande aposta do clube e o futuro passa por aí”.
Penso que é uma entrevista com interesse, sóbria, de alguém que foi frequentemente acusado de ser um dos principais responsáveis pelo naufrágio da Nau Azul, e que teve agora a oportunidade para se defender.
É por isso que resolvi transcrevê-la.
Saudações azuis.
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