sexta-feira, agosto 13, 2010

Mudem qualquer coisa

A erva não cresce no Restelo, incapazes de ver um camião à frente dos olhos como é que íam descobrir um bebé abandonado num cestinho junto ao portão principal! Era só pegar nele e levá-lo para dentro do estádio. Mas isso no Belenenses é complicado, há-que reunir, marcar uma AGE, dar a devida publicidade ao assunto e deixar as coisas em banho-maria. Para dar gosto. Entretanto a cegonha pegou no bebé e levou-o para Guimarães. Se calhar fez bem, foi a sorte do rapaz, porque no Restelo passaria por um jogador medíocre, sem futuro. Um dia isto há-de mudar, tem que mudar, um dia…

Menos clubes do norte na primeira Liga é a novidade em termos de estudos de opinião. O Belém Integral já glosou o tema e se não marcámos golo acertámos na trave. Mas eu penso que marcámos golo. O melhor é esclarecer outra vez o assunto: - segundo Herculano Coutinho, geógrafo, “o mapa dos clubes da primeira Liga funciona como espelho das grandes assimetrias no continente”, uma verdade indiscutível. E assim temos todos os clubes no litoral e ninguém no interior, cada vez mais desertificado. O norte tem vindo a perder terreno por duas ordens de razões – a crise da indústria, têxtil sobretudo, e um menor favorecimento por parte das autarquias, empenhadas em resolver a crise social. Curiosamente no sul, especialmente em Lisboa (e isto não foi dito nos tais estudos de opinião) esse menor favorecimento não se tem feito sentir, antes pelo contrário, e quando não pode ser a CML a avançar, o poder político inventa soluções, para acudir aos seus filiados mais necessitados – Benfica e Sporting. E por isso vemos a FPF a inventar campeonatos do mundo a qualquer hora do dia ou da noite (pensemos no aluguer dos estádios) ou assistimos (em directo) aos gestos de grande generosidade por parte de empresas com ‘golden share’ para dar e vender.
Se a tudo isto juntarmos o que dizem os relatórios internacionais sobre Portugal, particularmente sobre o fosso das desigualdades entre ricos e pobres (leia-se clubes grandes e pequenos) e estamos todos conversados.
Portanto, tirando o caso das regiões autónomas onde a persistência de dois clubes da Madeira é algo que há muito previmos, a grande conclusão a extrair é a seguinte: - a primeira Liga reduz-se a três clubes excessivamente grandes, mais um ou dois clubes quase satélites, que ainda têm alguns adeptos próprios, porque o resto é paisagem. O Belenenses está na segunda Liga e veremos se consegue manter-se sem ser quase satélite e com alguns adeptos próprios.
E já que falamos na Oranjina convém recordar que nesta Liga é quase tudo do norte. Exceptuam-se Belenenses, Estoril, Fátima e Santa Clara dos Açores.

Saudações azuis

Sem comentários: