domingo, janeiro 22, 2006

Ataque ou contra-ataque?

O treinador de bancada que há em mim, de vez em quando acorda e reaparece, sem eu próprio dar por isso! Hoje é um desses dias.
Estava eu a ver o Porto-Naval na televisão, a acompanhar o desempenho de algumas nulidades que o FC Porto tem na sua equipa, e dei comigo a pensar no Belenenses!
A questão é esta: - Existem jogadores que se destacam em equipas pequenas, habituados a jogar em contra-ataque, com a bola colada aos pés, normalmente pelas alas, mas que se mostram incapazes de assumir o ataque continuado, que impõe colectivismo, visão periférica, precisão no passe e noutros movimentos do jogo. Neste aspecto nunca é de mais salientar a importância do último toque, que é muitas vezes um centro, e que deve ser bem medido e causar perigo na defensiva adversária.
Estamos a falar daquele universo de jogadores muito bem pagos, cujas transferências custaram fortunas e que afinal parece que não se pode contar com eles para os efeitos desejados!
E quais são os efeitos desejados?
Em relação ao Porto, não temos dúvidas que se exigem jogadores de fácil adaptação ao tal ataque continuado porque é esse o estilo de jogo que os objectivos da equipa e do Clube impõem. E regresso assim ao início desta crónica para concluir que muitos dos jogadores que o Porto tem vindo a adquirir, não têm as características para ali jogarem – são jogadores vincadamente de contra-ataque, alguns sem a categoria apregoada.
Quanto ao Belenenses a história é outra.
Desde a última subida de Divisão, se a memória não me atraiçoa, a nossa equipa reuniu-se à volta de um bloco defensivo muito sólido, com bons jogadores, como por exemplo, Cabral, Wilson, Filgueira, Lito, Pedro Henriques, Tuck, Marco Aurélio, para citar os que me lembro. A partir daqui construímos uma base de jogo que explorava o contra-ataque, sistema que ‘pedia’ para a linha avançada o concurso de jogadores rápidos e possantes. O último que tivemos com esse perfil foi, como todos sabem, o Antchouet.
Ora bem, nós ainda não nos ‘libertámos’ desse estilo de jogo, nem é fácil fazê-lo, diga-se de passagem.
Para que possamos adoptar um sistema de futebol apoiado, consistente ao nível da posse de bola, precisaríamos de ter um ou dois jogadores que há muito tempo não conseguimos adquirir. Refiro-me ao tal nº10, ao condutor de jogo, ao elemento que assume a bola e a faz girar, sem medo e com classe.
E só para me referir à história mais recente, posso afirmar o que todos os adeptos do Belenenses também sabem – que Neca apenas prometeu, que Petrolina falhou, e que neste momento ainda não temos esse problema resolvido.
Claro que estamos a falar de jogadores que têm muita procura e que não são fáceis de encontrar ou contratar.
Portanto, e para concluir, a situação é esta: - estamos a tentar mudar o estilo de jogo, faltando para isso o tal elemento do meio campo, e ainda por cima fizemos contratações para a frente de ataque, caso de Meyong e Romeu, nessa mesma perspectiva de mudança.
Mas é assim a vida, e será com os ovos que temos que teremos de fazer uma boa omoleta. Tem a palavra Couceiro...e Daddy que me pareceu que tem pinta de ponta de lança.
A ver vamos.
Saudações azuis.

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