terça-feira, outubro 27, 2020

Crónicas da vesícula

 

Há jogos que me dão cabo do fígado! Jogos que para mim valem todas as eleições, todas as assembleias, todas as SAD deste mundo, e do outro. São os jogos com o Benfica. Os que gostam de andar pelos distritais, e que acham que aquela equipa não é a do Belenenses, andam a enganar-se a si próprios. O teste azul não engana, e quer sempre que o Benfica perca. Se não querem é mau sinal. É porque já se resignaram. Podem até ter um número de sócio mais baixo que o meu, ( não é fácil), e passar os dias e as noites no Restelo, que isso não altera nada, antes pelo contrário. Costumo dar como exemplo a história do CIF (Clube Internacional de Futebol) que é hoje um clube de ténis que mantém a título simbólico um campo de futebol onde fazem torneios de futebol amador.


O verdadeiro Belenenses só pode ter um objectivo na vida – construir uma equipa competitiva que possa discutir o jogo e o resultado no estádio da Luz. O resto, outras construções, sejam idílicas ou de cimento armado, é deitá-las imediatamente para o caixote do lixo. Entre as construções idílicas, e para não haver dúvidas, saliento a ideia peregrina de assentar o projecto desportivo num projecto imobiliário no Restelo! Ideia que só pode ter partido da cabeça de gente que desconhece que foi a própria construção do estádio do Restelo quem arruinou o Belenenses! E que nos obrigou a vender as nossas estrelas (Yaúca e Peres) aos rivais, cavando-se aí o início da decadência. Isto nem tem conversa.


Mas atenção, hoje este intróito é sobretudo para a SAD de Rui Pedro Soares que é quem comanda actualmente o futebol azul. A equipa que se apresentou no estádio da Luz tarda em ser verdadeiramente competitiva. Defendeu razoávelmente mas não tem dimensão atacante. Vamos por partes:


Uma contrariedade de última hora, a infecção de Cafu, obrigou Petit a mexer no centro da defesa, o que pode constituir uma explicação (e uma atenuante) para alguns deslizes de marcação nos primeiros minutos de jogo. Deslizes que nos custaram um golo e podiam ter custado outro. Depois disso a equipa recompôs-se em termos defensivos.


Uma palavra ainda para o primeiro golo, cópia quase fiel do que aconteceu na época passada – dessa vez André Almeida saltou nas costas do jovem e inexperiente Nilton Varela amortecendo a bola para um colega. Ontem Seferovic saltou nas costas do experiente Ruben Lima e cabeceou directamente para o golo. Em ambos os casos houve a sensação de falta por carga nas costas. O problema é que não se pode facilitar. Facilitar no sentido que não pode ser o baixote Ruben Lima a saltar com Seferovic. E nem me pareceu falta. A ver se para o ano não sofremos outro golo assim!


O segundo golo é fruto de um erro defensivo mais flagrante, saída extemporânea de André Moreira, o que facilitou a vida ao avançado encarnado. Embora o lance tenha que ser analisado desde o início – perda de bola (!), alguma desconexão defensiva, quem sabe se coincidindo com a saída de Esgaio. Tudo isto sem esquecer a velha máxima - sem erros defensivos não haveria golos.


Mas como disse não terá sido por causa da defesa que o Belenenses ficou aquém do esperado. Estas palavras não são minhas, são do Petit. Sejamos claros, uma equipa para conquistar pontos quando visita a Luz, o Dragão ou Alvalade tem que marcar golos. Ora aí o Belenenses está com grandes dificuldades. Não tem um goleador nato e para agravar o problema a nossa transição ofensiva precisa de melhorar. Há muitos passes errados.


Enfim, esta é a crónica possível sabendo da diferença abissal de orçamentos entre as duas equipas, aspecto que nunca irei valorizar. Os problemas de investimento são problemas da SAD e que a SAD tem que resolver.


Resultado final: Benfica 2 – Belenenses 0


Saudações azuis


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