sexta-feira, dezembro 21, 2018

A doutrina do bode expiatório!

Os judeus antigos sacrificavam anualmente um bode para expiar os pecados da comunidade assumindo assim que a culpa não pode morrer solteira. Matavam o bode e salvavam-se os culpados. A curiosa decisão da juíza de instrução do e.toupeira parece ter-se inspirado naquela tradição judaica ao ilibar a SAD do Benfica do crime de corrupção pronunciando ao mesmo tempo e pelo mesmo crime quem agia em seu nome e seu proveito! 

Sim, porque por mais interpretações jurídicas que se queiram fazer todas elas chocam de frente com a realidade. Quem corrompeu não o fez por conta própria mas para antecipar informação preciosa em defesa da SAD encarnada na altura alvo de investigação em vários processos sensíveis. E quem foi corrompido (seja por amor à causa seja porque motivo for) só o fez porque o alegado corruptor tinha a credibilidade pública de representar a SAD do Benfica. Credibilidade reforçada pelo tratamento diferenciado que passaram a receber depois de feito o serviço. Isto é o que toda a gente compreende e que nenhum labirinto jurídico consegue contrariar.

E voltam as lembranças da Casa Pia onde também, e por coincidência, uma juíza evitou que Paulo Pedroso, que foi ministro da tutela, fosse a julgamento. Um julgamento onde naturalmente poderia defender a sua inocência. Mas não, em Portugal a justiça (instrutória) não confia no julgamento a não ser que seja peixe miúdo.

Finalmente temos a conclusão: - depois do Procurador do Ministério Público ter afirmado que 'é difícil um caso de corrupção ter prova tão forte como este' só podemos concluir que será impossível doravante condenar qualquer pessoa colectiva pelo crime de corrupção! E será então possível que as pessoas colectivas passem a utilizar testas de ferro para cometerem crimes de corrupção. Ou outros. Branco é, galinha o põe.

Saudações azuis


Nota: Precipitei-me, na conclusão. Faltou-me acrescentar que, para beneficiarem deste tipo de interpretações jurídicas, têm que ser pessoas colectivas de referência. De referência do regime.

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