Quem
tenha visto o jogo de ontem em Portimão ficou esclarecido sobre as
virtualidades atacantes dos algarvios ou de qualquer equipa que
pretenda marcar golos com regularidade. Seja a que adversário for.
Precisa de ter bola a meio campo e precisa de um municiador que para
além das suas capacidades técnicas individuais decida cada lance a
pensar no colectivo! Esta é a grande qualidade de Nakajima. Uma
qualidade rara que define os grandes jogadores tenham eles o tamanho
que tiverem. O quarto golo do Portimonense ilustra bem o que quero
dizer. O passe era óbvio mas quantos jogadores decidiriam tão
depressa e tão bem?!
Mas
o jogo de Portimão ensinou outra coisa. O futebol actual, cada vez
mais fechado, a equipa que defende com onze jogadores atrás da linha
da bola, para furar aquilo são precisos extremos. Fortes no um para
um e com a velocidade que se exige a um extremo. O que é diferente
de defesas laterais que avançam no terreno. Manafá, por exemplo,
marcou aquele golo porque era um extremo embora estivesse a jogar a
defesa. Um lateral de raiz podia chegar à área mas duvido que
marcasse. É a minha opinião. Sem falar em Tabata que, no outro lado
do campo, semeava o pânico na defesa leonina.
Olhemos
agora para o Belenenses. É verdade, não temos um Nakajima mas isso
nem o Porto tem. Herrera demoraria uma eternidade a soltar a bola,
Octávio tentaria driblar alguém antes do passe e Sérgio Oliveira
nem veria o companheiro desmarcado. No Benfica admito que Pizzi
pudesse igualar o japonês e Bruno Fernandes no Sporting talvez
fizesse o mesmo. Portanto isto só vem provar que há muitos
jogadores com técnica mas poucos com cabeça e técnica ao mesmo
tempo. O desafio é apostar em jogadores que compensem em
inteligência (humildade e sentido colectivo) o que lhes falta em
técnica. E esses jogadores que antigamente chamávamos de
'operários', por oposição aos artistas, também levam a carta a
Garcia.
E
precisamos pelo menos de um extremo. Licá é um ponta de lança que
cai nas alas e Diogo Viana embora saiba jogar nas faixas não tem a
velocidade indispensável a um extremo. Os laterais que temos, que
até são bons, não resolvem esta lacuna.*
Saudações
azuis
*Esqueci-me de Dálcio que é de facto um extremo embora esteja a jogar no meio campo. Silas procura tirar partido do seu sentido de passe e visão de jogo, que os tem, mas ainda em fase de aprendizagem.
*Esqueci-me de Dálcio que é de facto um extremo embora esteja a jogar no meio campo. Silas procura tirar partido do seu sentido de passe e visão de jogo, que os tem, mas ainda em fase de aprendizagem.
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