Quem olhar (com olhos mal vistos)
para os resultados deste último campeonato pode chegar à conclusão que o norte
do país está a perder gaz em relação ao sul, se considerarmos no sul a região de
Lisboa. Com efeito quer o bicampeonato e a Taça da Liga, ganhos pelo Benfica, quer
a Taça de Portugal conquistada pelo Sporting, além do encurtamento pontual para
o Porto, são factores que vão nesse sentido. Como vai nesse sentido o sexto
lugar alcançado pelo Belenenses, e a possibilidade (ao fim de muitos anos de
jejum) de uma prova europeia! Sem esquecer naturalmente o Estoril que se
manteve na primeira Liga.
Mas as coisas não são bem assim e
explico:
Em primeiro lugar existe uma nova realidade
geopolítica que são as autonomias regionais, sendo que a Madeira terá este ano
três emblemas a disputar a primeira Liga: - Marítimo, Nacional e União.
Não é um fenómeno ocasional, é
uma situação duradoura, pois já há alguns anos que pelo menos dois clubes da Madeira disputam a Liga
principal, o que diz muito sobre o sucesso (a todos os níveis) de tal modelo de
organização política! E que estranhamente ninguém quer adoptar no continente!
A outra questão prende-se com o
enfraquecimento dos clubes da margem sul do Tejo! Em anterior postal já me referi
à política de ocupação levada a efeito por Benfica e Sporting, com a conivência
das próprias autarquias. Depois do socialismo, esta intrusão foi o golpe final
nas aspirações de alguns emblemas que eram uma peça importante nas contas do
campeonato. Barreirense, CUF, Montijo, Amora ou Seixal, dois deles alternavam quase sempre na primeira divisão garantindo assim um maior equilíbrio entre o norte e o sul. Equilíbrio
que se rompeu a seguir ao 25 de Abril, aproveitando o Porto para copiar aquele
modelo. E deu-se bem.
Quanto ao sul própriamente dito o
melhor é esquecer. No actual ‘deserto’ só o Vitória de Setúbal resiste, e não
sei por quanto tempo!
Analisando agora as outras mudanças
em resultado das subidas provenientes da Liga de Honra, regista-se algum assomo
de interioridade, com o Tondela a subir, enquanto Covilhã e Chaves ficaram perto. Mas a
verdade é que fica tudo a norte de Coimbra! Por outro lado o Boavista veio para
ficar, reforçando assim a região do Porto.
Do exposto podem tirar-se algumas
ilacções:
A região de Lisboa só terá
chances de competir com a região norte se os seus principais clubes (Benfica, Sporting
e Belenenses) adoptarem uma estratégia de valorização da sua própria região. E
ninguém fará esse trabalho por eles. Uma estratégia que respeite as diferenças,
mas com espírito de região autónoma. Esse modelo acrescentaria rivalidade e atrairia mais público. Mais público porque em lugar de haver apenas dois jogos
grandes em Lisboa, passava a haver seis! Era assim quando Lisboa tinha a hegemonia do
futebol.
Não querem repetir?!
Saudações azuis
Nota básica:- Não se conclua que tudo depende do Belenenses e do seu regresso à antiga condição competitiva. Também é preciso que Benfica e Sporting não o estejam permanentemente a desvalorizar. Só há grandes jogos se os adversários forem competitivos.
Nota básica:- Não se conclua que tudo depende do Belenenses e do seu regresso à antiga condição competitiva. Também é preciso que Benfica e Sporting não o estejam permanentemente a desvalorizar. Só há grandes jogos se os adversários forem competitivos.
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