terça-feira, julho 18, 2006

Novo estudo, velho estilo

Mais uns quantos que se debruçam sobre o futebol português, que tentam indagar das suas virtudes e vicios, gente informada decerto, estudiosos à procura da verdade. Os jornais deram a cobertura adequada à circunstância, enquanto o jornal “A Bola”, com mais de uma página, mostrou que é pioneiro na matéria.
De facto, quem é que hoje pode dispensar a consulta daquele luminoso Anuário, produzido em colaboração com a empresa Delloitte, e que ano após ano nos surpreende com as suas brilhantes conclusões! Um exemplo: mais de 90% das receitas de bilheteira provêm dos jogos em que participam os chamados três grandes!
Ora bem, os novos investigadores, seguindo outros caminhos chegaram a um resultado idêntico! Concluíram eles, que mais de 90% dos bilhetes vendidos, vejam a diferença, provêm dos jogos em que participam Benfica, Sporting e Porto!
Notável.
Não me atrevo a duvidar de tais sumidades, mas ainda assim gostava de sugerir outro método, menos científico é certo, mas capaz de corrigir distorções, revolucionar a bola indígena, e quiçá, servir de terapia pessoal aos próprios investigadores!
É aquilo a que chamo, o ‘método do espelho’:
Muito simples de pôr em prática, consiste num pequeno teste de avaliação, em que o candidato a investigador, deve previamente colocar a si próprio a seguinte pergunta: de que clube é que eu sou?!
Se a resposta indicar que é adepto de um dos três grandes, o candidato deve desistir imediatamente de toda e qualquer investigação, sugerindo-se que tente aprofundar as razões da sua filiação clubística.
Agora perguntam-me: então assim não é possível realizar qualquer investigação ao fenómeno futebolístico em Portugal!?
O ‘método do espelho’ concorda e conclui que essa é a verdadeira questão que está em cima da mesa e que deve ser investigada. E dá exemplos: O que leva um natural de Évora a ser um adepto ferrenho do Sporting ou do Benfica?!
No entanto, o autor deste singular método, prevendo a enorme dose de frustração que se apoderaria de muitos e bons candidatos a investigadores, dá-lhes outra oportunidade, aquilo que em gíria liceal se denomina de ‘segunda chamada’. E em que se traduz esta segunda chamada?!
É também muito simples, basta que o candidato acerte em duas das três seguintes perguntas:
Primeira pergunta: que medidas concretas advoga para alterar a percentagem abissal entre as receitas de bilheteira dos tais três clubes grandes e os outros?
Segunda pergunta: O que pensa do facto de o canal público transmitir jogos de preparação do Benfica, por exemplo, e não transmitir jogos de preparação do União de Leiria, por exemplo?
Terceira pergunta: Que ilação podemos tirar dos apoios concedidos aos três clubes chamados grandes por parte de entidades com capitais públicos, como por exemplo, PT, Caixa Geral de Depósitos, etc?
Das respostas a estas perguntas depende a sua carreira de investigador do futebol português. Concentre-se, não falhe.
Saudações azuis.

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