quarta-feira, outubro 12, 2005

Notas à margem

Em Portugal é assim. Quando pensamos em política, falamos de futebol, quando pensamos em futebol, falamos de política!
Por isso, lá vai: O primeiro-ministro resolveu apanhar uma boleia no Falcon da Força Aérea para ir ver o jogo da selecção nacional em Aveiro. A despesa já estava orçamentada, juntando-se assim o útil ao agradável. Útil porque o apoio do Chefe do Governo era muito importante para a moral dos rapazes, e agradável porque nestas condições o adepto Sócrates podia desfrutar de uma boa jogatana de futebol. Tudo bem?
Não, tudo mal.
Se estamos em maré de contenção de despesas, o melhor é desorçamentar umas quantas. E se por razões técnicas o Falcon tem que voar, que voe sem o primeiro-ministro a bordo, em função do seu calendário específico. Por outro lado, penso que já chega desta futebolite aguda em que o País está envolvido, verdadeiro caso psiquiátrico de um povo, que parece que não tem mais nada que pensar ou fazer na vida.
Já chega de ver, nos camarotes dos grandes clubes de futebol, ao lado dos respectivos presidentes, ministros e ex-ministros, deputados e ex-deputados, juízes e magistrados, e toda uma série de aspirantes a cargos públicos, que buscam na visibilidade que o futebol e a televisão patrocinam, uma evidência que em situações normais nunca teriam.
O Portugal Futebol Clube tem que acabar e com ele, todas as promiscuidades que mantém com políticos, magistrados, autarcas, e outros interesses pouco recomendáveis. Nesse sentido, seria bom que o primeiro-ministro desse o exemplo, guardando uma distância higiénica do fenómeno.
Afinal, tanta coisa por causa de um jogo de futebol?
Estou inteiramente de acordo.

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