Está
cientificamente provado que os adeptos do Belenenses vivem em média
menos anos que os adeptos dos outros clubes. O coração, a memória
selectiva, décadas de sofrimento, a semana que se segue ao desaire,
são tudo factores que, conjugados, são prejudiciais à saúde. A
cura para tamanha doença não existe. Muitos pacientes vendo o
perigo aproximar-se ensaiam uma fuga para a frente. Afastam-se do
futebol, aproximam-se do estádio da Luz, (Alvalade não compensa a
viagem), ou então, por ser mais seguro, tornam-se adeptos do Ronaldo
ou do Messi, que mesmo em anos maus, ainda se arriscam a ganhar uma
Champions! Fora isto, só um milagre.
Ontem
o milagreiro chamou-se Hervé Koffi, guarda-redes emprestado pelo
Lille, defendeu tudo com grande serenidade, sabe jogar com os pés,
salvou o empate em Portimão. E a crónica do jogo podia ficar por
aqui. Mas seria injusto para o esforço e generosidade de todos os
jogadores que em termos defensivos fizeram o que lhes competia fazer.
O problema foi, é, e continua a ser, a outra parte do jogo – a
transição ofensiva. Ou seja, receber a bola, não a perder
imediatamente, virar-se para o ataque e passar em condições. Para
que então surjam oportunidades de golo. Parece simples mas para este
Belenenses é difícil. Falta capacidade técnica, falta sentido do
passe, e falta capacidade goleadora. Na primeira parte não criámos
uma única oportunidade! Com a mudança para os três centrais, sim,
o campo tornou-se mais largo, com mais espaços, e surgiram então
alguns lances prometedores. Em especial graças aos cruzamentos dos
laterais.
Resultado
final: Portimonense 0 – Belenenses 0
Mas
passemos a uma primeira análise individual:
Koffi
– Foi o homem do jogo. Está ali um guarda-redes que apesar de
jovem dá garantias.
Calila
– até se lesionar foi uma agradável surpresa. Bateu-se de
igual para igual com o possante Boa Morte e quando ganhar confiança
pode ser uma solução. O seu substituto Simon também deixou
boas indicações! Muito ofensivo, cruza muito bem, pode acrescentar
alguma coisa a esta equipa.
Gonçalo
Silva – o capitão não esteve mal a defender mas deve evitar
hesitações na hora de despachar a bola. Para não acabar
encurralado na nossa bandeirola de canto. Isto também tem a ver com
Silas e com a mania de sair a jogar com bola... sem ter jogadores
para isso. Koffi dá garantias que Muriel não dava mas não convém
exagerar. Até porque vem aí o Benfica, que faz pressing, atropela,
e faz faltas que os árbitros não marcam.
Nuno
Coelho – foi sempre dos melhores.
Varela
– uma boa aquisição. Vem da escola do Bétis, sabe
movimentar-se junto ás laterais, tem técnica, fez um ou dois bons
lançamentos, pareceu-me um bom defesa esquerdo. Na segunda parte
quando passámos para três centrais já não tinha fôlego para as
exigências do lugar. Até porque o Portimonense carregou sempre
muito jogo por aquele lado.
André
Santos – não esteve mal a defender embora tenha às vezes a
tentação de se agarrar demasiado à bola. Fica perigoso quando a
perde. E nos terrenos em que a perde.
André
Sousa – esteve melhor do que imaginava. Bem a defender ainda
tentou algumas transições na primeira parte. Acabou substituído
quando mudámos o chip defensivo. Entrou nessa altura Kau,
terceiro central sobre o lado esquerdo, jogador sereno e com
técnica a quem dou nota positiva.
Lucca
– trabalha muito mas ontem foi incapaz de segurar a bola e fazer a
transição que se exigia. Marcou um canto que ía dando golo.
Dieguinho
– uma desilusão. Lento em tudo, na recepção, a passar, a pensar,
foi substituído ao intervalo. Enquanto esteve em campo teve apenas
uma jogada digna de nota. É curto.
Ljulic
– substituiu Dieguinho e trouxe outra movimentação áquele
meio campo ofensivo. Tem que ter cuidado com as faltas defensivas.
Licá
– menos mal. Mal servido conseguiu mesmo assim dar alguma
sequência aos lances. Em especial na segunda parte.
Kikas
– avançado que assenta o seu jogo na velocidade, se não lhe forem
dadas essas condições nada feito. Foi o caso.
Saudações azuis
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