sábado, agosto 10, 2019

Estatística de um empate...


Está cientificamente provado que os adeptos do Belenenses vivem em média menos anos que os adeptos dos outros clubes. O coração, a memória selectiva, décadas de sofrimento, a semana que se segue ao desaire, são tudo factores que, conjugados, são prejudiciais à saúde. A cura para tamanha doença não existe. Muitos pacientes vendo o perigo aproximar-se ensaiam uma fuga para a frente. Afastam-se do futebol, aproximam-se do estádio da Luz, (Alvalade não compensa a viagem), ou então, por ser mais seguro, tornam-se adeptos do Ronaldo ou do Messi, que mesmo em anos maus, ainda se arriscam a ganhar uma Champions! Fora isto, só um milagre.

Ontem o milagreiro chamou-se Hervé Koffi, guarda-redes emprestado pelo Lille, defendeu tudo com grande serenidade, sabe jogar com os pés, salvou o empate em Portimão. E a crónica do jogo podia ficar por aqui. Mas seria injusto para o esforço e generosidade de todos os jogadores que em termos defensivos fizeram o que lhes competia fazer. O problema foi, é, e continua a ser, a outra parte do jogo – a transição ofensiva. Ou seja, receber a bola, não a perder imediatamente, virar-se para o ataque e passar em condições. Para que então surjam oportunidades de golo. Parece simples mas para este Belenenses é difícil. Falta capacidade técnica, falta sentido do passe, e falta capacidade goleadora. Na primeira parte não criámos uma única oportunidade! Com a mudança para os três centrais, sim, o campo tornou-se mais largo, com mais espaços, e surgiram então alguns lances prometedores. Em especial graças aos cruzamentos dos laterais.

Resultado final: Portimonense 0 – Belenenses 0

Mas passemos a uma primeira análise individual:

Koffi – Foi o homem do jogo. Está ali um guarda-redes que apesar de jovem dá garantias.
Calila – até se lesionar foi uma agradável surpresa. Bateu-se de igual para igual com o possante Boa Morte e quando ganhar confiança pode ser uma solução. O seu substituto Simon também deixou boas indicações! Muito ofensivo, cruza muito bem, pode acrescentar alguma coisa a esta equipa.

Gonçalo Silva – o capitão não esteve mal a defender mas deve evitar hesitações na hora de despachar a bola. Para não acabar encurralado na nossa bandeirola de canto. Isto também tem a ver com Silas e com a mania de sair a jogar com bola... sem ter jogadores para isso. Koffi dá garantias que Muriel não dava mas não convém exagerar. Até porque vem aí o Benfica, que faz pressing, atropela, e faz faltas que os árbitros não marcam.
Nuno Coelho – foi sempre dos melhores.
Varela – uma boa aquisição. Vem da escola do Bétis, sabe movimentar-se junto ás laterais, tem técnica, fez um ou dois bons lançamentos, pareceu-me um bom defesa esquerdo. Na segunda parte quando passámos para três centrais já não tinha fôlego para as exigências do lugar. Até porque o Portimonense carregou sempre muito jogo por aquele lado.
André Santos – não esteve mal a defender embora tenha às vezes a tentação de se agarrar demasiado à bola. Fica perigoso quando a perde. E nos terrenos em que a perde.
André Sousa – esteve melhor do que imaginava. Bem a defender ainda tentou algumas transições na primeira parte. Acabou substituído quando mudámos o chip defensivo. Entrou nessa altura Kau, terceiro central sobre o lado esquerdo, jogador sereno e com técnica a quem dou nota positiva.
Lucca – trabalha muito mas ontem foi incapaz de segurar a bola e fazer a transição que se exigia. Marcou um canto que ía dando golo.
Dieguinho – uma desilusão. Lento em tudo, na recepção, a passar, a pensar, foi substituído ao intervalo. Enquanto esteve em campo teve apenas uma jogada digna de nota. É curto.
Ljulic – substituiu Dieguinho e trouxe outra movimentação áquele meio campo ofensivo. Tem que ter cuidado com as faltas defensivas.
Licá – menos mal. Mal servido conseguiu mesmo assim dar alguma sequência aos lances. Em especial na segunda parte.
Kikas – avançado que assenta o seu jogo na velocidade, se não lhe forem dadas essas condições nada feito. Foi o caso.

Saudações azuis

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