quarta-feira, abril 25, 2018

A república de abril e o futebol



Contas feitas, no futebol, como no resto, pouco ou nada mudou com o 25 de Abril. E hoje passados mais de quarenta anos sobre a celebrada data, podemos concluir que até piorou! Nos primórdios do estado novo, quando o poder político ainda não tinha capturado o futebol para a sua propaganda, o jogo desenvolvia-se dentro das quatro linhas e os mais fortes ganhavam mais vezes que os mais fracos. A competição é assim. Porém a partir do momento em que perder passou a ser uma vergonha, e eu não consigo precisar esse momento, a partir daí tudo se alterou. Digo isto em contraste com a Inglaterra (país que inventou o futebol) onde perder continua a ser apenas e só um dos três resultados possíveis.

Mas regressemos então à república de Abril e ao seu futebolzinho corrupto e batoteiro. Um futebol com cartas marcadas envolvido em escândalos permanentes. E porque é corrupto e batoteiro, tornou-se profundamente desigual fazendo lembrar aquela imagem em que uns jogam de botas cardadas e os outros jogam descalços. E se na república anterior já se começava a sentir algum condicionamento político sobre o futebol, nesta república de Abril a promiscuidade é total. Recordemos como se chegou até aqui.

A seguir ao golpe militar e face à inevitável desordem, o futebol, assustado, fugiu para o norte para onde fugiram também a produção e o emprego. O Porto e o Boavista aproveitaram para ganhar terreno à concorrência lisboeta. Abaixo do paralelo de Rio Maior reinava o ‘povo unido’ e os clubes do sul foram naturalmente varridos do mapa. Barreirense, Seixal, CUF, Amora, Lusitano de Évora, etc., quem se lembra deles na primeira divisão?!

O próprio Belenenses, que nunca foi o clube do regime, essa benesse cabia ao casalinho verde rubro, também não escapou à febre revolucionária. Mudou o nome ao estádio encheu-se de esquerdistas e maçons, e apesar de ter beneficiado de rios de dinheiro provenientes do Bingo, ganhou apenas uma Taça de Portugal e, verdadeiramente, nunca mais foi o mesmo.

Entretanto, lá fora, na república laica e socialista as coisas pioravam. As empresas do norte faliram, más notícias para o Porto, o país passou a viver dos subsídios de Bruxelas, boas notícias para os burocratas de Lisboa, pois era o governo central quem iria distribuir aquelas verbas. Altura ideal para voltarmos ao antigamente. Momento oportuno para um apito dourado com alvos definidos – Porto e Boavista. E de facto foi no consulado de Sócrates que se deu a reviravolta. O antigo primeiro-ministro, quando ainda era comentador, sempre disse na televisão que ‘Lisboa já merecia ter novamente um clube campeão europeu de futebol’.

A partir daqui tudo se torna compreensível desde o controle da comunicação social à falência dos bancos, desde os campeonatos da treta ao almejado penta. É uma democracia totalitária a funcionar - um regime, um partido, um clube! Como também é compreensível que Sócrates tenha sido constituído arguido por corrupção, tráfico de influências e branqueamento de capitais. O 25 de Abril deu nisto. E a pergunta que se coloca é esta: - terá este regime capacidade para se regenerar por si próprio?! Duvido. No entanto o desafio é esse e os dados estão lançados. Veremos se a justiça tem resposta ou se já está, por sua vez, também ela contaminada?!

Pelo que sabemos já há suspeitos identificados. Quanto ao resto da camarilha, posso dar uma pista: - comecem pelos ‘peregrinos de Évora’! E depois puxem o novelo.



Saudações desportivas

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