O presidente do Sporting levantou
uma questão pertinente a propósito dos campeões nacionais de futebol! Em causa estão
os títulos que cabem a cada clube português. E digo que é pertinente porque na
origem das dúvidas (e dos esclarecimentos) encontramos sempre dois erros, a
saber: - uma desvalorização das conquistas do passado e o disparate (fatal) de
alguma luminária (federativa!) que estipulou que o antigo campeonato de
Portugal era o antecessor da actual Taça de Portugal! Não é, e vou explicar
porquê.
A primeira prova nacional ocorreu
na longínqua época de 1921/22 e foi ganha pelo Porto. Era a primeira e a única,
no sentido de que não havia outra prova nacional. Chamava-se com toda a
propriedade campeonato de Portugal, mas podia chamar-se campeonato nacional. O
facto que nos interessa é que era esta a competição que designava o campeão
português em cada época. Também não interessa em que moldes se disputava – se era
todos contra todos, a uma volta ou duas, se era por eliminatórias, por grupos e
a seguir eliminatórias, através de uma finalíssima entre o campeão regional do
norte e o do sul, nada disso interessa. Tal como não interessa, por exemplo
saber em que moldes se disputa (ou disputava) o campeonato do mundo. Os moldes
podem-se alterar (e alteraram-se) mas o campeão do mundo não deixou de ser o
campeão do mundo e como tal contabilizado. O mesmo se diga do campeonato de
Portugal enquanto foi a única prova de âmbito nacional que existia. Isto
aconteceu até 1933/34, pois só na época seguinte, 1934/35/, passaram a
coexistir duas provas nacionais – o campeonato da Liga, nos primeiros tempos em
fase experimental, e o campeonato de Portugal que entretanto se manteve.
Daqui resulta que os campeonatos de Portugal até 1933/34 devem ser adicionados aos
campeonatos nacionais que posteriormente cada clube ganhou, e aqui não pode haver dúvidas. Subsiste depois a questão de saber, daí para a frente, quando é que o campeonato da Liga passou
a ser mais importante que o campeonato de Portugal. Ou seja quando é que o
campeonato da Liga passou verdadeiramente a designar o campeão português. Este
período sim pode ser discutível.*
Deste modo, e com toda a legitimidade, o Belenenses deve adicionar ao título de campeão nacional ganho em
1945/46, os títulos de campeão de Portugal ganhos em 1926/27, em 1928/29 e em 1932/33! São quatro títulos de campeão nacional!
E o melhor argumento contra quem
insiste em subtrair-nos aqueles títulos (de campeão nacional) é o facto de nunca os terem adicionado
às três Taças de Portugal que entretanto ganhámos.
Concluindo: - Nada contra a
discussão sobre os campeonatos a partir de 1934/35 e até 1938; tudo a favor da reposição
da justiça desportiva no período que vai de 1921/22 até 1933/34.
E deixo aqui um aviso: - Quem
desvaloriza os feitos do passado está a desvalorizar sem o saber os feitos do
presente.
Saudações azuis
* Estamos a falar de quatro épocas, de 1934 a 1938, período em que ainda houve campeões de Portugal mas que já houve campeões da Liga. É esta questão que move, julgo eu, o presidente do Sporting.
* Estamos a falar de quatro épocas, de 1934 a 1938, período em que ainda houve campeões de Portugal mas que já houve campeões da Liga. É esta questão que move, julgo eu, o presidente do Sporting.
Nota:
Ontem num programa televisivo sobre a matéria, o representante do
nacional-benfiquismo nesse programa, disse umas piadas idiotas que só revelaram
a sua enorme ignorância. Para sua instrução passo a esclarecê-lo: - O Carcavelinhos
era um clube de Alcântara (e não de Carcavelos), foi campeão nacional em
1927/28, tendo-se fundido mais tarde com o União, clube de Santo Amaro muito
ligado à Carris. Dessa fusão nasceu o Atlético Club de Portugal. Ainda não
havia avenidas novas… e havia menos burros
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