sexta-feira, agosto 28, 2015

Crónica alternativa

Se quiserem ler sobre recordes, estatísticas, saber quando é que o Afonso Henriques trocou os torneios medievais pela sueca, devem ler os jornais desportivos, ouvir os comentadores da televisão, comoverem-se, chorar um bocadinho, e depois passa. Se não quiserem nada disto, chegaram ao sítio certo. Uma crónica emotiva, elogiosa, mas sem histerismos. E que não compara as pequenas glórias de 2015 com as de anos transactos, pela simples razão de que são incomparáveis.

Dito isto valeu a pena chegarmos a este patamar para vermos o estádio de Restelo com uma moldura humana razoável, uma plateia entusiasmada, valeu a pena ver o esforço dos jogadores a lutarem por um objectivo difícil de alcançar, pois como se previa o Altach não era a pera doce que muitos insistiam em descrever. Rápidos, possantes, com um futebol rectilíneo, em dois passes estavam em cima da nossa baliza. Fez bem Sá Pinto em resguardar-se, em esfriar o jogo, em fechar as alas a sete chaves, o que obrigou a grande esforço de Camará e Sturgeon, esforço de que se ressentiram na segunda parte. Rebentaram e perderam discernimento.

Já não gostei tanto das últimas substituições, excessivamente defensivas, mas compreende-se o estado de nervosismo geral, no entanto foi por um triz que não nos suicidámos.
Não tencionava fazer uma análise individual na medida em que houve grande mérito colectivo no feito alcançado, mas também aqui esta crónica é alternativa e afasta-se do padrão habitual. Assim, os meus destaques vão para:

Ventura, uma exibição importante, sem falhas; João Amorim fez um bom jogo! Trata-se de um defesa direito com personalidade; os centrais foram práticamente intransponíveis. Ainda assim gostei mais de Tonel do que Brandão; Geraldes a jogar no lado esquerdo perde muito da sua eficácia e não consegue ensaiar as suas descidas pelo corredor. Fez uma durante o jogo todo e depois centrou mal porque não tem pé esquerdo; Rúben Pinto esforçado mas cuidado com as faltas desnecessárias; André Sousa esteve quase mas ainda falta o quase; Abel Camará e Sturgeon tentaram mas as tarefas defensivas foram demasiado absorventes. Além de que Camará não sabe jogar de costas para a baliza, precisa ser bem lançado; Miguel Rosa foi talvez o jogador mais equilibrado durante o jogo todo; está mais vivo e levanta mais a cabeça; Tiago Caeiro esforçado, bateu-se bem nas alturas com as torres austríacas, mas terá de ter atenção aos braços e possíveis cartões por causa disso; Tiago Silva entrou com energia mas eu teria preferido um ala (Fábio Nunes) passando Miguel Rosa para o centro do ataque; isto não tem nada a ver com o jogador que até cumpriu. O que perdemos foi comprimento atacante e no fim o chuveirinho constante podia ter sido fatal. Dias e João Afonso entraram nos últimos minutos para defender e fizeram por isso.

Saudações azuis


Nota: À margem do desafio, no fim do mesmo, Rui Pedro Soares realçou o esforço e a dignidade do caminho percorrido, salientando a falta de meios desportivos, inclusivé, um campo de treinos! É caso para dizer: - Belenenses, como pudeste chegar a este estado?! Para mim, esta é a única comparação/estatística que me interessa.

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