Se quiserem ler sobre recordes,
estatísticas, saber quando é que o Afonso Henriques trocou os torneios
medievais pela sueca, devem ler os jornais desportivos, ouvir os comentadores
da televisão, comoverem-se, chorar um bocadinho, e depois passa. Se não
quiserem nada disto, chegaram ao sítio certo. Uma crónica emotiva, elogiosa,
mas sem histerismos. E que não compara as pequenas glórias de 2015 com as de
anos transactos, pela simples razão de que são incomparáveis.
Dito isto valeu a pena chegarmos
a este patamar para vermos o estádio de Restelo com uma moldura humana
razoável, uma plateia entusiasmada, valeu a pena ver o esforço dos jogadores a lutarem
por um objectivo difícil de alcançar, pois como se previa o Altach não era a pera
doce que muitos insistiam em descrever. Rápidos, possantes, com um futebol
rectilíneo, em dois passes estavam em cima da nossa baliza. Fez bem Sá Pinto em
resguardar-se, em esfriar o jogo, em fechar as alas a sete chaves, o que
obrigou a grande esforço de Camará e Sturgeon, esforço de que se ressentiram na
segunda parte. Rebentaram e perderam discernimento.
Já não gostei tanto das últimas
substituições, excessivamente defensivas, mas compreende-se o estado de
nervosismo geral, no entanto foi por um triz que não nos suicidámos.
Não tencionava fazer uma análise
individual na medida em que houve grande mérito colectivo no feito alcançado, mas
também aqui esta crónica é alternativa e afasta-se do padrão habitual. Assim,
os meus destaques vão para:
Ventura, uma exibição importante,
sem falhas; João Amorim fez um bom jogo! Trata-se de um defesa direito com
personalidade; os centrais foram práticamente intransponíveis. Ainda assim
gostei mais de Tonel do que Brandão; Geraldes a jogar no lado esquerdo perde
muito da sua eficácia e não consegue ensaiar as suas descidas pelo corredor. Fez
uma durante o jogo todo e depois centrou mal porque não tem pé esquerdo; Rúben Pinto
esforçado mas cuidado com as faltas desnecessárias; André Sousa esteve quase
mas ainda falta o quase; Abel Camará e Sturgeon tentaram mas as tarefas
defensivas foram demasiado absorventes. Além de que Camará não sabe jogar de
costas para a baliza, precisa ser bem lançado; Miguel Rosa foi talvez o jogador
mais equilibrado durante o jogo todo; está mais vivo e levanta mais a cabeça;
Tiago Caeiro esforçado, bateu-se bem nas alturas com as torres austríacas, mas
terá de ter atenção aos braços e possíveis cartões por causa disso; Tiago Silva
entrou com energia mas eu teria preferido um ala (Fábio Nunes) passando Miguel
Rosa para o centro do ataque; isto não tem nada a ver com o jogador que até cumpriu.
O que perdemos foi comprimento atacante e no fim o chuveirinho constante podia
ter sido fatal. Dias e João Afonso entraram nos últimos minutos para defender e
fizeram por isso.
Saudações azuis
Nota: À margem do desafio, no fim
do mesmo, Rui Pedro Soares realçou o esforço e a dignidade do caminho
percorrido, salientando a falta de meios desportivos, inclusivé, um campo de treinos!
É caso para dizer: - Belenenses, como pudeste chegar a este estado?! Para mim,
esta é a única comparação/estatística que me interessa.
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