Este país parece um funil, toda a
gente fala no mesmo, toda gente fala nos mesmos! Aqui a liberdade de expressão é
uma conquista desnecessária, não a utilizamos, falamos todos em coro. Lá
aparece de vez em quando, como acontece nos coros, uma voz mais esganiçada, mas
vai-se a ver… e é para cantar a mesma coisa!
Portanto, também não precisamos
de democracia, como aliás se comprova fácilmente. Se a única coisa que nos
divide, que nos separa, é uma segunda circular e um comboio para o Porto, não
vale a pena tanto partido, tanto voto, tanto estardalhaço eleitoral.
Assim, ontem, sem possibilidade
de escolha, preferi a Sport TV para ouvir falar sobre a jornada do fim-de-semana.
Preferi por causa dos interlocutores. Eram pessoas ligadas ao futebol, não estavam
ali na qualidade de advogados, médicos conhecidos, deputados, ou candidatos a
cargos públicos. Eu, para ouvir gente que não percebe nada de bola já me chega
ouvir-me a mim.
Mas então o que disse a Sport
TV?!
Disse, pela voz de José Peseiro, aquilo
que eu ando a dizer há séculos – que estes resultados mais ou menos
surpreendentes, com os três eucaliptos a perderem pontos, são enganadores. Revelam
uma competitividade que não existe, tal é a diferença de meios (a começar e a acabar
na comunicação social) entre os chamados três grandes e os restantes clubes. O
que aconteceu este fim-de-semana foi uma excepção, no final do campeonato o
fosso entre grandes e pequenos continuará a aumentar, e ninguém se há-de
importar com isso.
Nesta vertigem chegaremos a um
campeonato virtual, artificial, onde só três clubes têm adeptos funcionando os
outros como satélites, aliados servis e pontuais consoante as necessidades dos patrões.
Deste cenário, desta servidão,
excluem-se os clubes das regiões autónomas, em especial da Madeira, e graças ao
respectivo estatuto político! O que diz bem da necessidade de aplicar ao continente
remédio semelhante.
Uma última nota que corresponde a
uma pergunta crucial: - mas a que se deveu então esta maré de resultados que
colocaram o Arouca na liderança da primeira Liga?!
Há duas explicações: – a globalização
dos métodos de treino; e a natural sagacidade dos treinadores portugueses
especialmente aqueles que passaram pelo Belenenses e se habituaram a fazer omeletes
sem ovos!
Saudações azuis
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