domingo, novembro 06, 2005

Os nervos em franja

Gritei, barafustei, apanhei frio que me fartei, vim para casa desolado. Chá quente e uma torrada e aqui estou eu a desabafar:
- Estivemos melhor do que o costume. Posso até dizer que há muito tempo que não éramos capazes de assumir o jogo, mas desta vez, durante a primeira parte, empurrámos o Boavista para o seu meio campo e limitámos as suas iniciativas!
Com a defesa bastante mais adiantada no terreno, obrigando Marco Aurélio a sair dos postes como lhe compete, com os espaços encurtados e alguma circulação de bola, faltou apenas um bocadinho mais de acutilância, eu diria, engenho e arte para marcar um golo.
De qualquer modo, penso que há mérito de Couceiro
Para a segunda parte, Carlos Brito mudou qualquer coisa na sua equipa, e o Boavista (e João Pinto) assumiu o controle do jogo. Recuámos, começámos a falhar passes, mais nervosismo, um cabeceamento à vontade e Pinheiro salva sobre o risco. Antes, Fábio Januário, numa descida perigosa já tinha tido um bom ensejo para abrir o activo. Ficámos assim empatados em lances de golo eminente.
A toada do jogo arrefeceu, estabilizámos, e Silas pelo lado esquerdo começou a criar perigo, tirando partido da fogosidade de Fábio Januário. Mais uma bola metida na área, Paulo Sérgio roda bem e atira para a baliza obrigando Areias a fazer penalty e a ser expulso.
Meyong marca irrepreensivelmente – foi golo do Belenenses, coisa rara nos últimos tempos.
Não soubemos aproveitar a vantagem numérica. Meyong, em lance irreflectido, envolve-se com Cadu (manhoso que se farta), e Bruno Paixão expulsa o nosso jogador. Prejuízo para este jogo e para os próximos dois jogos.
Dez contra dez e voltou uma inexplicável tremideira. Sousa escorrega, (muito escorregaram os nossos jogadores!), cruzamento do lado direito e o Boavista falha um golo quase certo. Marco Aurélio defende bem.
Couceiro substitui – tira Silas (mal, em minha opinião) para entrar Zé Pedro, e a seguir tira Fábio Januário para entrar Romeu (outra substituição sem qualquer proveito).
Faltavam cinco minutos, estávamos a recuar muito, a tentar segurar a vantagem tangencial, até que... João Pinto solta-se na meia esquerda do seu ataque e remata de fora da área – a bola vai à figura, mas Marco Aurélio deixa-a escapar para dentro da baliza – frango monumental.
Parecia assombração – um empate com sabor a derrota.

Sou o único que na blogosfera azul tem criticado Marco Aurélio, responsabilizando-o por golos que têm acelerado algumas das nossas derrotas. Também reconheço o seu precioso contributo noutros jogos e resultados. Neste jogo, Marco Aurélio esteve melhor do que habitualmente, quer a sair, quer a movimentar-se no seu espaço de acção. Não o vou por isso crucificar.
Penso, no entanto, que a braçadeira de capitão deve ser entregue a um jogador de campo, porque já existem vícios defensivos difíceis de mudar, situação que naturalmente sucede quando o capitão de equipa é o próprio guarda-redes.
É uma opinião. E por hoje já chega.

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