segunda-feira, abril 27, 2015

Tudo pelos grandes…

Passaram 41 anos sobre a revolução de Abril e numa análise fria, sem enganos, podemos assegurar que o país é o menos competitivo da união europeia. E com tendência a piorar. Em todas as áreas, especialmente naquelas em que era suposto estar um bocadinho mais equilibrado. Refiro-me às actividades desportivas, cuja essência, é haver um mínimo de competitividade, sem a qual a palavra ‘competição’ não faz sentido.
O futebol português, neste particular (e noutros) é um verdadeiro campeão! Um rápido relance pelos principais campeonatos permite concluir isso mesmo:

Por exemplo, na Alemanha, embora o Bayern domine completamente a competição, e seja actualmente uma das melhores, senão a melhor equipa europeia, a verdade é que nos mesmos trinta jogos tem apenas mais um ponto que o Benfica! Se passarmos a Espanha onde o duelo é feito a dois tal como em Portugal, e para o caso pouco interessa que seja disputado por mais duas equipas, a verdade é que à trigésima jornada quer Barcelona, quer Real Madrid, tinham menos pontos que Benfica e Porto! O mesmo se diga relativamente a França, Inglaterra e Itália! E por aí fora.

Se analisarmos outros aspectos como a possibilidade de manter direitos desportivos sobre uma infinidade de jogadores, o excessivo enfoque mediático de uns, em prejuizo de todos os outros, e a incapacidade (ou falta de vontade) de quem de direito para actuar no sentido de reduzir desigualdades ilegítimas, fica explicada a falência competitiva, os estádios vazios, a falência geral da chamada indústria do futebol.
Só não ficam explicados os discursos (vazios) sobre a igualdade no dia dos cravos.


Saudações azuis

sábado, abril 25, 2015

Foi quase…

Os responsáveis disseram de sua justiça: - Jorge Simão sentiu-se frustrado com o empate e de facto morrer na praia é terrível. Sérgio Conceição achou que as declarações de Jorge Simão não correspondiam à realidade e vai daí imaginou uma goleada que nunca esteve para acontecer. Rui Pedro Soares por último declarou-se insatisfeito com o resultado, e anunciou ambições. Disse que deixámos de ser os coitadinhos simpáticos e perdedores. Gostei de ouvir. Mas tem que ser sempre assim e contra todos os adversários.

Sobre o jogo a minha opinião é a seguinte: - o Belenenses fez uma grande primeira parte, contra uma equipa fortíssima, que jogou a cem à hora, e que mesmo assim a única verdadeira oportunidade que teve resultou de um atraso infeliz de Abel Camará. No resto, foram quarenta e cinco minutos muito disputados, com diferentes opções tácticas, o Braga com mais iniciativa, o Belenenses sempre a espreitar o contra ataque.

No segundo tempo os arsenalistas carregaram na procura do empate mas o Belenenses nunca se desorganizou. Baixou linhas e surgiram então duas ou três oportunidades que Ventura negou com muita categoria! Mas também tivemos as nossas chances para matar o jogo. Com a expulsão de Rui Santos, que ocorreu a vinte minutos do fim, com mais um jogador, o Belenenses pareceu hesitar entre defender a vantagem ou tentar chegar ao segundo golo. Neste sim e não surgiu o golo do empate, num canto, e quando já ninguém esperava.

É de certo modo injusto fazer destaques individuais quando a exibição do Belenenses valeu sobretudo pelo grande esforço de todos no sentido de saírem de Braga com uma vitória. Ainda assim não posso deixar de assinalar aquilo que me ficou na retina:

- As intervenções de Ventura! A classe de Sturgeon! A exibição de Pelé! A grande jogada entre Carlos Martins e Camará!

Saudações azuis 

sexta-feira, abril 24, 2015

Confirmar virtudes, corrigir defeitos

Hoje em Braga vai ter que ser assim. As virtudes são conhecidas: - equipa solidária, compacta, a pressionar o adversário para recuperar rápidamente a bola, transição sem rodriguinhos, sem dribles escusados, sem vaidades deslocadas. Objectivo: alvejar com êxito a baliza bracarense.
Enquanto escrevo isto lembro-me da atitude contrária, sempre negativa – entrar na expectativa a ver o que o jogo dá!

Os defeitos também são conhecidos: - dificuldades na hora de concretizar, fruto de alguma ingenuidade atacante. O uso desnecessário dos braços nas disputas de bola, que às vezes dão faltas perigosas, também é de evitar.

O que se pede é concentração máxima, ou seja, a cabeça a funcionar. E venha de lá uma vitória que já tarda.


Saudações azuis

segunda-feira, abril 20, 2015

Belenenses - Benfica (crónica do jogo)

Passado o tempo necessário para arrefecer as emoções, vamos então analisar o clássico que se jogou no Restelo: 

Sobre a ‘enchente’… para quem já viu aquele jogo com perto de quarenta mil espectadores, pouco tenho a acrescentar. Outros tempos… Era outra a rivalidade…

Ainda assim devo confessar que a postura do Belenenses me surpreendeu pela positiva! Uma lição muito bem estudada, melhor executada, e como referi em postal anterior, não fora o brinde inicial, verdadeiro balde de água fria, e tudo poderia ter sido diferente. Assim, resolvido o principal problema do Benfica, que era marcar o primeiro golo, tudo se tornou mais complicado para as nossas cores uma vez que o ataque, o nosso ataque, especialmente aquele que apresentámos de início, me pareceu demasiado ingénuo para marcar golos, seja ao Benfica, seja a quem for. Para maiores esclarecimentos consulte-se, não as páginas amarelas, mas a lista de melhores marcadores do campeonato. Não aparecemos lá.

E surge a primeira crítica: - continuo sem perceber porque é que se aposta tanto no Dálcio e tão pouco no Fábio Nunes?! A segunda crítica ainda é mais antiga: - porque é que só nos minutos finais é que jogámos com alas sem os pés trocados?!
Chamo a atenção que a jogada que nos ía proporcionando o golo só é possível de realizar com um extremo esquerdo que tenha… pé esquerdo! Jogada aliás que já tinha sido tentada uns minutos antes!

Tirando estas objecções, há que dar os parabéns ao treinador pela excelente estratégia que montou, reduzindo o anunciado fulgor benfiquista à sua verdadeira expressão: - uma equipa espremida por Jesus até á última gota, que vive de dois ou três craques, mas que pode ser batida se houver coragem e não houver grandes interferências exteriores.

E passemos à análise individual:

Ventura – fez o impossível no atraso suicida de Pelé, assim como se viu confrontado com mais uns atrasos (de vida) de Nelson! Sofreu dois golos indefensáveis sem ter possibilidades de fazer qualquer defesa difícil O Benfica não teve mais oportunidades para marcar.

Nelson – não gostei da exibição de Nelson. Pareceu preocupado em demonstrar qualquer coisa a alguém, foi pouco lesto a decidir e complicou desnecessariamente algumas jogadas.

João Afonso – cumpriu no centro da defesa mas revela algumas vezes pouca convicção naquilo que faz. O ar tremendista também não ajuda. Foi lento ao acorrer a uma recarga promissora.

Palmeira – boa exibição de um jogador que continua a evoluir. Dois cortes magníficos sobre Gaitán (num deles lesionou-se) definem um defesa de categoria.

Filipe Ferreira – um jogo esforçado mas inglório já que deixou passar a bola que deu a Jonas o segundo golo. Reconheçamos no entanto que há mérito no cruzamento de Gaitán, no domínio de bola de Jonas e no respectivo remate! Mas Filipe Ferreira está a subir o nível do seu jogo! Foi dele o lançamento para Fábio Nunes numa grande jogada do ataque azul.

Meira – a melhor exibição azul! A jogar a trinco auxiliou bem a defesa e fartou-se de ganhar segundas bolas ao meio campo encarnado. Disputou também lances dentro da área benfiquista e num deles foi injustamente amarelado por simulação. Não houve simulação mas um quase penalty de Eliseu.

Pelé – teve aquele lance infeliz, fruto de alguma desconcentração, mas no resto do tempo lutou muito naquele meio campo transformado em floresta de pernas e trincheira de vontades. Globalmente a sua exibição acaba por ser positiva.

Carlos Martins – para a maioria dos comentadores foi o melhor jogador azul. Não compartilho totalmente desta opinião mas não tenho dúvidas que fez tudo para levar de vencida a sua antiga equipa. Mas esta obsessão não se revelou nalguns momentos boa conselheira. Agarrou-se um bocadinho à bola, exagerou nos remates, que já sabemos resultaram de instruções do treinador, mas nalguns lances havia melhores opções. Dois tiros, um deles de livre, assustaram Júlio César.

Dálcio – como vem sendo hábito apareceu na ala direita e revelou muita ingenuidade. Foi sempre presa fácil para a defesa encarnada. Nos últimos instantes acorreu bem ao cruzamento de Fábio Nunes mas falhou um golo certo. Há que experimentar este esquerdino, nem que seja para treinar, na ala esquerda do nosso ataque.

Abel Camará – sem os atributos técnicos que lhe dariam outra dimensão, foi com generosidade e força que incomodou seriamente Luizão e companhia. Sempre muito desapoiado, fez quanto a mim uma exibição conseguida.

Sturgeon – é actualmente o jogador com maior potencial do plantel azul. Evoluiu muito, já não cai, já não parece um bailarino do teatro Bolchoi, sabe receber a bola e dar-lhe o destino adequado. Pena ter alinhado fora do seu lugar. Protagonista do caso do jogo, um possível toque de Luizão, a única coisa que podemos discutir tem a ver com a verdade desportiva do nosso campeonato: - não me pareceu haver falta, mas se o lance fosse na outra área, na área do Benfica, seria ou não grande penalidade?! Uma dúvida eterna.

Gonçalo Brandão – substituiu o lesionado Palmeira e apesar de termos sofrido o segundo golo pouco tempo depois, não foi por ali que a defesa vacilou. Pelo contrário, Gonçalo Brandão revelou sempre segurança e classe nas suas intervenções.

Fábio Nunes – uma boa entrada em jogo, a mostrar codícia e acutilância. O seu arranque e cruzamento para golo ficaram na retina.

Tiago Silva – no pouco tempo que esteve em campo, cumpriu.



Saudações azuis


Post-scriptum: Analisadas as imagens verifica-se que Luizão não toca na bola mas atinge Sturgeon na sola do pé, o que configura um lance para grande penalidade. O jogo prossegue e a bola chutada por Sturgeon segue para Meira que por sua vez a faz seguir para Dálcio sem que Eliseu a consiga interceptar. Do contacto entre os dois jogadores resulta o derrube de Meira que fica assim impedido de prosseguir a jogada. Nessas condições o arbitro, se quisesse, também poderia ter marcado grande penalidade. Em vez disso, erra, exibindo cartão amarelo a João Meira por simulação!

Resumindo e concluindo: - admite-se que o árbitro não tenha visto o toque em Sturgeon, como também se admite que tenha visto um choque e não um derrube, no contacto entre Meira e Eliseu. Menos admissível terá sido o cartão amarelo mostrado ao jogador do Belenenses.
Agora, o que me parece totalmente inadmissível, é que já depois de analisadas as imagens, continue a haver gente a sustentar que não houve nada! Gente encartada, ex-árbitros e tudo!
Como já escrevi noutro local, só gostava de saber o que diriam se tudo se tivesse passado na outra área!

Enfim, é a verdade desportiva a que temos direito...

domingo, abril 19, 2015

A verdade desportiva!

Ora aqui está um assunto interessante nomeadamente quando é discutido num país de batoteiros! Aproveitemos as incidências do jogo do Restelo para opinar também:

Vou começar pelo primeiro golo: - falou-se tanto nos direitos desportivos do Benfica, desde as sanitas do Restelo aos apanha bolas, que o Pelé, sentindo-se já de águia ao peito, resolveu lançar o Lima para este marcar o primeiro golo! Lima, porém, saudoso dos tempos em que vestiu a camisola azul, não permitiu o brinde, deixando-se antecipar pelo guarda-redes Ventura. Acontece que a bola foi parar ao Jonas, brasileiro sem respeito e sem memória, que fez o golo!

Segue-se a dramática questão de saber quem paga os vencimentos dos jogadores emprestados pelo Benfica! Sobre esta matéria a maioria dos opinadores calam-se. Eu vou dar uma pista: - sendo o Novo Banco (nacionalizado) o maior accionista da SAD encarnada, a resposta parece-me óbvia. Quem paga é o Estado e os jogadores são afinal funcionários públicos! O que pode realmente ferir a verdade desportiva.

Analisemos agora uma questão hipotética: se uma equipa tem direitos desportivos sobre uma série de jogadores de outra equipa do mesmo campeonato, jogadores titulares em todos os jogos menos contra a equipa que os emprestou, como é que fica a verdade desportiva neste caso?!

Sobre o jogo própriamente dito, o Belenenses esteve bem, travou o ataque benfiquista, jogou no campo todo, com o senão do último andamento. Não fora o brinde e o resultado podia ser outro.


Saudações azuis  

sexta-feira, abril 17, 2015

O bloqueio

O nosso futebol corre as mil maravilhas, há até quem diga que é um exemplo para o resto! Eu tenho outra opinião, a mim faz-me lembrar um filme soviético com actores sicilianos. Já agora aproveito para dar uma ideia de como a coisa funciona:

Primeira regra:
Os jogadores portugueses, aqueles onde existe algum talento, pertencem basicamente a três clubes, a que resolvi chamar - ‘clubes do estado’. A triagem dos jogadores é feita pelo mesmo estado, através das selecções juvenis e logo aí se constituem direitos de propriedade sobre os mais promissores. Como é muita gente e há que garantir que nenhum escapa, muitos miúdos continuam a crescer nos clubes de origem mas já estão comprometidos. Os melhores seguem depois para as respectivas equipas B e os que sobram são emprestados a clubes ‘concorrentes’ na primeira Liga. Pus aspas na concorrência porque como se percebe neste ramo de actividade só há três concorrentes.

Segunda regra:
Os jogadores assim formados (e rodados) em outros clubes servem para ser vendidos ou trocados em negócio vantajoso. Poucos ou nenhuns ascendem ao team principal dos três clubes referidos. A razão é simples: uma vez que os três se propõem ombrear com os melhores clubes da Europa, e nisso são vigorosamente apoiados por quem manda no futebol, não podem arriscar na formação de um craque caseiro e assim vão ao mercado adquirir jogadores já feitos, de classe internacional, mantendo plantéis para os quais não dispõem de receitas correspondentes. A venda de jogadores ajuda, daí a necessidade de proteger o monopólio ou oligopólio existente, mas a verdadeira solução tem sido o apoio incondicional do erário público, seja das autarquias, seja dos bancos falidos ou intervencionados pelo estado. A bem da nação, já se vê.

Terceira regra
Esta regra é uma consequência óbvia da segunda: atendendo a que os direitos desportivos dos jogadores portugueses, aqueles que têm mercado, estão nas mãos de Benfica, Sporting e Porto, os outros clubes, salvo raríssimas excepções, pouco lucram com os negócios efectuados. Quando muito umas migalhas pela formação. Ora este tratamento, tão desigual, só faz sentido em se tratando de clubes do estado e à luz da constituição soviética que temos. Tudo pela nação, nada contra a nação.

Quarta regra
Esta é a regra que coroa todo o edifício do futebol, a regra que define a filosofia vigente: considerando que temos três clubes que representam 99% do universo popular, associativo, etc., não se justifica mantermos um estádio nacional, passaremos a ter três, em concessão. A selecção fica assim melhor servida e ainda pagaremos o aluguer, pois estaremos mais uma vez a dar dinheiro aos mesmos. De vez em quando, para estágios, selecções jovens ou femininas alugaremos os outros estádios do Euro que estão às moscas todo o ano.

Efeméride: Em setenta anos de campeonato nacional só dois clubes conseguiram romper o bloqueio: - Belenenses e Boavista!



Saudações azuis

quarta-feira, abril 15, 2015

Prova de vida!

O Belenenses faz este sábado a sua prova de vida.
Não vale a pena pôr mais panos quentes sobre o assunto, porque o mero facto de ser hipótese já é arrasador. Refiro-me à possibilidade de Pelé e Dálcio não virem a alinhar contra o Benfica, eles que foram formados no Belenenses, fazem parte do plantel do Belenenses, e têm sido apostas do treinador Jorge Simão. Se isso acontecer, prefiro que o Clube recomece nos distritais. Com outra gente e outros princípios.

Fez bem o presidente do Belenenses em vir a terreiro denunciar a fraude institucionalizada que é o futebol português. Espero que mantenha a firmeza demonstrada e justifique o cargo que ocupa.
Porque se for só conversa o melhor é estar calado.

Quanto à SAD, chegou também a hora da verdade. O trabalho feito em termos desportivos merece elogios. É indiscutível. No entanto criou-se um clima de desconfiança que não a favorece, nomeadamente no que toca à sua independência financeira. E aqui o meu amor ao Belenenses obriga-me a ser muito frontal: - para sermos um clube satélite do Benfica não precisamos de SAD nem de investidor.

Uma nota final para desejar coragem aos jogadores que alinharem, que não se esqueçam que vamos defrontar um velho rival. É para ganhar.


Saudações azuis