Num breve
regresso ao passado, apenas para reencontrar o caminho, lembro Artur
José Pereira e outros belenenses que jogavam no Benfica ou no
Sporting porque não tinham campo em Belém onde jogar, lembro a data
da fundação cujo centenário se celebra este ano, lembro também as
dificuldades do Pau de Fio, depois lembro-me das Salésias onde fui e
de onde fomos despejados pela Câmara, tenho que me lembrar de um
Belenenses ganhador, que chegou viu e venceu quatro campeonatos de
Portugal!* Lembro mais tarde o Restelo em cuja construção nos
arruinámos deixando de discutir o título, e hoje temos nova
encruzilhada, com a história a querer repetir-se, com o destino a
desafiar-nos de novo.
Impedida de
jogar no Restelo, e enquanto este impedimento não se resolve, a
equipa do Belenenses tem vindo a utilizar o estádio nacional nas
condições precárias que todos conhecemos. Precisa urgentemente de
uma casa a que possa chamar sua, para ali instalar uma academia que
nunca teve, campos de treino e um campo principal onde possam jogar
os sub-23 e as restantes equipas da formação. É aqui que entra o
autarca de Oeiras e a sua boa vontade para acolher o Belenenses. A
equipa profissional por enquanto deverá continuar no Jamor se isso
lhe for permitido pela FPF. Mas terá de haver uma alternativa e
estou novamente a pensar em Isaltino.
Poderão
interrogar-me porque não escolho o concelho de Almada para aí
situar o projecto azul?! Até porque sempre sonhei com essa hipótese!
Há três razões que me fizeram mudar. Razões de mobilidade,
razões sociológicas e razões políticas. As razões de mobilidade
e as razões políticas andam neste caso de braço dado – ao fim de
mais de meio século a ponte Salazar mantém-se como a única via
terrestre de acesso entre Lisboa e Almada. Isto diz muito sobre a
política autárquica de ambas as margens. Quanto ás razões
sociológicas a migração interna proveniente do sul esmagou e fez
desaparecer a população ribeirinha e piscatória que outrora
apoiava maioritariamente o Belenenses. Hoje o concelho de Almada,
assim como todos os concelhos do distrito de Setúbal são
verdadeiros santuários do Benfica e do Sporting secando tudo à sua
volta e não há melhor exemplo que o Vitória de Setúbal que por
mais que a cidade cresça tem cada vez menos adeptos!
É claro que
este é um fenómeno generalizado, acontece por todo o país, mas tem
maior incidência onde o socialismo impera. O que não é o caso de
Oeiras. Para além de não ter problemas de mobilidade, a migração
interna que o fez crescer tem outra matriz. É mais livre e menos
ideológica. Finalmente, a fazer toda a diferença temos um autarca
desenvolto, com obra feita e que parece gostar de desafios.
Saudações
azuis
*Quem achar
que nacional não é sinónimo de Portugal... está à vontade.
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