Revi
o jogo com o Boavista porque em directo, a quente, com o coração
nas mãos, a análise é sempre exagerada. E não tem interesse para
o futuro. Claro que o futuro é incerto e essa é uma das razões, a
maior talvez, para ter o coração nas mãos. O campeonato está
muito equilibrado, esta época descem três equipas, e não temos a
muleta do factor casa. É verdade que construímos uma defesa forte
(é melhor chamar-lhe sistema defensivo) mas não marcamos golos.
Temos posse de bola mas isso tem ajudado mais a defender do que a
atacar. No Jamor marcámos ao Porto e ao Benfica mas contra as
equipas em que temos de assumir a iniciativa do jogo, onde há menos
espaços para o contra ataque, ficámos a zero. O jogo com o Boavista
não foi excepção. Olhamos para o banco e não vemos
alternativas... com golo. Pelo menos para já. Esta é uma análise
realista que no entanto não desmente uma verdade. - jogámos o
suficiente para ganhar. Em especial na primeira parte o domínio foi
constante e dispusemos de três ou quatro oportunidades para irmos
para o intervalo a vencer. O nosso adversário teve apenas uma.
Remate de Rochinha ás malhas laterais.
É
certo que no segundo tempo e com a entrada de Mateus o Boavista teve
alguns períodos em que ameaçou a nossa baliza. Contabilizei dois
remates de Mateus e uma assistência sendo que um dos remates
resultou de um passe 'proibido' de Reinildo. Rochinha, após
brilhante lance individual, também teve uma boa oportunidade. No
entanto Muriel esteve sempre lá. Por isso repito, no cômputo geral
merecemos a vitória. Aliás acabámos o jogo a pressionar na busca
do golo. Que poderia ter chegado mesmo ao cair do pano por
intermédio de Dramé.
Análise
individual:
Muriel
– grande exibição, resolvendo com classe todos os problemas
criados pelo ataque axadrezado. A beneficiar também da melhoria
defensiva em geral, sem os atrasos de bola que eram atrasos de vida.
Diogo
Viana – um dos melhores, está em boa forma física e mental e por
isso já levanta os olhos do chão. A entrada de Mateus limitou-lhe a
iniciativa mas com os ajustes entretanto introduzidos (entrada de
Gonçalo Silva para o eixo defensivo) voltou a adiantar-se com a
propósito no terreno. E o Belenenses voltou a carregar.
Nuno Coelho - jogou a central no lugar de Gonçalo Silva e Silas saberá
porquê. A verdade é que jogou sempre bem o que significa que temos
ali um bom central. Com a entrada de Gonçalo Silva avançou para
trinco e também cumpriu.
Sasso
– um jogo sem mácula!
Reinildo-
perde o lugar de melhor jogador azul para Lucca por causa daquele
atraso para uma zona proibida e menos por ter sido ludibriado por
Rochinha numa grande jogada individual protagonizada pelo pequeno
grande jogador do Boavista. A verdade é que a partir daí meteu
Rochinha no bolso e ainda teve tempo para arrancar várias vezes em
direcção à área adversária. E o melhor que fica deste jogo em
termos ofensivos foram as suas arrancadas. É a minha opinião. E
concordo com quem disse – vamos ouvir falar de Reinildo neste
campeonato.
Lucca
– o melhor do Belenenses durante todo o jogo. Está em toda a parte
e começa a aparecer com a propósito junto à área adversária.
Numa dessas ocasiões ameaçou o golo com um grande remate.
Eduardo
– ainda sofre do jet leg brasileiro. Ligeiramente adormecido o seu
rendimento foi baixando com o decorrer do jogo. Acabou naturalmente
substituído.
André
Santos – o motor azul estava sinalizado e foi bem policiado pelos
boavisteiros. Mas sempre que se libertou do colete de forças o
Belenenses conseguiu atacar com critério.
Fredy
– tacticamente bem mas com a pecha do costume – o último passe.
E falhou oportunidade soberana no final da primeira parte.
Keita
– muito marcado como seria de prever teve logo de início um
cabeceamento perigoso. Dentro das limitações cumpriu.
Licá
– o esforço continua, trabalha muito para a equipa mas os golos
não aparecem. Podia ter sido feliz na primeira parte, rematou bem,
mas a bola sofreu um ligeiro desvio na defensiva adversária. É
também dele o cabeceamento que isola Dramé.
Os
que entraram – Gonçalo Silva bem como sempre; Ljulic poderia ter
feito melhor num excelente cruzamento de Diogo Viana; Dramé
voluntarioso mas... falhou um golo quase certo.
Saudações
azuis
Nota
breve: - Cumpriu-se mais um grande desígnio nacional – Bruno de
Carvalho, ex-presidente do Sporting, e grande responsável pelas
denúncias e suspeições que recaem sobre o Benfica, foi finalmente
detido. A comunicação social entrou em delírio e o país pode
enfim descansar porque o terrorismo acabou. Cumpre-se também outra
norma nacional – os presidentes dos clubes que habitam na segunda circular só
podem ser incomodados, presos ou detidos depois de abandonarem as respectivas funções. Em exercício de funções não há memória. Deve ser
proibido.
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