A realidade ficou á vista de
todos na Madeira. Também está visível na contabilidade do goal-average, 22
golos marcados e 39 sofridos! Estes números (o segundo pior ataque da Liga!) e
uma defesa que tem vindo a sofrer muitos golos, são números que apontam para a descida
de divisão. Portanto os trinta e dois pontos alcançados, e que ainda não
garantem a permanência, são mesmo assim um milagre! Mas não há milagres no
futebol, aqui e ali a sorte e o azar podem bater à porta, mas não é sempre. E o
Belenenses tinha realmente alguns jogadores na sua espinha dorsal que faziam a
diferença. Refiro-me antes de mais ao guarda – redes Joel Pereira, cuja entrada
na equipa correspondeu ao nosso melhor período, assim como o Palhinha, um
trinco que disfarçava no jogo aéreo algumas deficiências dos centrais. Escrevi
em tempos que o Palhinha não me entusiasmava, nomeadamente na transição
ofensiva, mas tenho que reconhecer que teve um papel importante nos poucos golos
que sofremos até Janeiro. Na Madeira assistimos a cruzamentos em que os
centrais estão de frente para a bola e mesmo assim são batidos! O trinco também
não ajuda e estou a falar do sueco Persson, demasiado lento a fazer-se aos
lances. Quanto ao Cristiano, ao contrário do Joel, não sabe sair da baliza.
Depois temos um meio campo
fraquinho e um ataque inexistente. Como referi noutro postal nestas condições
insistir em jogar de igual para igual com adversários melhor apetrechados é
certo e sabido que vamos sofrer muitos golos. Foi o que aconteceu neste jogo só
aparentemente dividido.
Passemos aos objectivos
entretanto enunciados pelo presidente da SAD e que li no jornal Record. Objectivos
menores e além do mais discutíveis. Menores porque Rui Pedro Soares pode dizer
mil vezes que sem ele o Belenenses estava nos distritais, o que até pode ser
verdade, mas também não é mentira, e isso digo-lho eu, que mesmo nos distritais
o Belenenses tem um ADN, ou seja, uma marca, que só é comparável com os outros
três rivais. Portanto ou se rentabiliza uma marca destas como deve ser ou
andamos a perder tempo e a destruir aquilo que resta.
Objectivos discutíveis no sentido
em que quarenta pontos ainda podem fazer uma série de equipas que passaram este
campeonato perto da linha de água. O Belenenses se ganhar em casa ao Paços de
Ferreira e ao Moreirense quase que lá chega. Para dizer que este objectivo pode
servir para o Chaves mas não serve para o Belenenses. Como também não serve o
discurso da Taça de Portugal, um toque de demagogia na medida em que se trata
de uma prova aleatória onde não se podem nem se devem criar muitas
expectativas.
Da entrevista concorda-se com a
análise que faz às infra estruturas que faltam ao futebol azul, e à necessidade
de uma equipa B*. Referir também que concordamos que é preciso fazer alguma
coisa pelo futebol português, cada vez mais corrupto, cada vez mais violento
dentro e fora das quatro linhas, um futebol polvo que tem o seu epicentro nos
poderes públicos, nas ligações perigosas entre a banca nacionalizada, as
empresas públicas e alguns clubes de futebol. E na impunidade que se assiste. Impunidade
para a qual contribuem os media que mais parecem papagaios ao serviço dos infractores.
Pena é que o Belenenses atendendo á situação de guerra civil em que vive não
possa dar o seu contributo positivo e regenerador.
Saudações azuis
* Sugeri em tempos a reabilitação
de um campeonato de reservas organizado pela Associação de Futebol de Lisboa que
teria por certo mais interesse e mais público que as equipas B que para além de
interferirem com a verdade desportiva na Liga secundária, são um projecto
dispendioso e estafante.
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