domingo, setembro 21, 2008

Dose de leão

Nestes jogos em Alvalade o melhor é acordarmos préviamente o resultado e fica tudo mais fácil. Vamos ao notário, admitimos a derrota antecipada e escusamos de dar cabo dos nervos, dos meus, e dos adeptos que ainda sofrem e esperam alguma coisa do Belenenses. Mesmo no sofá, sozinho, a fingir que não vale a pena irritar-me, aquilo é dose para leão! E eu não sou leão e acabo por explodir. Lembro-me de três explosões incontroláveis, mas houve mais - a primeira numa falta desnecessária (e infantil) do Mano que, felizmente, o Rochemback atirou ao lado. E eu até gosto do Mano e acho que ele deve jogar sempre, para se moralizar, e viu-se que ganhou confiança e cresceu durante o jogo!
A segunda explosão aconteceu quando o Zé Pedro falhou, de novo, o passe de transição ofensiva, um passe que não se pode falhar, porque volta tudo ao mesmo, com o Sporting a ensaiar outro… e outro ataque. E eu até gosto do Zé Pedro, porque ele trabalha muito dentro de campo e torna-se perigoso quando se aproxima (com a bola controlada) da área adversária.
A última explosão resultou de um acumular de situações de stress com as escorregadelas e demoras do Gavilan em soltar a bola. Para dizer a verdade o acumulado não tinha só a ver com o Gavilan mas com a sistemática confusão entre os médios e os centrais na hora de saltar à bola!!! A bola vinha bombeada pelo guarda-redes ou pela defesa do Sporting e era certo e sabido que o médio recuava para se fazer ao lance e chocava invariavelmente com o central que se adiantava com o mesmo intuito. Podiam até ter-se aleijado. Na segunda parte o entendimento melhorou e é por isso que eu digo que também gosto do Gavilan, e pasme-se, gosto dos centrais, embora ache que afinal temos excesso de centrais e poucos laterais. Lá diz o ditado, não há fome que não dê em fartura!
O Maykon a lateral viu-se e desejou-se, é um erro de casting e custou-nos um penalty desnecessário porque o rapaz não sabe desarmar em zonas de risco, nem me parece que tenha rins para aquele lugar. Em contrapartida movimenta-se bem na ala esquerda do ataque e criou um lance que merecia melhor sorte.
Atenção que isto não é uma crónica do jogo, é um desabafo, que bem preciso.
O Porta apesar de algumas distracções nos foras de jogo, fartou-se de correr, é um centro avante ligeiro e merece mais oportunidades. Ele e o Wender estavam muito sozinhos lá na frente. Sozinhos e distantes do resto da equipa, nitidamente receosa de subir no terreno, com medo de ser surpreendida.
De vez em quando prestava atenção aos comentários do Carlos Manuel, homem sábio e prudente, que lá foi dizendo que o Belenenses ainda está muito atrasado na construção de uma equipa. Os jogadores recebem a bola parados, não se desmarcam, têm receio de errar, e assim criam-se poucos desequilíbrios e por consequência poucas oportunidades de golo. Tenho que admitir que o Carlos Manuel tem alguma razão e o tempo urge.
Enfim, depois de escrever estas linhas estou mais calmo, mais conformado, mas Casemiro Mior tem que dar ao pedal porque aquele entrosamento está muito fraquinho. Os níveis de confiança também.
A terminar diga-se que a seguir ao segundo golo do Sporting podíamos ter reduzido embora também haja mérito de Rui Patrício. E não nos podemos esquecer que o primeiro golo do Sporting é irregular sem margem para dúvidas. Embora a defesa (e a meia defesa azul) tenha ficado parada à espera uns dos outros.
Enfim, haja esperança e apoiemos os nossos jogadores porque todos eles se esforçaram e envergam a camisola da Cruz de Cristo.
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Saudações azuis.

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