domingo, dezembro 18, 2005

Crónica de Domingo

(Belenenses 2-Paços de Ferreira 0) – Ganhámos, não sofremos golos, esta a questão fundamental. No resto – entrámos mal, não conseguimos manter a posse de bola, o que é sempre mau, (já que diminuem as nossas possibilidades de fazer golo e em contrapartida aumentam as do adversário), reequilibrámos as coisas com um bom golo de cabeça do Rolando, e assim fomos para intervalo. Fez-nos bem o descanso e a situação de vantagem no marcador – abrimos o corredor direito (há muitos jogos que não funcionava) tornámo-nos perigosos e, como consequência veio o segundo golo, em resultado de uma bonita jogada, iniciada e concluída pelo inevitável Meyong! Houve assobios nas substituições e Couceiro, na conferência de Imprensa, mostrou-se mais uma vez agastado com a falta de apoio dos sócios.
Não vamos comentar esta situação, acrescentando apenas que o treinador está a acertar com a equipa.
Em Coimbra, no entanto, e face a um conjunto bem orientado, vamos ter que entrar no jogo de outra maneira, sem complexos, e com mais futebol.

Os outros jogos – faltando jogar ainda uma partida (Boavista-Guimarães), não se pode dizer que os resultados nos outros campos, nos tenham sido desfavoráveis. Infelizmente, já andamos a fazer contas destas nesta altura do campeonato. É a nossa triste realidade, não há nada a fazer, excepto ter esperança em melhores dias.
Destaco desta jornada incompleta, o seguinte: a boa prestação da Académica, a jogar de igual para igual, em Braga; o bom remate de Fajardo, (um Belém, filho de Belém), contra o Sporting; a evolução positiva de Quaresma, mais adulto, a jogar para a equipa; a inconcebível actuação da equipa de arbitragem no jogo Benfica-Nacional, a prejudicar sistematicamente os insulares, um conjunto personalizado que não merecia sair derrotado da Luz! Acrescente-se a isto e a propósito, a miserável crónica do jornal ‘A Bola’, aliás, na linha do que já nos habituou. Para não falar da Sport TV, e a parcialidade do costume.
Não vale a pena andarem os nossos ‘governantes’ em Conferências de Desporto e candidaturas ruinosas a eventos que mais ninguém tem tempo nem dinheiro para realizar, enquanto os resultados do futebol continuarem a ser cozinhados desta maneira! Ando a repetir-me – em Portugal a fraude e a esperteza saloia compensam. E isto é tanto assim quanto sabemos que aquela ‘bendita’ Assembleia da República é incapaz de fiscalizar seja o que for, quando se trata dos ‘três meninos’ (‘três porquinhos’, que é mais carinhoso) porque na realidade aqueles deputados são todos adeptos dos três...grandes (evitei aqui outro vocábulo, por ser época natalícia). Esta é que é a verdade, o resto são cantigas.
Vou terminar com um comentário positivo, para não dizerem que eu critico tudo e todos – o nosso consócio Homero Serpa escreve hoje uma crónica no ‘tal jornal’, sobre o Belenenses, com o título: ‘O caso Belenense’. Saúde-se o aparecimento do cronista a referir-se explicitamente ao nosso (e dele) Clube, deixando para trás, espero, aqueles escritos cifrados e inócuos, que poucos percebiam, e ainda menos, que se estava a referir ao Clube de Futebol ‘Os Belenenses’. Ficou uma leve tentação de um palpite sobre o conteúdo do mesmo...talvez para a próxima.
Saudações azuis.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

‘Erros meus, má fortuna, amor ardente...’

O Silas é o novo Petrolina, com uma diferença, ainda é mais caro. Ao que parece o ordenado do Silas, pago a tempo e horas, todos os meses, chegava para pagar à ‘melhor defesa da Europa’.
Segundo a rádio “Azul”, que ouvi à saída de Setúbal, os jogadores que constituem a tal defesa, recebem, ou melhor receberiam se lhes pagassem, um total de 35 mil euros... se calhar ainda sobrava!
Em épocas consecutivas investimos em “estrelas” cuja relação rendimento/custo é tão baixa, que ainda lhes temos que pagar para se irem embora!
Estão a pagar, ao que parece, a dois treinadores, cuja ambição nunca se notou, nem nota, pelo menos não se transmite aos jogadores – nem sequer aproveitam a garra natural e o querer que alguns têm. São poucos é verdade, devem ter vindo por engano, mas existem e estão lá, se calhar, para perderem essas qualidades que já demonstraram noutros clubes.
Posto isto, vamos falar de ecletismo?
Para quê?
Se não se consegue rentabilizar um orçamento que é dos melhores do campeonato (estou a falar dos clubes normais, os outros três têm 5 a 10 vezes mais) para quê equacionar a extinção das modalidades? Nem vale a pena falar nisso, e eu até sou contra o ecletismo.
Sou contra o ecletismo na forma como ele me é apresentado, isto é importante esclarecer. Na realidade estou-me borrifando se o Belenenses tem 5 ou 50 modalidades “extra”.
O que sou contra, é que me digam que o Clube é grande porque tem vinte e tal modalidades.
Sou também contra, ter essas modalidades, muitas de pavilhão, e não ter um recinto com condições e não merecendo isso, qualquer preocupação (pelo menos aparente).
E sou contra uma série de ideias que estão ligadas ao ecletismo, que estão erradas, pois acho que o ecletismo só tem servido para esconder ou disfarçar uma grande falta de competência e ambição. Não são certamente os euros que são gastos nas modalidades “extras” que vão alterar grande coisa, por muitos que eles sejam. Basta fazer umas contas de cabeça: o nosso orçamento está ao nível dos candidatos à UEFA, o orçamento dos candidatos ao título é como já disse muito superior, no entanto, existem clubes que vão disputando o campeonato com qualidade e dão alguma luta (e não estou a falar só do Setúbal, que nem sequer tem orçamento), enquanto nós iremos certamente lutar para não descer, e esse objectivo começa a ser tão difícil como alguém do grupo dos uefeiros ser campeão!
Este desabafo estava reprimido há algum tempo, entendam-me.
Saudações azuis.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Estaca zero

Só me decidi a cumprir esta tarefa, escrever sobre o jogo, depois de ver na televisão o golo do Vitória de Setúbal, e mais uma vez comprovar duas coisas: em cada três cantos seguidos é muito provável que o Belenenses sofra um golo; e que Marco Aurélio não sai do lance isento de culpas.
E vão 7 pontos à conta do ‘imperador’! É caso para dizer, imagine-se se o homem era um simples súbdito...
Na cabeceira do Bonfim, onde estava, não dá para ver nada do que se passa na outra área, (é mais um daqueles estádios construídos na perspectiva das medalhas de ouro olímpicas!), mas confirmei, que ao fim do terceiro canto consecutivo, ainda houve tempo para Auri surgir solto na grande área belenense, e cabecear para o golo!
No resto, voltámos ao mesmo: contenção, espartilho, enorme falta de confiança para arrancar em direcção à baliza ou à linha de fundo (Amaral precisa de um psicólogo, com urgência – ou então sou eu que vou precisar!), Januário com a tarefa prioritária (!) de marcar o defesa esquerdo do Vitória (pensava que devia ser ao contrário!?) e nestas condições o lado direito do ataque (!) azul não funcionou.
Toda a gente a falhar passes, Vitória incluído, uma primeira parte em ritmo de treino! Para quem viu a velocidade, a energia e a confiança, da equipa ‘holandesa’ do Benfica, estávamos ali na presença de ‘múmias’.
Ao intervalo pedia-se um pontinho, por favor, porque isto é tudo gente muito pobrezinha!
Segunda parte, entrámos pior, é costume, e lá sofremos o tal golo.
A partir daí, também o costume – em vez de devagarinho, metemos a mudança para ‘devagar’ e fingimos que íamos atacar. Já se sabe que é impossível, sem qualidade de passe, sem cruzamentos venenosos, sem ganhar segundas bolas. Ao invés, cérebros parados, infantilidades várias, e diga-se, alguns jogadores que, pese a melhor das boas vontades, não têm nível para a 1ª Liga.
Estamos outra vez na estaca zero e vai ser muito difícil dar a volta ao assunto, até porque a equipa está sem confiança nenhuma.
Não vale a pena acrescentar mais nada. A não ser o frio, muito frio.
Saudações azuis.

domingo, dezembro 11, 2005

Expectativas

Não é uma antevisão do próximo jogo com o Vitória de Setúbal, mas uma simples análise sobre o que se está a passar à nossa volta.
Menos meia centena de golos do que no mesmo período da época passada, falam por si, e explicam a luta cerrada para não descer, num ano em que descem quatro equipas. Em paralelo, os clubes tomam posição para partirem para os saldos de Dezembro, na ânsia de se reforçarem para a ‘guerra’, que se adivinha de vida ou de morte, na segunda volta.
Fomos contra a redução desde sempre, e explicámos porquê. Não vai resolver nenhum dos problemas do futebol português que está, como se sabe, formatado para servir os interesses dos três grandes, com prejuízo dos restantes e do próprio futebol, seja sob o aspecto desportivo, seja sob o aspecto da rentabilidade da Liga. É um problema que só se resolverá com medidas de fundo que não interessa aqui e agora, focar. O que é preciso é que os ‘nossos meninos’ consigam ir lá fora ganhar o dinheirinho, porque cá dentro, a gente ‘fia’!
Olhemos antes para a realidade que está à nossa frente, que é neste momento o que importa.
E desde logo uma primeira nota – apesar de nada ter feito para isso, antes pelo contrário, seja pelo lado Madaíl, seja pelo lado Valentim, a verdade é que o nosso futebol está muito mais equilibrado e, ao contrário do que vinham afirmando os ‘idiotas de serviço’, subiu de nível.
O segredo reside no mal dos outros, neste caso o Brasil. A enorme crise brasileira é responsável pela vinda de catadupas de jogadores desse País, ‘abençoado por Deus’, e que é, indiscutivelmente, a maior e melhor fábrica de jogadores de futebol do mundo!
Quem viu o derby madeirense, ou assistiu ao Leiria-Porto, para não falar outra vez no Benfica-Manchester, terá facilmente concluído que o futebol português pode, hoje, bater-se com qualquer um, graças a este contingente, que alimenta aliás outros países e outros campeonatos, desde a Europa ao Japão!
Digamos, para quem se lembra, que é uma versão do que se passava nos anos cinquenta e sessenta com os africanos provenientes do então Ultramar. Claro que o Brasil tem, neste aspecto, um potencial incomparável!
É nestas condições, portanto, que teremos de equacionar o futuro próximo do futebol português, (até por aqui se vê o erro da redução), e já agora, o futuro próximo do nosso Clube.
‘Daqui prá frente, tudo vai ser diferente...’
Saudações azuis.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Tragédia na 2ª Circular

O telefone tocou, do outro lado do fio, uma voz grave com a pergunta-resposta – Já sabes? – Ganharam, estamos lichados.
Já sei, vi aos bocados e ouvi os gritos, os guinchos, quero eu dizer. Amanhã não compres jornais, ficas com as mãos cheias de tinta encarnada. Temos de convir que eles jogaram bem, mereceram qualificar-se, mas que diabo... aquilo é que é o Manchester?! Já não se pode confiar em ninguém?!
- Sabes, ouvi dizer que o Toni tinha oferecido ao Sir Alex, antes do jogo, uma garrafa de ‘vintage’... Viste bem a cara do homem, o ar ausente? O Queiroz já se sabe, não anda nem desanda – é daqueles treinadores que não há adversário que não simpatize com ele! E depois, com o Ronaldo a jogar de brinco e sapato alto, armado em vedeta... estava tudo feito para os lampiões!
Olha, agora vamos ter que os gramar na mó de cima uma data de anos. Nem sei se aguento.
E aquelas dívidas, do Mantorras, ao Vale e Azevedo, as compras de passes penhorados, etc., isso agora vai tudo à vida. A esponja já está a trabalhar de certeza.
Viste os figurões da política no camarote, todos contentes?
O Belém vai ter que sobreviver neste filme - tenho a impressão que caímos outra vez no pátio das cantigas!
Vou desligar...isto foi uma tragédia.
Nunca te esqueças da velha máxima – ‘quando o Benfica avança, o País recua’.
Saudações azuis... e coragem.

terça-feira, dezembro 06, 2005

A mística

Nunca os vi assim! A seguir ao golo, com entusiasmo e raiva, a gritar, Belém, Belém, em apoio daqueles jogadores, que corriam e lutavam pela vitória, há tanto tempo esperada, e que estava ali, por milagre, a poucos minutos de se concretizar. Foi bonito! Como imagino, terá sido bonito o gesto de reconciliação com a massa associativa, que aquela faixa traduzia – ‘Belenenses até morrer’!
Éramos poucos, mas todos sentimos, na expressão do olhar, nos abraços espontâneos trocados no fim do jogo, que ainda era cedo para encerrar a história deste Clube sofrido, maltratado, quantas vezes pelos próprios, mas que ainda tem tempo para se salvar, para regressar à sua anterior grandeza.
Não é uma questão de quantidade, nunca é. É sempre uma questão de qualidade. Não serão precisas bandeiras, cachecóis, fumos e outros artefactos. Muito menos gritarias imitativas e inócuas de ‘speakers’ de serviço. Quem é belenense por dentro, dispensa esse folclore. Isso é para os outros, os tais grandes, que se estivessem tanto tempo como nós, sem ganhar nada, já tinham acabado. Esses é que têm adeptos que já foram de outros clubes, muitos cujos pais eram do Belenenses, esses é que precisam de afirmar por fora, as dúvidas que têm por dentro! Nós não. Nós somos um clube diferente.
Nós temos esta Cruz que a intolerância não admite.
Em altos gritos, os poucos sócios presentes, gritavam Belém, Belém, mas não, porque fossem de Belém, mas porque é esse o nosso grito de guerra, que é Azul com a Cruz de Cristo. Que não é encarnado nem verde, nem águia francesa, nem leão inglês. É isso que lhes dói. Que o nosso símbolo seja português e bem português.
Quando interiorizarmos isso de novo, voltaremos a discutir o 1º lugar...contra ventos e marés.
Saudações azuis.

domingo, dezembro 04, 2005

Nos últimos minutos

Um inexplicável atraso, e aí vou eu, a trote, ultrapasso o pavilhão, sigo por debaixo da ‘urna’, olho de soslaio para o topo sul, e está zero a zero! Ainda não é tarde.
Galgo os últimos degraus e num ápice estou junto dos meus companheiros. Nem tive tempo de respirar e saiu o primeiro remoque: O Couceiro está farto de procurar por ti! Não quis ouvir mais nada, vou por ali abaixo, aproveito uma substituição do Nacional, misturo-me na área, e no meio da confusão atiro a bola para a baliza. O golo foi atribuído ao Meyong, mas eu ainda lhe toquei!
A seguir fomos jantar e então foi altura de me inteirar dos acontecimentos. Esta crónica é portanto deles. Eu só entrei no último quarto de hora.
Digam-me uma coisa, porque é que os sócios estavam frenéticos?
A seguir ao golo nunca vi tanto apoio, ‘Belém, Belém’, o que é que aconteceu?
Eles entraram com uma faixa, a dizer que eram belenenses. Depois já sabes como é – o Paulo Costa com uma tremenda dualidade de critérios... Mas merecemos a vitória. O Couceiro está a dar a volta a isto. Recuperou o Rolando, aliás os centrais jogaram impecavelmente. Na primeira parte tivemos momentos bons. Claro que houve alturas em que nos desorientámos, mas o Nacional só teve duas oportunidades. Fundamental parar de sofrer golos e isso, o Couceiro está a conseguir. Os dois últimos golos que sofremos, contra o Boavista e Marítimo, foram ‘ofertas’ do Marco Aurélio!
E mais? – insisti eu.
A equipa está muito mais coesa, o Amorim também esteve bem – levou palmas quando foi substituído. E deixa-me dizer-te, o Silas fez a melhor exibição desde que cá está! Correu que se fartou. A juntar à classe do Meyong, está tudo dito. As substituições foram muito bem feitas... e tinhas razão, o Januário está ‘verde’.
Ouve, o Pinheiro está mais rápido e entrou outra vez bem no jogo, à semelhança do que já tinha acontecido na Luz! Idem para o Romeu. O Rui Ferreira vai a todas, como nós gostamos de ver e tens ai o retrato do jogo, que não viste.
Para a próxima chega mais cedo, para marcarmos mais cedo!
Para a próxima vou a Setúbal, para ganhar.
Saudações azuis.