terça-feira, maio 12, 2020

Torneio sanitário


Muito bem, partindo do princípio que é necessário que os clubes joguem para poderem receber o dinheiro das transmissões televisivas, evitando a falência geral, a verdade é que as dez jornadas que faltam não vão ter nada a ver com as vinte e quatro anteriores. Não vamos ser hipócritas. E dizer-se que é igual para todos é outra hipocrisia. Aliás falar em igualdade no futebol português é já de si uma temeridade. Por isso e antes que surjam os inevitáveis problemas seria bom separar as águas: - uma coisa é o dinheiro, outra a verdade desportiva. E a tentativa de misturar tudo não vai dar certo.

Por isso comecemos por discutir o dinheiro, uma coisa divisível, e tentar chegar a um acordo equitativo. Porto e Benfica dividem o bolo da Champions. E os candidatos à Liga Europa (os que ainda têm possibilidade de lá chegar) dividem também o respectivo bolo. Entretanto retira-se uma fatia de cada bolo para compensar os que descem.
Aceite o esquema do dinheiro, passemos à parte desportiva.

E aqui das duas uma: - ou mantém-se a classificação actual e o torneio sanitário serve apenas para as transmissões televisivas e para entreter o pagode. Ou então é esse torneio que vai definir a classificação desportiva. Seja qual for a opção terá também que ser aceite por todos.

É a minha sugestão e não quero direitos de autor.


Saudações azuis


(Comentários e provocações)

Entretanto já foi marcada uma data (4 de Junho) para o recomeço do campeonato o que significa que está tudo a andar sobre rodas, numa unanimidade curiosa, sem perguntas nem dúvidas indiscretas! Ao compulsar os media de hoje só o Portimonense se queixava de terem discriminado o Algarve. 
Pelo contrário, eu tenho dúvidas e perguntas para fazer, um hábito que me ficou do tempo em que ensinavam as pessoas a pensar pela sua cabeça.

Primeira questão: - Afinal quantos estádios é que vão ser utilizados neste torneio sanitário?! 
Sabe-se que terão de ser estádios à prova de vírus, falou-se em seis estádios do euro, mas entretanto a FPF já disponibilizou as suas instalações na 'cidade do futebol' em Oeiras! E o Santa Clara aceitou jogar ali na condição de visitado. Por sua vez o Famalicão quer jogar em Barcelos. Quanto ao estádio nacional parece que nem para a final da taça já serve! Cumpre-se mais uma etapa na sua decadência e não me admira que qualquer dia surja um grande projecto imobiliário para acabar de vez com o Jamor.

Segunda questão: - Cai também por terra a teoria dos estádios neutralizados, num esquema semelhante ás fases finais das grandes provas internacionais. Isto significa que algumas equipas (as proprietárias dos estádios seleccionados) jogarão em casa enquanto as outras  jogarão em casa emprestada. Bem sei que os jogos são à porta fechada mas mesmo assim é diferente. Resumindo, Benfica, Porto, Sporting, Braga e Guimarães, jogam nos seus estádios na condição de visitados. O Gil Vicente se calhar também... Quanto aos outros, têm menos sorte.

Terceira questão: - Os clubes proprietários dos estádios 'seleccionados' recebem alguma contrapartida financeira por isso?! E partindo do princípio que algumas equipas escolherão o estádio da Luz para realizarem os seus jogos na condição de visitados quem produzirá as respectivas transmissões televisivas - A Sport TV ou a BTV?!

Quarta questão: - Já sabemos que os casos positivos que ocorram  no decurso da prova serão equiparados a lesões musculares com quarentena obrigatória! Existe assim a hipótese, ao menos teórica, de haver derrotas por falta de comparência. A organização deste torneio sanitário já ponderou, em nome da verdade desportiva, estabelecer um limite máximo de jogadores disponíveis, por cada equipa, para estas dez jornadas?!  


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