Jogar em casa, assumir o
favoritismo, responder às exigências de uma massa associativa cansada, aos
assobios do desespero, tudo isso é muito complicado. E mais complicado se torna
num clube dividido por ódios e facções, e com a equipa de futebol a servir de
bombo de festa. Mas as coisas são o que são e se não surgir nada de novo esta
segunda volta no Restelo vai ser dramática!
E vai ser um drama porque a
equipa não tendo uma defesa tão sólida como já teve (Joel Pereira transmitia muita
confiança) acaba por não se ter reforçado como devia no seu calcanhar de
Aquiles – a ineficácia ofensiva! E estou a fazer fé nas declarações de Quim
Machado. Disse ele que não pôde contar com Juanto e no que toca a Maurides
revelou que ainda não está apto!
Sendo assim, não se perspectiva
que Abel Camará desate a marcar golos nem será o jogo exterior com cruzamentos
e mais cruzamentos que resolverão o problema. E não resolvem o problema porque
temos o tal problema dos finalizadores, em especial de cabeça. Aliás esta é uma
fragilidade inicial pois em termos de jogo aéreo ofensivo apenas Caeiro
corresponde ao requisito. Camará dá um jeito e Andric que tem condições para progredir
nesse aspecto parece que não é aposta. E como não temos nenhum Sérgio Ramos nas
linhas atrasadas só podemos contar com a disponibilidade de Gonçalo Silva que
vai tentando e até já marcou um golo. Mas não é um cabeceador nato. Na linha
média Yebda tem real capacidade de elevação e sabe jogar de cabeça mas só agora
aparece em boa forma física. Em contrapartida, Sousa, o mais adiantado dos
médios, aquele que deveria aparecer nos cruzamentos corridos… não sabe jogar de
cabeça! Esta lacuna deve ter levado a SAD a contratar Maurides cuja compleição
física é conhecida. Assim consiga impor-se e marcar golos… quando estiver apto.
Não me referi a Juanto ou Miguel Rosa porque são avançados com outras
caraterísticas. Vejo-os como jogadores de área, muletas de um avançado centro
fixo. Sabem jogar de cabeça mas não são cabeceadores para cantos ou livres.
Mas não é apenas o jogo aéreo que
resolve a carência de golos. Por exemplo no jogo com o Tondela houve quatro
assistências, que eu me lembre, cruzamentos rasteiros vindos da linha de fundo,
e portanto letais para a defesa adversária, e que não foram aproveitados! Assim
é difícil.
E encerro hoje esta análise com o
triângulo das Bermudas! É aquele espaço, nas costas de Gonçalo Silva, e na zona
de acção defensiva de Hanin e do guarda-redes. Uma terra de ninguém para onde seguiam
invariávelmente os cruzamentos de Ruca, defesa esquerdo do Tondela! O assunto
deve ter sido estudado e bem estudado. Terão revisto, digo eu, o golo que
sofremos contra o Sporting, e daí que logo no primeiro minuto tenha havido uma
oportunidade (naquele local) para o Tondela. Na segunda parte a cena repete-se,
Cristiano fica a olhar, Hanin também e só não foi golo por acaso. É urgente
acabar com este triângulo de hesitações.
Saudações azuis
Nota: Já depois de escrito este
postal li que Juanto Ortunho esteve lesionado o que explica a sua ausência da
convocatória.
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