Este era um dos tais jogos em que
o Belenenses costumava empatar ou perder. Vindo de uma vitória fora, pressão adicional de ainda não ter ganho em casa, adversário desesperado para pontuar... Mas desta vez não aconteceu o que é bom
sinal. É sinal de que a mentalidade é outra. Refiro-me à mentalidade vencedora,
aquela que fomos perdendo ao longo dos anos e de muitas frustrações.
O futebol também está diferente e
quem não perceber isso, atrasa-se e perde o comboio. A diferença faz-se no
treino, na afinação do conjunto, na intensidade com que se joga. No profissionalismo. E também na
inteligência. Jogadores há muitos, bons de bola existem aos
montes, mas os que colocam essa sabedoria ao serviço da equipa não são assim
tantos. Mas vamos ao jogo.
Começámos com tracção atrás, defensivos,
ninguém segurava a bola, e vá de chutar para a frente à procura do desamparado
Camará. O Nacional aproveitou para contra atacar com critério e num desses
lances o lateral direito Victor Garcia, (um emprestado do Porto) arrancou, foi
até à linha de fundo e sem ser incomodado cruzou como mandam as regras. Havia
seis minutos de jogo e os madeirenses adiantavam-se no marcador!
Entretanto a bola pelo ar prosseguiu,
até que, sem nenhuma explicação aparente assentámos jogo, e nos últimos dez
minutos da primeira parte conseguimos praticar bom futebol e pressionar o
adversário! Só não chegámos ao empate porque Sturgeon numa boa jogada de
envolvimento em vez de cruzar para trás, para a marca de grande penalidade (onde
estava Camará), ‘resolveu’ cruzar para a frente da baliza e o lance perdeu-se.
Na segunda parte Velasquez arriscou
mais, tirou o amarelado Rosel fazendo entrar Gerso. A pressão aumentou, o
Nacional recorreu às faltas, um dos seus jogadores foi expulso por entrada
violenta sobre Camará e logo a seguir um penalty bem assinalado deu-nos a
oportunidade de empatar. Abel Camará não tremeu. Curiosamente a seguir houve
ali uns momentos em que o Belenense me fez lembrar o Belenenses inicial, pouco
esclarecido, mas não, voltámos a controlar a partida e com a ajuda de um auto
golo do Nacional ficámos em vantagem no marcador. Depois foi gerir o resultado,
uma vitória fundamental para moralizar a equipa e dar-lhe outra embalagem para
o campeonato.
Em termos de arbitragem houve
cinco lances passíveis de discussão. Manuel Machado queixou-se mas em meu
entender com pouca ou nenhuma razão.
O lance mais duvidoso resulta de
uma bola parada, um canto, em que Ventura se atrapalha e quase entra com a bola
para dentro da baliza. Se a bola chegou a ultrapassar totalmente a linha de
golo ninguém pode ter certezas e nestas condições a única certeza que vale é a
do fiscal de linha que não considerou golo.
Existe outro lance em que o
Nacional introduz a bola na baliza do Belenenses. Mas o avançado do Nacional
estava de facto adiantado em relação à defesa azul e assim o off-side foi bem
assinalado. O Belenenses também viu um golo anulado a Tiago Caeiro por
supostamente se ter apoiado num adversário. Foi um grande cabeceamento mas
aceita-se a versão do trio de arbitragem.
Finalmente quer o penalty quer a
expulsão foram decisões claras e sem mácula.
Portanto, podemos considerar que
a arbitragem não teve influência no resultado.
Análise individual:
Ventura atrapalhou-se duas vezes,
de resto teve pouco trabalho; Dinis Almeida ainda está a adaptar-se; Brandão esteve
seguro. Os laterais também cumpriram. No entanto João Diogo tem de moderar a
tendência para fazer faltas desnecessárias e que podem dar cartão.
Em relação a Florent reparei que
tem apetência para se integrar no ataque. Tem um bom pé esquerdo mas atenção às
dobras. Os médios defensivos Palhinha e Rosel começaram por se atrapalhar mutuamente até
que descobriram um melhor posicionamento. Mas gostei mais do Palhinha da segunda parte. Além de que conquistou o penalty que nos permitiu igualar a partida; André Sousa e mais tarde Vítor Gomes,
embora de características diferentes tiveram em comum o facto de não
assegurarem completamente a armação do jogo. André Sousa leva a bola muito
solta e perde-a com facilidade. Vítor Gomes entrou na segunda parte mas
esperava mais da sua experiência – falhou passes, estava nervoso. A seu favor,
marcou o canto que provocou o auto-golo do Nacional. Quanto ao ataque, Miguel
Rosa esteve esforçado e tentou fazer algumas diagonais para rematar. Falhou um
cabeceamento em boas condições. Saiu lesionado. Camará esteve bem, marcou o
penalty com grande frieza e desta vez os seus (habituais) detractores têm que
estar calados. Gerso jogou a segunda parte e deu intensidade à equipa. Está a
justificar a titularidade. Caeiro jogou poucos minutos mas ainda deu para um
grande cabeceamento como acima referi. Para o fim o melhor do Belenenses –
Sturgeon – embora não tenha tido o discernimento para cruzar uma bola que daria
o empate ainda antes do intervalo. Está mais jogador e cai menos.
Resultado final: Belenenses 2 –
Nacional 1
Saudações azuis
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