O Clube de Futebol “Os Belenenses”
celebra hoje o seu nonagésimo sétimo aniversário e coloca-se assim mais perto
do centenário, um marco na história de qualquer colectividade. Foi um longo
percurso e se quisesse em poucas linhas concretizar um pouco da sua história
diria que fomos sempre em crescendo até sermos forçados a abandonar as
Salésias, com um campeonato perdido a cinco minutos do fim! Estávamos em 1955,
se não me engano, ou seja dez anos depois de termos ganho o nosso primeiro
campeonato nacional. Depois, transformar uma pedreira num estádio bonito,
estádio que requalificou a zona ocidental da cidade de Lisboa, é obra e assunto
que não podemos ignorar neste breve balanço. Num tempo em que os bancos ainda se
regulavam pelas regras das instituições de crédito e não de favor como acontece
hoje com alguns ‘clientes’, era preciso pagar os juros e amortizar os
empréstimos, e foram essas obrigações que nos condenaram ao declínio. Primeiro
venderam-se os melhores jogadores aos nossos rivais – Yaúca ao Benfica; Peres
ao Sporting; e finalmente Murça e Freitas ao Porto. Depois dos anéis foram os
dedos. Era a mudança de estatuto, deixámos de ser um dos quatro grandes. É
certo que ainda houve alguns fogachos de grandeza, mas eram luzes intermitentes
que logo se apagavam. À memória acorre a equipa montada por Scopelli que
conseguiu um honroso segundo lugar no campeonato. E um pouco mais tarde o feito
de Marinho Peres ao conseguir trazer a Taça de Portugal para Belém! Seria o último
troféu digno do nosso passado.
Mas o aniversário é hoje e hoje
só podemos olhar para o futuro! Porque o presente, dilacerado por profundas
divisões internas, não serve de exemplo para ninguém. Coloca até em risco a
meta ambicionada de chegarmos ao centenário! Refiro-me ao centenário do Clube
de Futebol “Os Belenenses” tal como o conheci, e não ao centenário de um
qualquer clube recreativo que use o mesmo nome.
O desafio está pois lançado, exige reflexão, muita humildade. Em busca de uma cruz menos pesada para aqueles que escolheram
a Cruz de Cristo como emblema.
Saudações azuis
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