quarta-feira, março 22, 2017

O maior erro…

Como referi no meu último postal a campanha eleitoral já começou e vão nesse sentido as mais recentes declarações do actual presidente da Direcção. Enunciou ele uma verdade indiscutível mas que, bem vistas as coisas, pouco esclarece sobre a verdade! De facto o maior erro da história do Clube foi alienar a sua razão de ser, ou seja o futebol. E quando digo futebol refiro-me à sua representação máxima à qual tudo o resto deve estar subordinado. Porém aquela alienação não se confina ao momento em que uma determinada Direcção reconhece que já não tem capacidade para manter a equipa de futebol a jogar entre os seus pares. Essa alienação começou há muito e tem datas, corresponde a erros, esses sim, históricos, e que convém não repetir. Porque se é para repetir então a recuperação da SAD não serve de nada, a não ser para liquidar o clube de vez.

Vou puxar pela memória e lembrar a primeira data que me ocorre: - a saída forçada das Salésias a seguir à perda de um campeonato a cinco minutos do fim! Veio então a aventura do estádio do Restelo, uma pedreira onde consumimos suor e os parcos cobres que existiam. Endividados e sem os favores do regime (os presidentes da Câmara sempre foram verde rubros) tivemos que vender os nossos melhores jogadores, primeiro ao Benfica e depois ao Sporting. Começa aqui verdadeiramente a nossa decadência desportiva. Deixámos de olhar os nossos rivais olhos nos olhos. É também por isto que rejeito liminarmente qualquer discurso eleitoralista que me fale em obras e requalificações do Restelo. É um sinal tremendo de que não aprendemos nada com os erros!

Veio depois o 25 de Abril e as cenas tristes do costume. Mudam-se os nomes às coisas para ficar tudo na mesma e acabámos por descer de divisão. Outra data para não esquecer. Lembro a propósito que nesse ano fomos vice campeões nacionais de juniores mas os jogadores eram todos do Belenenses! Fica dado o recado.

Mas ainda não tínhamos descido tudo! Chegámos ao fundo do poço quando passámos a viver de rendas e não do negócio do futebol. E estou a falar fundamentalmente do Bingo embora o Bingo não tenha culpa das fraquezas humanas. Acácio Rosa, clarividente e grande belenense, não foi bem entendido na altura, mas hoje ninguém pode negar que foi certeiro a apontar o veneno. É também por isto que quando oiço falar em viabilizar o futebol com rendas e outros proventos que nada têm a ver com o negócio do futebol me ponho logo em guarda. E mais uma vez concluo – parece que não aprendemos nada! Nem mesmo quando verificamos que os clubes que ganhavam mais dinheiro com o Bingo (Belenenses, Salgueiros, Estrela da Amadora) já não têm futebol ou tiveram que o vender a terceiros.

É um pouco como a história das piscinas que íam trazer muitos sócios para o clube. De facto trouxeram enquanto as instalações se foram aguentando mas esses sócios, no que tocava a futebol, íam ao estádio da Luz ou a Alvalade porque aí moravam equipas que discutiam o título.

Voltarei a este assunto em breve. Serei menos crítico e apontarei caminhos, soluções. Caminhos de reconciliação. Onde todos terão que ceder alguma coisa.

Saudações azuis



Nota final. Li no CM de hoje o curriculum oficial de Manuel Sérgio e não vi qualquer referência à sua condição de belenense! ‘Mudam-se os tempos…’

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