Os cães deixaram de ladrar, alguns ainda rosnam, o resto recolheu ao canil. A caravana vai passar. E de repente um silêncio estranho emudeceu a comunicação social, sinal seguro de que alguma coisa mudou.
Reunidas de emergência as 'forças vivas' que controlam o futebol profissional decidiram que nunca mais se pode iniciar um jogo com menos de treze jogadores disponíveis em cada equipa. O sacrifício do Belenenses valeu a pena e pelos vistos foi essencial para se iniciar a necessária (e sempre adiada) normalização (ou será democratização!) do futebol português.
Consequência imediata do princípio aprovado é a repetição do 'jogo' entre o Belenenses e o Benfica, uma vergonha que não poderia ter acontecido e cuja responsabilidade foi agora assumida por inteiro por aqueles que tinham capacidade para mudar o regulamento e não o fizeram quando deviam. Situações excepcionais exigem medidas excepcionais. Estamos em pandemia há dois anos.
Mas isto não pode ficar por aqui. É preciso retirar ilações e aproveitar a oportunidade para avançar rápidamente com as reformas inadiáveis. Muitas delas já me cansei de as enumerar. Têm sempre a ver com a verdade desportiva e com a integridade das competições.
Por exemplo, a 'regra dos treze' agora aprovada terá de referir-se ao plantel principal para não continuarmos a beneficiar os grandes clubes que inscrevem normalmente o dobro ou o triplo dos jogadores. Deverá haver um tecto de inscritos permanentemente actualizado e é sobre esse tecto que se deverão fazer as contas. O jogo do Jamor também ficaria manchado se o Belenenses conseguisse apresentar treze jogadores dos sub 23. Trinta jogadores inscritos por cada equipa creio que seria um número justo.
A centralização dos direitos televisivos (sob a égide da Federação ou de uma Liga que tenha poder) é outro dos temas que tem que ser rápidamente resolvido. Com efeito as 'Operadoras' não podem continuar a chantagear os pequenos clubes, nem podem continuar a fazer negócios suspeitos com os grandes clubes.
Espero bem que na dita reunião este assunto tenha sido tratado.
Finalmente há que abordar sem medo a justiça do futebol. Não me vou alongar mas o futebol português não pode continuar à espera das decisões da justiça comum*. Se tem órgãos judiciais próprios são eles que devem resolver rápidamente os conflitos. Em Inglaterra, por exemplo, o que há para resolver, resolve-se rápidamente. Se calhar é porque os organismos que gerem o futebol em Inglaterra são mais independentes. E não olham à cor das camisolas. Digo eu.
Saudações azuis
Há muito que a Federação através dos seus órgão judiciais deveria ter resolvido o conflito que persiste no Belenenses. Neste sentido nunca deveria ter permitido que a equipa de futebol profissional fosse expulsa do Restelo. Em lugar disso tudo tem feito para desacreditar a lei em vigor no sentido de favorecer uma das partes.
Talvez esteja na hora de remediar a situação. Se quer continuar a defender a anormalidade dos clubes (Benfica, Sporting e Porto) serem maioritários nas SAD, acaba por ser conivente com a opacidade do sistema e com as suspeitas que daí decorrem.
Outra situação que tem que ser corrigida é o empréstimo de jogadores na mesma Liga. Nakagima é um jogador diferenciado e que acaba por determinar resultados. O Belenenses dificilmente perderia o jogo em Portimão se Nakagima não tivesse alinhado. E isto vai acontecer com muitas equipas e acaba por favorecer o Porto, clube contra o qual Nakagima não pode alinhar. Este facilitismo das nossas regras e sempre para favorecer uns em prejuízo de outros tem que acabar.
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