segunda-feira, março 03, 2014

Um jogo diferente

Contra este Benfica não se podem tirar muitas ilacções. Os jogadores motivam-se mais, correm mais, e os treinadores, de uma maneira ou de outra, fazem todos o mesmo: - a ordem é defender em todo o campo e espreitar o contra-ataque. É assim com o Belenenses e práticamente com todas as outras equipas nacionais, exceptuando o Porto. Foi isso que o Belenenses fez, honestamente, e conseguiu chegar ao intervalo a perder apenas por um golo! É verdade que abusou dos lançamentos longos, por alto, à procura de um ressalto que permitisse um remate á baliza. E também é verdade que, com os jogadores muito recuados, seria muito difícil aproveitar esses ressaltos. Que de facto aconteceram porque Tiago Caeiro ganhou alguns lances às torres encarnadas. Assim, na primeira parte, a única oportunidade para criar perigo resultou de uma bola parada. Um livre bem marcado, ao segundo poste, que Kay quase ía aproveitando.
Na segunda parte, como também é hábito, procurámos subir as linhas, fizemos substituições a propósito, Freddy e Tiago e a coisa ía resultando! Só não resultou ‘graças’ a um tremendo erro do fiscal de linha, que o árbitro sancionou! Não fosse assim, o jogo ficaria empatado, os encarnados ficariam nervosos, nós ficaríamos empolgados, e como já tínhamos entrado na recta final da partida ninguém pode adivinhar o que iria acontecer! Mas não foi isto que aconteceu. O critério nacional manteve-se, ou seja, na dúvida, a favor dos mais fortes. E nem havia dúvida!
Ainda assim, poderíamos ter prosseguido no intuito de chegar ao empate, um mal menor, um ponto importantíssimo numa guerra que ainda podemos ganhar. Porém, mais uma vez (e não é a primeira vez!) a infantilidade, associada a algum vedetismo arruinou qualquer esperança. O nosso jogador Freddy fez-se expulsar de forma inadmissível. Eu já sei que muitos dos que se intitulam belenenses acorreram a desculpar o seu gesto. Preferiram apontar para outros alvos, sempre na mesma direcção! Esses que o fazem são de outro clube, outro Belenenses que não tem nada a ver com o meu. O meu Belenenses está acima dos jogadores e das suas patetices.

Análise individual:

Matt Jones – exibição positiva resolvendo a contento os poucos lances em que teve que intervir. No golo estava um pouco adiantado mas o mérito é do avançado.

Geraldes – um dos melhores. Bateu-se bem, criou grandes dificuldades a Gaitán, o melhor dos encarnados, e tentou sempre subir pelo seu corredor. Rápido de pernas, tem uma velocidade de execução e mental acima da média azul. Titular indiscutível.

Gonçalo Brandão – compensa a lentidão com alguma experiência mas os laterais modernos têm de ter outra desenvoltura.

João Meira – exibição nos limites, às vezes excede-se, desta vez não se excedeu. Foi a todas.

Kay – um pouco inseguro a defender, alguma dificuldade no domínio de bola, é no entanto o nosso mais perigoso ‘avançado’! No cômputo geral, uma boa exibição. Não fez falta, e quanto a mim bem, quando Gaitán arrancou isolado para o golo. Seria cartão vermelho (aos oito minutos de jogo!) porque depois dele só restava o guarda-redes. O lance é muito rápido mas quem tinha que fazer falta não era o Kay.

Danielsson – falta-lhe um segundo andamento, alguma trepidação mas a sua tarefa não era fácil. O miolo benfiquista dá cartas em todo o lado. Acabou substituído e tem que rever as indecisões – um passe menos preciso, para trás e para a terra de ninguém, poderia ter sido um sarilho.

Fernando Ferreira – mais concentrado do que o habitual, apenas uma peitaça mais arriscada poderia ter comprometido o seu trabalho. Cumpriu.

Filipe Ferreira – finalmente no seu lugar, vocacionado para a construção, abriu o jogo pelas faixas mas nunca perdeu o sentido das dobras na defesa. Uma exibição muito positiva.

Bruno China – discutiu muito jogo no nosso meio campo defensivo, é um jogador lúcido, mas o seu futebol parece-me algo travadinho. Sem alcance. Precisa de melhorar os índices físicos.

João Pedro – lutou muito, correu muito, mas esteve sempre longe da baliza adversária.

Tiago Caeiro – exibição útil e esforçada, ganhando muitos lances de cabeça aos defesas adversários. Na segunda parte marcou o golo do empate… que seria incrivelmente invalidado.

Freddy – já falei de Freddy, do seu gesto também incrível, mas quando entrou para jogar no meio, em apoio ao ponta de lança, o Belenenses tornou-se perigoso. E assim continuaria até ao momento da sua expulsão.

Tiago Silva – outro jogador que entrou muito bem no jogo! Determinado, mais humilde, o que é fundamental a partir de agora, deu sequência a alguns movimentos ofensivos que começavam a perturbar a estratégia de contenção benfiquista. Foi dele o passe/remate que esteve na origem do golo invalidado.

Rambé – entrou e levou logo com um cartão amarelo por simulação dentro da área. Mas bastaria ter tentado prosseguir com a bola para poder ter acontecido uma falta real caso o defesa benfiquista não se retraísse. São estas pequenas coisas, todas juntas e ao mesmo tempo, que fazem a diferença entre as equipas adultas e aquelas que dificilmente têm lugar na primeira divisão.
Para bom entendedor…


Saudações azuis