Contra este Benfica não se podem tirar muitas ilacções. Os
jogadores motivam-se mais, correm mais, e os treinadores, de uma maneira ou de
outra, fazem todos o mesmo: - a ordem é defender em todo o campo e espreitar o
contra-ataque. É assim com o Belenenses e práticamente com todas as outras
equipas nacionais, exceptuando o Porto. Foi isso que o Belenenses fez,
honestamente, e conseguiu chegar ao intervalo a perder apenas por um golo! É
verdade que abusou dos lançamentos longos, por alto, à procura de um ressalto
que permitisse um remate á baliza. E também é verdade que, com os jogadores
muito recuados, seria muito difícil aproveitar esses ressaltos. Que de facto
aconteceram porque Tiago Caeiro ganhou alguns lances às torres encarnadas.
Assim, na primeira parte, a única oportunidade para criar perigo resultou de
uma bola parada. Um livre bem marcado, ao segundo poste, que Kay quase ía
aproveitando.
Na segunda parte, como também é hábito, procurámos subir as linhas,
fizemos substituições a propósito, Freddy e Tiago e a coisa ía resultando! Só
não resultou ‘graças’ a um tremendo erro do fiscal de linha, que o árbitro
sancionou! Não fosse assim, o jogo ficaria empatado, os encarnados ficariam
nervosos, nós ficaríamos empolgados, e como já tínhamos entrado na recta final
da partida ninguém pode adivinhar o que iria acontecer! Mas não foi isto que
aconteceu. O critério nacional manteve-se, ou seja, na dúvida, a favor dos mais
fortes. E nem havia dúvida!
Ainda assim, poderíamos ter prosseguido no intuito de chegar
ao empate, um mal menor, um ponto importantíssimo numa guerra que ainda podemos
ganhar. Porém, mais uma vez (e não é a primeira vez!) a infantilidade,
associada a algum vedetismo arruinou qualquer esperança. O nosso jogador Freddy
fez-se expulsar de forma inadmissível. Eu já sei que muitos dos que se
intitulam belenenses acorreram a desculpar o seu gesto. Preferiram apontar para
outros alvos, sempre na mesma direcção! Esses que o fazem são de outro clube,
outro Belenenses que não tem nada a ver com o meu. O meu Belenenses está acima dos
jogadores e das suas patetices.
Análise individual:
Matt Jones – exibição positiva resolvendo a contento os
poucos lances em que teve que intervir. No golo estava um pouco adiantado mas o
mérito é do avançado.
Geraldes – um dos melhores. Bateu-se bem, criou grandes
dificuldades a Gaitán, o melhor dos encarnados, e tentou sempre subir pelo seu
corredor. Rápido de pernas, tem uma velocidade de execução e mental acima da
média azul. Titular indiscutível.
Gonçalo Brandão – compensa a lentidão com alguma experiência
mas os laterais modernos têm de ter outra desenvoltura.
João Meira – exibição nos limites, às vezes excede-se, desta
vez não se excedeu. Foi a todas.
Kay – um pouco inseguro a defender, alguma dificuldade no
domínio de bola, é no entanto o nosso mais perigoso ‘avançado’! No cômputo
geral, uma boa exibição. Não fez falta, e quanto a mim bem, quando Gaitán
arrancou isolado para o golo. Seria cartão vermelho (aos oito minutos de jogo!)
porque depois dele só restava o guarda-redes. O lance é muito rápido mas quem
tinha que fazer falta não era o Kay.
Danielsson – falta-lhe um segundo andamento, alguma
trepidação mas a sua tarefa não era fácil. O miolo benfiquista dá cartas em
todo o lado. Acabou substituído e tem que rever as indecisões – um passe menos
preciso, para trás e para a terra de ninguém, poderia ter sido um sarilho.
Fernando Ferreira – mais concentrado do que o habitual, apenas
uma peitaça mais arriscada poderia ter comprometido o seu trabalho. Cumpriu.
Filipe Ferreira – finalmente no seu lugar, vocacionado para
a construção, abriu o jogo pelas faixas mas nunca perdeu o sentido das
dobras na defesa. Uma exibição muito positiva.
Bruno China – discutiu muito jogo no nosso meio campo
defensivo, é um jogador lúcido, mas o seu futebol parece-me algo travadinho.
Sem alcance. Precisa de melhorar os índices físicos.
João Pedro – lutou muito, correu muito, mas esteve sempre
longe da baliza adversária.
Tiago Caeiro – exibição útil e esforçada, ganhando muitos
lances de cabeça aos defesas adversários. Na segunda parte marcou o golo do
empate… que seria incrivelmente invalidado.
Freddy – já falei de Freddy, do seu gesto também incrível,
mas quando entrou para jogar no meio, em apoio ao ponta de lança, o Belenenses tornou-se perigoso. E assim continuaria até ao momento
da sua expulsão.
Tiago Silva – outro jogador que entrou muito bem no jogo! Determinado,
mais humilde, o que é fundamental a partir de agora, deu sequência a alguns
movimentos ofensivos que começavam a perturbar a estratégia de contenção
benfiquista. Foi dele o passe/remate que esteve na origem do golo invalidado.
Rambé – entrou e levou logo com um cartão amarelo por
simulação dentro da área. Mas bastaria ter tentado prosseguir com a bola para
poder ter acontecido uma falta real caso o defesa benfiquista não se retraísse. São estas pequenas coisas, todas juntas e ao mesmo tempo, que fazem a diferença
entre as equipas adultas e aquelas que dificilmente têm lugar na primeira
divisão.
Para bom entendedor…
Saudações azuis