terça-feira, março 11, 2014

Hegemonias e tendências

Azuis, azuis e brancos, verdes e encarnados, os chamados quatro grandes, foi uma das matrizes do futebol luso, e talvez a mais duradoura. Com o declínio dos azuis do Restelo, e com o centro das decisões a rumar a norte, existiram algumas tentativas para reconstituir aquele quarteto com clubes nortenhos. Assim, Guimarães, Boavista e mais recentemente o Braga, têm sido candidatos (recorde-se que o Boavista ganhou inclusivé um campeonato) mas a verdade é que nenhum deles conseguiu consolidar essa posição. Até porque os dinheiros europeus têm vindo a reduzir aquela matriz aos dois lugares que dão normalmente acesso à Liga dos Campeões. Lugares quase cativos de Porto e Benfica.
E fica traçada a história das hegemonias do futebol luso. E a pergunta que se impõe é:

Mas como será daqui para a frente?!

A tentação seria considerar a realidade que hoje vivemos como eterna. Considerando eternas quer a união europeia, quer a actual omnipresença da UEFA. E daqui poderíamos partir fácilmente para uma sonhada super-liga europeia, onde caberiam, no máximo, dois clubes portugueses. Os outros, cada vez com menos adeptos, haveriam de se entreter em competições mais ou menos ruinosas. Diga-se que este é o cenário preferido da grande maioria dos nossos opinadores.

Outro cenário menos idílico, talvez mais realista, seria olharmos para os nossos bolsos vazios, para as dívidas monumentais da maioria dos clubes, para a carestia de vida que rápidamente se aproxima, já sem falar na hipótese (académica por enquanto) de um desmembramento da união europeia, vítima, por exemplo, de um qualquer episódio ucraniano.
Nestas condições muito teríamos a ganhar se pensássemos em fortalecer o campeonato nacional, tornando-o mais rentável, ou seja, mais competitivo, em lugar de continuarmos a depender quase exclusivamente dos fundos uefeiros. Fundos esses, que tal como os da união europeia podem um dia não vir. E mesmo que venham por mais algum tempo, já todos percebemos que se trata de um presente envenenado. Pelo menos para os clubes portugueses.
Em boa verdade, aqueles que não os recebem, não conseguem competir com aqueles que os recebem, e assim se desvaloriza o nosso campeonato nacional. Mas não é menos verdade que aqueles que os recebem estão cada vez mais arruinados! Correm atrás de uma miragem – ser campeão europeu de clubes – mas para isso têm que vender à concorrência, todos os anos, os seus melhores jogadores.

Uma verdadeira quadratura do círculo.


Saudações azuis