Com a consideração que me merece, e embora reconhecendo o
esforço feito para reduzir o passivo, custa-me ver o presidente do Belenenses
reduzido a presidente das modalidades! Ou então de projectos que se vão
repetindo e pouco têm a ver com uma equipa de futebol competitiva. Dir-se-á que
isso é com a SAD e eu fico na mesma, ou seja, frustrado.
Explico:
Os adeptos não vivem de requalificações, complexos
desportivos, pavilhões polivalentes, esse discurso é interessante mas interessa
apenas àquela minoria que passa a vida no clube como se o clube fosse uma tasca
ou um quiosque onde se compra o jornal todos os dias. Essa ideia de clube
recreativo é medíocre e nefasta ao Belenenses. É a carroça à frente dos bois.
Outra ideia nefasta é a presunção de obter receitas fora da
indústria do futebol, quer seja em arrendamentos ou concessões de terrenos para
actividades que nada têm a ver com a prática desportiva. E aqui abro um parêntesis
para repetir: - na fase de penúria e quase eclipse em que nos encontramos, ter
outras modalidades para além do futebol, é um luxo. Nesse sentido só deveríamos
manter aquelas que possam exibir-se num nível competitivo aceitável. Para bom
entendedor…
Nada evidentemente contra as escolas e a formação das modalidades
com tradição no Clube. Desde que, também evidentemente, esteja salvaguardada a
formação do futebol.
Mas voltando às receitas geradas por outros negócios nada
melhor do que o exemplo do Bingo! Parecia a galinha dos ovos de oiro, era o
melhor Bingo de Lisboa, mas esse facto não impediu o contínuo afundamento do
Clube. Mais, acrescentou vícios de gestão que nunca mais o abandonaram.
Resultado: - as receitas do futebol passaram para segundo plano, as do Bingo
eram boas e certas e não estavam dependentes das vitórias. E o que era bom
tornou-se lentamente um veneno. Aconteceu também noutros clubes. É verdade, e
também se afundaram.
As piscinas foi outra miragem: - outra mina de oiro em perspectiva!
E tinha a vantagem, diziam, de transformar os nadadores em sócios do Belenenses.
O pior é que os ditos sócios, quando se tratava de futebol, não frequentavam o
Restelo, mas sim a Luz e Alvalade. Não seria assim se tivéssemos uma equipa de
futebol competitiva mas isso deixou de ser vital para as sucessivas Direcções
que passaram pelo Clube. Reparem que eu usei a palavra ’vital’.
Finalmente os adeptos que se afastaram. Eles só regressarão
quando o Belenenses regressar àquilo que foi. Ou pelo menos, quando sentirem
fortes sinais de que isso pode vir a acontecer. De contrário, vai ser sempre
pior. Pode o estádio estar sempre aberto, requalificado ou não, em não havendo
vitórias, estará sempre deserto.
Saudações azuis